O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) reabilitou a rede de abastecimento d'água na cidade de São Domingos, Guiné-Bissau

São Domingos, Fevereiro de 2008.

Quinta feira é dia de mercado semanal para os habitantes desta pequena cidade do norte da Guiné Bissau. O movimento atarefado das mulheres no mercado quase faz esquecer que a cidade de São Domingos, na fronteira entre a Guiné Bissau e o Senegal, se situa numa zona sensível durante os conflitos do passado. Em consequência do conflito que assolou o pais em 1998, a cidade de São Domingos ficou privada de electricidade e dum bem mais precioso... a água potável. A rede de distribuição de água que alimentava a cidade deixou de funcionar.

Para além de se verem privados de água potável, os habitantes viram também uma alteração dos seus hábitos sociais. Tradicionalmente, os fontanários espa lhados pela cidade eram locais de convívio. As mulheres aproveitavam o momento em que iam buscar água para se encontrarem umas com as outras. Sem água a correr das torneiras, os fontanários perderam também a sua função de pólo de atracção social e foram abandonados.

Para marcar a sua presença na região, em resposta a uma solicitação das autoridades, o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) iniciou os trabalhos de reabilitação da rede de abastecimento de água nesta cidade de 3.000 habitantes. O CICV recuperou um depósito de 10'000 litros de capacidade, abastecido por um furo de água e alimentado por um gerador. Este sistema fornece água de melhor qualidade que os poços tradicionais a uma dezena de fontanários espalhados pela cidade. Graças à intervenção do CICV o acesso à agua canalizada foi restabelecido, contribuindo assim para para a erradicação de certas doenças de pele e diarreicas.

O Administrador da Cidade está empenhado na criação de uma associação que deverá assegurar a gestão e o bom funcionamento deste sistema. Num futuro próximo, o CICV pretende trocar o gerador que foi agora instalado por um sistema de painéis solares, por forma a dotar o sistema de mais autonomia e de um melhor desempenho em termos ecológicos. As autoridades administrativas e locais, a Cruz Vermelha de S. Domingos, ONG e Agrupamentos das Mulheres assistiram à abertura das torneiras depois de quase 10 anos sem água.

Georgette esteve presente na inauguração. Nasceu em São Domingos em finais dos anos 50. Durante a guerra de libertação, teve de se refugiar com a sua familia no Senegal. Regressou a S. Domingos após a independência, mas durante o conflito poliítico-militar de 1998 teve que fugir novamente. Quando regressou à sua pequena cidade teve que se adaptar à falta de àgua.

Desde 1998 esta " artesã amadora " de desenho e pintura de panos tradicionais viu-se obrigada a usar a água dos poços tradicio nais. Durante a estacao seca, os poços ficam sem àgua. Georgette tem que usar a água que conserva durante longas semanas nos " potes de barro " e que acaba por ficar com uma cor acastanhada.

Georgette não esconde a alegria que todos partilham: " Vocês nos trouxeram a saúde " .