Chade - boletim do CICV N°. 01 / 2006
15-12-2006 Relatório de operações N° 01/2006
Último relatório das operações do CICV no terreno.
A situação
Houve confrontos periódicos entre o Exército chadeano e grupos oposicionistas armados ao longo deste ano. O mais digno de nota foi um ataque rebelde malsucedido em N’Djamena em 13 de abril, que culminou com um ataque a Abéché desfechado pela União das Forças para a Democracia e o Desenvolvimento (UFDD) em 24 de novembro.
A última explosão de violência deixou muitos mortos e feridos e provocou o deslocamento da população local ao longo da fronteira sudanesa. Muitos feridos de guerra estão sendo tratados em Abéché ou foram transferidos para N’Djamena, e outros devem dar entrada nos hospitais nos próximos dias. Foram detidos integrantes de várias forças rebeldes.
As informações dão conta de que, após as batalhas em Abéché, Guéréda, Biltine e Arada, as ruas estão polvilhadas de artefatos de artilharia sem explodir. A viagem entre Biltine e Arada é perigosa agora, uma vez que a estrada entre essas duas cidades foi particularmente atingida.
Na condição de uma das poucas organizações presentes no terreno, o CICV reforçou sua presença no leste do Chade, de forma a estar pronto para fornecer assistência e proteção para os feridos de guerra, às pessoas privadas de liberdade, os que estão fora de combate e os civis atingidos pelo conflito.
O CICV mantém contatos regulares com todas as partes no conflito a fim de explicar seu trabalho e a natureza de suas operações. Além disso, trabalha em parceria com a Cruz Vermelha do Chade (CVC) e a Federação Internacional da Cruz Vermelha e as Sociedades do Crescent e Vermelho, como também com outras organizações humanitárias.
O CICV tem atualmente 21 delegados e perto de 100 funcionários chadeanos trabalham em caráter permanente ou temporário em Abéché, Iriba, Goz Beida, Biltine, Bahai, Adré e Dogdore.
Abéché: Os combates de 24 de novembro aconteceram principalmente fora de Abéché, onde o CICV tem uma sub-delegação. A UFDD ocupou a cidade por 24 horas e depois se retirou, deixando o Exército chadeano retomar a cidade sem oferecer resistência. Houve poucos casos de feridos civis, alguns dos quais vítimas de balas perdidas.
Durante essas horas de instabilidade, a guarnição militar, os prédios do governo, as residências oficiais e os depósitos do Programa Mundial da Fome e do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados foram saqueados. A prisão foi abandonada e os detentos puderam fugir.
Biltine: Nos dias 24 e 25 de novembro, a Aliança de Forças Democráticas (AFD) ocupou a cidade e o seu entorno. Houve em seguida um período de instabilidae marcado por banditismo e saques. O hospital local foi poupado, mas faltaram suprimentos médicos.
Entre 7 e 9 de dezembro houve mais combates entre as UFDD e as forças do governo nas vizinhanças de Biltine.
Guéréda: No dia 1o. de dezembro, a AFD atacou a cidade de Guéréda, que fica a 160 quilômetros a nordeste de Abéché. A AFD se retirou logo depois que tanto as forças rebeldes como as do governo permaneceram nas vizinhas. No momento, a situação é tensa, mas relativamente tranqüila. As informações recebidas dão conta de que em 11 e 12 de novembro houve mais combates pesados em toda a região.
A resposta do CICV
Abéché: No dia 4 de dezembro, duas semanas depois da breve explosão dos combates em Abéché, o CICV enviou uma equipe cirúrgica de três profissionais para o hospital Abéché, a fim de ajudar no tratamento dos civis e combatentes feridos de guerra, em virtude dos combates em curso na região.
Tendo em vista que o clima de insegurança predominante levou muitos médicos e profissionais de saúde a deixar a cidade, os funcionários do CICV também estão cuidando dos casos médicos urgentes que não têm nenhuma relação com o conflito.
Biltine: O CICV foi a primeira organização a chegar a esta cidade, em 6 de dezembro. O CICV forneceu kits de primeiros socorros e medicamentos essenciais para o hospital local e também evacuou quatro feridos de guerra para Abéché, a fim de receberem tratamento, e apoiou a CVC com material para recolher os cadáveres.
Arada: No dia 11 de novembro o CICV transferiu 15 feridos de guerra para o hospital em Abéché; também forneceu assitência médica para possibilitar que o hospital trate os muitos pacientes que estão sofrendo por causa dos ferimentos provocados pelas armas.
Nas últimas duas semanas, o CICV implementou o seguinte:
Área médica
Evacuou mais de 75 feridos de guerra das zonas de batalha de Biltine e Arada para o hospital Abéché.
Tomo u as medidas necessárias para que a equipe cirúrgica baseada no hospital Abéché operasse cerca de 52 soldados chadeanos gravemente feridos, combatentes da oposição e civis.
Realizou cirurgias em 64 pessoas que sofrem de ferimentos de guerra, transferidas de Abéché para o Hospital Liberté em N’Djamena, desde 7 de dezembro.
Forneceu primeiros socorros para 54 pessoas feridas em Biltine.
Proteção/Detenção
Manteve estreito contato com as autoridades locais a fim de garantir a proteção dos combatententes feridos no hospital em Abéché.
Visitou e cadastrou os detidos presos em função dos acontecimentos de 25 de novembro mantidos detidos em três prisões diferentes em Abéché.
Cadastrou 31 presos e pessoas feridas em Biltine que estavam sendo transferidos para Abéché.
Manteve estreitos contatos com as autoridades em N’Djamena para seguir de perto a situação da prisão dos combatentes da oposição capturados nas últimas semanas.
Cooperação com os parceiros do Movimento
Coordenou as atividades de socorro, em parceria com a Federação Internacional da Cruz Vermelha e as Sociedades do Crescente Vermelho e a Cruz Vermelha do Chade (CVC).
Distribuiu comida para os feridos de guerra no hospital Abéché, por meio dos voluntários da CVC.
Apoiou o importane trabalho dos voluntários da CVC de evacuar os feridos, recolher e identificar os mortos, depois dos combates em Abéché e Biltine.
Apoiou a presença de 12 voluntários de primeiros socorros da CVC no hospital Abéché, a fim de garantir o serviço por 24 horas.
Forneceu kits de primeiros socorros e de dispensários para cerca de 140 pacientes dos hospitais em Biltine, o posto de saúde em Arada e o posto médico avançado d o Exército chadeano.
Mais informações:
Anahita Kar, CICV N’Djanema, tel: +235 6 201 005
Marco Yuri Jiménez Rodríguez, CICV Genebra, tel: +41 79 217 3217