Novo apelo para operações do CICV com carência de fundos

20-09-2013 Coletiva de imprensa

Algumas das operações do CICV em conflitos prolongados e menos conhecidos atualmente carecem de recursos. Nesta coletiva de imprensa em Genebra, Pierre Krähenbühl, o diretor de Operações do CICV, explicou as possíveis causas e descreveu que tipo de recursos o CICV espera dos seus doadores para preencher esta lacuna.

 

 

 

Operações com carência de fundos:

De quanto precisamos até o final de 2013 - em francos suíços

- Iraque - 32,8 milhões

- Sudão do Sul - 24,9 milhões

- Rep. Dem. do Congo -  10 milhões

- Colômbia - 26,7 milhões

 

Em que gastamos o nosso orçamento:

 

  • Colômbia: enviamos unidades móveis e prevenimos a violência contra os profissionais de assistência à saúde.
  • Rep. Dem. do Congo: financiamos os centros de aconselhamento para vítimas de estupro
  • Sudão do Sul - prestamos assistência cirúrgica emergencial às pessoas feridas durante a violência armada
  • Iraque - visitamos detidos em mais de 50 estabelecimentos

 

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Captação de recursos

O orçamento geral de 2013 do CICV para as operações no terreno é de 1,042 bilhão de francos suíços. O Comitê Internacional começou o ano com um orçamento no terreno que foi aprovado em aproximadamente 990 milhões de francos suíços. A isso, acrescentamos extensões de orçamentos que totalizam 150 milhões de francos suíços para atender as crescentes necessidades em países como a Síria.

A organização busca mobilizar 137 milhões adicionais para cobrir o orçamento no terreno na totalidade. Krähenbühl destacou que este número não é um déficit, mas simplesmente o montante que ainda precisamos arrecadar para atender as necessidades das operações que carecem de recursos até o final de 2013.

“Há um determinado número de operações que ainda carecem de recursos, como Iraque, Sudão do Sul, Colômbia e Israel e Territórios Ocupados”, disse Krähenbühl.

Tendências gerais nos primeiros nove meses de 2013

Ataques generalizados contra a prestação de assistência à saúde

O número de ataques deliberados contra os profissionais de assistência à saúde, as instituições de assistência à saúde, ambulâncias, equipes e voluntários das organizações da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho continuou aumentando. A Síria se tornou um símbolo desses ataques generalizados.

O CICV tenta não somente melhorar a resposta ao problema, mas também chamar a atenção pública por meio de uma comunidade de interesse e de outras organizações humanitárias para mobilizar os estados no que se refere às suas responsabilidades de garantir a prestação segura de assistência à saúde em zonas de conflito.

Violência sexual

O CICV se concentra em melhorar a sua resposta à prevalência generalizada da violência sexual em conflitos armados. O impacto sobre as vítimas é quase sempre menosprezado. Organizações humanitárias como o CICV têm uma grande responsabilidade para melhorar a forma de documentar os ataques e então proporcionar apoio físico e psicológico de que as vítimas de estupro ou de violência sexual precisam.

O desafio de negociar o acesso às pessoas necessitadas em contextos altamente polarizados

Os ambientes de trabalho para o CICV, seus parceiros e outros atores humanitários estão cada vez mais afetados pela alta fragmentação em conflitos armados e pela multiplicidade de grupos armados. Por exemplo, quando colegas viajam de Damasco a Aleppo, na Síria, há entre 50 e 60 postos de controle em todo o caminho. Essas limitações multiplicam o número de pessoas pertencentes a diversos grupos com as quais a organização precisa conversar no terreno - que variam de forças armadas organizadas a grupos não estatais pouco estruturados.

Síria

“O foco atual no uso de armas químicas, embora justificado e legitimado, não deve ofuscar a situação extremamente dramática da população síria decorrente do uso de armas convencionais, que tem efeitos drásticos sobre centenas de pessoas todos os dias”, disse Krähenbühl.

 

Pierre Krähenbühl disse que o CICV acolhe com satisfação as negociações que levaram ao acordo sobre as armas químicas. O fato de a ONU ter confirmado o uso de armas químicas no país causa grande preocupação para o CICV, já que isto está relacionado com um tipo de arma que está especificamente proibida segundo as leis internacionais. O DIH também proíbe o seu uso muito explicitamente.

“O foco atual no uso de armas químicas, embora justificado e legitimado, não deve ofuscar a situação extremamente dramática da população síria decorrente do uso de armas convencionais, que tem efeitos drásticos sobre centenas de pessoas todos os dias”, disse Krähenbühl.

Outras preocupações incluem alvejar constantemente os estabelecimentos médicos e a falta de acesso seguro para as equipes médicas às populações mais necessitadas, assim como a questão do acesso a regiões do país que estão, no momento, isoladas.

Por outro lado, uma boa notícia: o CICV chegou a milhões de pessoas por meio do seu projeto de água.

“Consertamos os sistemas e as redes de abastecimento, instalamos geradores para assegurar que a água chegue à população necessitada e fornecemos água para inúmeros lugares onde as pessoas deslocadas estão se abrigando. Também duplicamos a quantidade de alimentos distribuídos desde o início do verão, junto com os nossos colegas do Crescente Vermelho Árabe Sírio”, disse Krähenbühl.

A assistência médica, mais uma vez em um tópico relacionado com as diversas limitações impostas à ação médica, não está chegando às pessoas que deveriam chegar, nem à quantidade de pessoas que deveria atender. Além disso, as visitas aos detidos ainda não puderam ser iniciadas como deveriam, apesar do compromisso das mais altas esferas do governo sírio.

Algumas operações que carecem de recursos

Iraque

É impressionante ver o aumento nos níveis de violência no Iraque – tanto como resultado da dinâmica interna e das polarizações regionais. O Iraque continua sendo uma grande operação que não está recebendo o mesmo nível de atenção que outros conflitos.

Atividades que o CICV realiza atualmente no Iraque:

  • resposta emergencial aos chamados “eventos com vítimas em massa”, como por exemplo carros-bombas ou áreas especialmente alvejadas – apoio material e vital aos hospitais;
  • ajuda às pessoas que vivem nas zonas rurais a fortalecerem os seus meios de subsistência;
  • visita a cerca de 24 mil detidos em todo o país;
  • ajuda para localizar e retornar os restos mortais relacionados com o conflito entre Irã e Iraque (1980-1988).

Sudão do Sul

O Sudão do Sul sofre o impacto acumulativo das tensões na fronteira entre o Sudão e Sudão do Sul e a chegada de refugiados do Sudão ao Sudão do Sul. No último verão (do hemisfério norte), houve um aumento nos confrontos armados e na violência interétnica no estado de Jonglei. Como é uma região remota, é necessária a mobilização de helicópteros e outros meios para transportar equipes de emergência, em particular, para poderem localizar as pessoas feridas e garantir que tenham o atendimento cirúrgico adequado.

Até o momento, o CICV:

  • posicionou três equipes cirúrgicas na região de Jonglei;
  • tratou e operou dezenas de feridos nos hospitais montados pela organização;
  • ajudou a proteger o capital das famílias por meio do apoio aos seus meios de subsistência com, por exemplo, programas de vacinação animal – 120 mil animais já foram vacinados até o momento este ano;
  • visitas aos detidos, uma atividade que continuará sendo importante no Sudão do Sul.