República Democrática do Congo: rápida ação em Goma ajuda os feridos e a população em geral

23-11-2012 Relatório de operações

Depois dos recentes confrontos que sacudiram a cidade de Goma e arredores em Kivu do Norte, na República Democrática do Congo (RDC), o comércio e os transportes públicos gradualmente voltam ao normal nos últimos dois dias. A calmaria proporcionou ao CICV, que trabalha de perto com a Cruz Vermelha da RDC, uma oportunidade para medir a escala das necessidades da população e prestar assistência emergencial. Vídeo em inglês.

"Muitas pessoas foram feridas, enquanto que as milhares de outras que foram obrigadas a fugir das suas casas para ir a Goma estiveram vários dias sem ajuda", disse o chefe da subdelegação do CICV na cidade, Frédéric Boyer. Embora a situação tenha se estabilizado de certa forma em Goma, o CICV está preocupado com as pessoas que vivem em outras áreas afetadas pela violência, em particular no oeste do país (em Sake e Minova) e em Kisangani, Bunia e Bukavu, onde a violência eclodiu em paralelo a marchas e manifestações.

"A linha de frente está mudando e novas comunidades estão sendo afetadas pelo conflito em Kivu do Norte e do Sul", disse Boyer. "Outras pessoas estão vivendo sob o medo de serem encurraladas em meio ao conflito a qualquer momento."

O CICV lembra todas as partes envolvidas no conflito que elas têm o dever de poupar e proteger a população civil sempre. "Os civis e os combatentes feridos estão morrendo em decorrência dos seus ferimentos", disse o chefe da delegação do CICV na RDC, Franz Rauchenstein. "Todas as pessoas doentes ou feridas têm direito à assistência médica. Elas devem ser poupadas e protegidas, assim como os estabelecimentos e os profissionais de assistência à saúde. E o emblema da cruz vermelha deve ser respeitado", reforçou.

De volta à sala de operações

Com base em uma avaliação inicial, cerca de 80 pacientes feridos de guerra foram identificados na quarta-feira e na quinta-feira em dois hospitais de Goma. Metade desses pacientes foi ferida no último confronto, aumentando o pesado fardo nos hospitais, que também estão atendendo as pessoas feridas antes dos últimos surtos de violência, na semana anterior. A equipe cirúrgica do CICV operou quatro pacientes feridos de guerra e retomou as operações em ritmo ininterrupto no hospital N'Dosho, em Goma, onde trabalha junto da equipe local. Desde quarta-feira, o CICV entrega remédios e outros materiais médicos para esse hospital, assim como 28 mil litros de água potável.

O hospital militar de Katindo, em Goma, também recebeu remédios, materiais médicos e combustível para reiniciar os geradores que fornecem energia para os equipamentos de raios-X e esterilização. A equipe do CICV também visitou pacientes no hospital e avaliou a atual capacidade de atendimento do estabelecimento. Dois outros hospitais também estão sendo avaliados.

O CICV decidiu reforçar a sua equipe médica no terreno de modo a apoiar os hospitais. O cirurgião-chefe do CICV, que está baseado em Genebra, acaba de chegar a Goma.

Em Bukavu, Kivu do Sul, o CICV mantém o seu apoio aos estabelecimentos de assistência à saúde na região ao levar ao hospital as pessoas feridas nos últimos confrontos.

Fornecimento de água e combustível

À luz do fluxo de pessoas deslocadas que chegam a Goma, a equipe do CICV entregou 85 mil litros de água aos abrigos temporários, incluindo o campo de trânsito de Dom Bosco, onde menores desacompanhados e sete mil pessoas deslocadas buscaram refúgio.

Também se forneceu combustível para as estações de bombeamento em Goma. Duas das três estações de bombeamento voltaram a funcionar agora, desta maneira restabelecendo o abastecimento de água para a maior parte da cidade.

Trabalho conjunto com a Sociedade Nacional da Cruz Vermelha

O CICV está trabalhando de perto com a Sociedade Nacional da Cruz Vermelha da República Democrática do Congo. Nos últimos dois dias, graças ao trabalho conjunto dos voluntários da Sociedade Nacional e da equipe do CICV, 60 menores desacompanhados foram cadastrados. Os esforços para buscar as suas famílias já estão sendo realizados.

Uma equipe da Sociedade Nacional, com o apoio do CICV, recolheu e registrou os restos mortais de 60 pessoas que morreram em Goma.

O CICV está presente na RDC desde 1978 e nas províncias de Kivu do Norte e do Sul, desde 1994. A organização se esforça para fomentar o cumprimento do Direito Internacional Humanitário no que se refere ao tratamento aos civis e aos detidos, e ajuda as pessoas afetadas pelo conflito armado e por outras situações de violência.

Mais informações:

Annick Bouvier, CICV Kinshasa, tel: + 243 81 700 85 36
Marie-Servane Desjonquères, CICV Genebra, tel: +41 22 730 31 60 ou +41 536 92 58