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África do Sul: CICV ajuda a Cruz Vermelha local na resposta à violência urbana

29-05-2008 Entrevista

A violência estourou em assentamentos informais e vilas nas proximidades da província de Gauteng, na região central da África do Sul, em 11 de maio de 2008. Os ataques foram dirigidos principalmente contra os estrangeiros vindos de Moçambique e Zimbábue. Desde então, a violência já se espalhou para outras províncias, deixando dezenas de milhares de deslocados e mais de 50 mortos.

     

 
   
Catherine Gendre, chefe da delegação regional do CICV na África do Sul 
         

A Sociedade da Cruz Vermelha Sul-Africana (SCVSA) entrou em ação imediatamente para ajudar as vítimas. Nesta entrevista, Catherine Gendre, chefe da delegação regional do CICV na África do Sul, conta que o CICV está ajudando nas atividades de apoio a SCVSA no que for preciso.

  Como está a situação humanitária desde o início da violência?  

     

Inicialmente a onda de violência ficou concentrada na Província de Gauteng, com alguns deslocados após os dois primeiros dias. Depois a violência, que incluiu ataques contra indivíduos, saques e estupros, se espalhou para vilarejos próximos, assentamentos informais e outras províncias. Os números atuais que temos, após mais atos violentos no último fim de semana, são de mais de 35 mil pessoas deslocadas, cerca de 50 mortos e mais de 550 feridos.

     

©Reuters / S. Sibeiko 
   
Mulheres fugindo do assentamento informal no Reiger Park  
         

Os deslocados foram obrigados a fugir de suas casas tão rápido que a maioria deles não teve tempo de levar nenhum pertence pessoal consigo e estão completamente destituídos de comida, abrigo ou acesso a cuidados básicos. O mais terrível seja talvez que eles perderam a esperança de poder voltar para casa. Muitos deles, provavelmente, terão de voltar diretamente para seus países de origem nos próximos dias e semanas. Sabe-se que entre 30 mil e 50 mil já tomaram o ônibus de volta para Moçambique, Malawi e Zimbábue.

Aparentemente, as pessoas deslocadas na província do Cabo estão se mudando para a de Gauteng; portanto, é provável que haja um influxo populacional nos próximos dias. A SCVSA está sempre elaborando estimativas de terreno e nos atualiza sobre a situação e as necessidades.

  O que o CICV já pôde fazer para ajudar as pessoas afetadas?  

     

O CICV está trabalhando em parceria com a Sociedade da Cruz Vermelha Sul-Africana para responder à situação. Apoiamos o trabalho desta organização levando assistência aos deslocados, principalmente na província de Gauteng, fornecendo gêneros domésticos de primeira necessidade. Isto inclui 15 mil cobertores e tendas para abrigo.

O início do inverno e as fortes chuvas dificultam a situação para os deslocados e a situação pode piorar com o passar do tempo. Faz frio e eles não têm abrigo ou um lugar para voltar. Nos próximos dias e semanas, mais gêneros de ajuda serão fornecidos para a SCVSA. Os deslocados mais vulneráveis receberão ajuda de emergência, de acordo com as necessidades de cada um. O trabalho de avaliação será feito cuidadosamente pela Cruz Vermelha local.

     

©Reuters / S. Sibeiko 
   
As pessoas buscam por refúgio na prefeitura de Germiston, perto de Joanesburgo  
         

Além disso, o CICV está ajudando a SCVSA a restabelecer o contato entre familiares que ficaram separados pela onda de violência. Algumas pessoas perderam o contato com seus parentes durante a fuga. Precisamos ajudá-los a se reencontrar. Também estamos ampliando a capacidade da SCVSA para lidar com a crise, treinando voluntários para restabelecer contato entre familiares e para agir com mais segurança em áreas predispostas à violência. Estamos em alerta para fornecer a ajuda necessária, a fim de melhorar a situação dos mais vulneráveis entre os deslocados.

  O que acontecerá agora?  

     

No momento, a prioridade é conseguir suprimentos para os mais vulneráveis. Mas em longo prazo, sabemos que há dezenas de milhares de pessoas que foram expulsas de casa pela violência, a maioria delas estrangeiras. Muitas tiveram de fugir com poucos pertences. Elas literalmente correram para salvar a vida. Mesmo se a situação se acalmar nos próximos dias, vão necessitar de ajuda por várias semanas, já que muitas perderam casa, emprego e pertences. Apoiaremos a Cruz Vermelha Sul-Africana em um esforço conjunto com a Federação Internacional da Cruz Vermelha e as Sociedades do Crescente Vermelho na tentativa de ajudar no que for possível.

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