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Relatório Anual de 2013: uma forte resposta às crises complexas

14-05-2014 Comunicado de imprensa 14/81

Genebra (CICV) – Os efeitos devastadores das crises agudas que surgiram no final de 2013 no Sudão do Sul e na República Centro-Africana ainda são sentidos. O conflito na Síria ganhou proporções catastróficas, com implicações graves para toda a região. No Afeganistão, Israel e territórios ocupados, República Democrática do Congo, Somália e outros países, um grande número de civis continua sofrendo os efeitos de conflitos armados prolongados. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) se esforçou durante todo o ano de 2013 para organizar uma resposta efetiva para essas e outras situações complexas, e para chegar a um número de pessoas necessitadas superior a anos anteriores.

“Durante todo o ano, enfrentamos a crescente complexidade dos conflitos armados, o quase sempre desastroso custo humano da violência, somado aos desastres naturais e às crises socioeconômicas subjacentes, e as dificuldades enfrentadas pelas organizações humanitárias na tentativa de atender as múltiplas necessidades das pessoas afetadas”, disse o Presidente do CICV, Peter Maurer, durante uma coletiva de imprensa em Genebra para a apresentação do relatório anual da organização. “O CICV concentrou o seus esforços na expansão do acesso às pessoas necessitadas e em encontrar novas formas de superar os impedimentos à sua ação humanitária neutra, imparcial e independente”.

 

Apesar das inúmeras limitações na Síria, o CICV junto com o Crescente Vermelho Árabe Sírio distribuiu alimentos e utensílios domésticos a milhões de pessoas, a maioria das quais havia fugido das suas casas. Estima-se que 80 por cento da população tenha tido acesso à água potável depois que os agentes locais responsáveis por recursos hídricos foram equipados pelo CICV, que entregou material para o tratamento de água, peças de reposição, bombas hidráulicas e geradores.
 

O norte do Mali e a Somália continuaram dando exemplos contundentes das fortes consequências humanitárias da crise alimentar combinadas com a insegurança crônica e com os confrontos, e das limitações ao acesso humanitário. “A equipe do CICV no terreno manteve ao máximo a sua proximidade com as pessoas necessitadas e obteve acesso a outras. Muitas vezes, estavam entre os únicos profissionais humanitários presentes no terreno”, disse Maurer.
 

Conquistar a confiança e a assegurar a aceitação entre todas as partes interessadas – principalmente por meio do diálogo bilateral e confidencial – continuou sendo crucial. “Por exemplo, foi assim que o CICV pôde retomar em 2013 as visitas às pessoas detidas no Mianmar e obteve um maior acesso às pessoas detidas no Barein, Etiópia, Nigéria e Somália”, disse Maurer.
 

No entanto, os desafios inerentes ao seu enfoque estiveram sempre presentes, sobretudo em termos de riscos para a segurança. O ataque contra a subdelegação de Jalalabad no Afeganistão em maio, que causou a morte de um colaborador e feriu outro, foi um exemplo. Outro foi a morte de mais voluntários do Crescente Vermelho Árabe Sírio – um parceiro-chave do CICV. No final de 2013, o número de voluntários mortos desde o início do conflito nesse país subiu para 33. A ameaça de sequestro pairou sobre um número ainda maior de profissionais humanitários: três colaboradores do CICV sequestrados da Síria ainda não foram liberados.
 

A cooperação com as Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, sobretudo com as parcerias operacionais nas quais milhares de voluntários da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho trabalharam lado a lado com as equipes do CICV, desempenharam um papel vital nas atividades do CICV. Tal cooperação permitiu que o Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho organizassem uma forte resposta – na Colômbia, República Democrática do Congo, República Centro-Africana e Mianmar, por exemplo; em alguns casos, as equipes médicas das Sociedades Nacionais foram enviadas para reforçar as operações do CICV, como foi o caso nas Filipinas depois do tufão Haiyan.
 

As atividades relacionadas com saúde continuam tendo importância vital para o CICV. Cerca de 8,2 milhões de pessoas se beneficiaram com essas atividades em 2013. Em Jonglei, Sudão do Sul, três equipes cirúrgicas do CICV foram enviadas em diversas ocasiões para ajudar a tratar as centenas de pessoas feridas por causa da violência; e em Kandahar, sul do Afeganistão, o CICV continuou prestando apoio ao Hospital Mirwais, o maior estabelecimento de saúde especializado em cirurgias em massa na região, atendendo a mais de cinco milhões de pessoas.
 

O CICV também continuou abordando, em todos os níveis, o sério, porém pouco divulgado, problema de violência contra as pessoas que prestam ou recebem assistência à saúde, com muitas delegações recolhendo informações sobre incidentes relatados e apresentando os relatos diretamente a quem supostamente cometeu os atos. Entre janeiro de 2012 e julho de 2013, mais de 1,4 mil incidentes dessa natureza foram relatados em pelo menos 23 países; mais de 90% afetaram diretamente os profissionais de assistência à saúde (privada ou pública), e 14% foram relacionados com as Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. Em paralelo, oficinas e consultas reuniram especialistas e profissionais de assistência à saúde e membros das forças armadas para discutir diversas questões relacionadas com o assunto.
 

O CICV reforçou o seu compromisso para abordar tanto as causas como os efeitos da violência sexual em conflitos armados. “A violência sexual é um crime particularmente brutal que tem consequências devastadoras para as vítimas e as suas famílias e para toda a comunidade”, disse Maurer. Nos próximos quarto anos, o CICV aprimorará e ampliará o atendimento à saúde, a conscientização, a assistência e outras atividades que realiza relacionadas com esse tipo de violência.
 

O CICV respondeu com intensidade conforme estabelecido no seu orçamento inicial de 988,7 milhões de francos suíços (CHF) para o Apelo para Fundos de Emergência 2013 e em oito extensões, durante o ano, totalizando 1,045 bilhão de francos (aproximadamente 1,128 bilhão de dólares americanos). A organização distribuiu alimentos para 6,8 milhões de pessoas e mais de 28,7 milhões de pessoas se beneficiaram com os projetos de água, saneamento e construção do CICV.

 

Mais informações:
Anastasia Isyuk, CICV Genebra, tel: +41 22 730 30 23 ou +41 79 251 93 02; Twitter @AIsyukICRC
Dorothea Krimitsas, CICV Genebra, tel: +41 22 730 25 90 ou +41 79 251 93 18