República Centro-Africana: levando ajuda emergencial antes que a chuva chegue

31-05-2013 Relatório de operações

Com a temporada de chuva se aproximando, o CICV distribuiu alimentos e sementes e está trabalhando para que as pessoas tenham acesso à assistência à saúde.

Sem o restabelecimento da segurança em Bangui, a já difícil vida dos habitantes de outras partes do país piorou consideravelmente nos últimos cinco meses. Uma simples saída doméstica, como ir à escolar, a um centro de saúde, aos campos cultivados ou aos mercados se tornou mais difícil. Com a temporada de chuva se aproximando, o CICV distribuiu ajuda emergencial e está organizando equipes médicas móveis em algumas comunidades rurais no centro e no norte do país desde 18 de maio.
 

“Algumas famílias não têm reservas de grãos, pois estas foram roubadas ou destruídas durante os atos de violência. Outras não podem trabalhar nas suas lavouras, as quais tiveram de deixar para trás quando fugiam do tumulto”, disse o chefe da delegação do CICV na República Centro-Africana, Georgios Georgantas. “Devemos levar em consideração que a situação dessas pessoas se complicará ainda mais com a chegada das chuvas, o que dificultará o trânsito de pessoas durante os próximos quatro meses”.
 

“Chegar aos lugares para onde as pessoas fugiram, na selva, longe de tudo, apesar dos perigos presentes no caminho, é um desafio diário”, disse Georgantas. “Felizmente, a incipiente melhora nas condições de segurança que foram observadas nos últimos dias ao logo das principais estradas nos permite chegar aos lugares onde essas pessoas estão. Dado o escopo das suas necessidades, no entanto, isso ainda está longe de ser suficiente”.
 

Em Ndélé e em cidades próximas a Kaga-Bandoro, será distribuída ajuda alimentar - que consiste de milho, niébé (um tipo de feijão), óleo de cozinha e sal - para quase 20  mil pessoas suficiente para um mês. Serão distribuídas também sementes de amendoim, gergelim e sorgo, junto com ferramentas agrícolas, de modo a ajudá-las a retomar as atividades agrícolas.
 

Mais de 250 famílias que recentemente perderam as suas casas receberão artigos básicos para ajudá-las a se recuperarem. Entre outras coisas, receberão roupas, cobertores, mosquiteiros, lonas e sabão – artigos simples que se tornaram muito preciosos para as famílias que não têm nada.
 

“O acesso à assistência piorou consideravelmente na cidade de Kaga-Bandoro e a situação é ainda mais grave nas zonas remotas do município de Nana-Gribizi” disse Georgantas. “Há mulheres dando à luz na selva. Há homens, mulheres e crianças morrendo em decorrência de doenças de pouca gravidade por falta de tratamento”.
 

Com o apoio do CICV, os profissionais de saúde locais podem agora chegar às pessoas que se assentaram ao longo das trilhas que conectam as cidades de Kaga-Bandoro, Mbrès, Ouandago e Dissikou, e lhes prestam assistência à saúde essencial.
 

Em paralelo, os voluntarios da Cruz Vermelha Centro-Africana, juntos com o CICV, continuam prestando primeiros socorros às vítimas de violência armada e transferindo as pessoas com ferimentos mais graves para estabelecimentos de saúde que funcionam na capital e nas províncias.
 

Desde que Bangui foi sacudida pela violência armada no final do mês de março e, sobretudo, após a interrupção dos serviços públicos, o acesso dos habitantes aos serviços básicos foi reduzido consideravelmente.
 

O CICV levou 190 toneladas de produtos para o tratamento da água de Camarões, e agora a rede de distribuição de água potável da capital funciona de forma adequada.
 

Desde o dia 23 de março:
 

  • Quase 800 vítimas receberam primeiros socorros por parte de profissionais de emergência da Cruz Vermelha Centro-Africana;
  • Mais de 200 das vítimas com ferimentos mais graves foram encaminhadas a estabelecimentos médicos em Bangui e nas províncias;
  • O CICV continua com o seu diálogo com as autoridades no que se refere à necessidade de defender os princípios humanitários quando se relacionam com os civis e os detidos;
  • Em Birao, extremo norte do país, foi dado início a um projeto de prevenção contra a malária. Além disso, o acesso à água continua melhorando com a reforma ou a perfuração de seis poços.
  • O CICV mantém a sua presença em Bangui, Kaga-Bandoro, Ndélé e Birao, e no sudeste do país (Moki, Obo, Rafaï e Zemio).

Mais informações:
Vincent Pouget, CICV Bangui, tel: +237 94 202 493 ou +236 75 64 30 0
Marie-Servane Desjonquères, CICV Genebra, tel: +41 22 730 31 60 ou +41 79 536 92 58

Foto

Nana Outa, maio de 2013. Distribuição de alimentos e sementes realizada pelo CICV para 162 famílias deslocadas. 

Nana Outa, maio de 2013. Distribuição de alimentos e sementes realizada pelo CICV para 162 famílias deslocadas.
© CICV / R. Bekourou

Nana Outa, maio de 2013. Voluntários da Cruz Vermelha Centro-Africana e equipe do CICV distribuem alimentos, óleo de cozinha e sementes para as famílias antes da chegada da temporada de chuvas. 

Nana Outa, maio de 2013. Voluntários da Cruz Vermelha Centro-Africana e equipe do CICV distribuem alimentos, óleo de cozinha e sementes para as famílias antes da chegada da temporada de chuvas.
© CICV / R. Bekourou

Nana Outa, maio de 2013. Mulheres fazem fila para receber rações alimentares suficientes para um mês. 

Nana Outa, maio de 2013. Mulheres fazem fila para receber rações alimentares suficientes para um mês.
© CICV / R. Bekourou

Nana Outa, maio de 2013. Voluntários da Cruz Vermelha Centro-Africana e equipe do CICV se preparam para começar a distribuição de alimentos, óleo de cozinha e sementes para as famílias deslocadas. 

Nana Outa, maio de 2013. Voluntários da Cruz Vermelha Centro-Africana e equipe do CICV se preparam para começar a distribuição de alimentos, óleo de cozinha e sementes para as famílias deslocadas.
© CICV / V. Pouget