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Costa do Marfim: civis estão encurralados em conflito cada vez mais intenso

31-03-2011 Comunicado de imprensa

Genebra/Abidjan (CICV) – Com o conflito armado entre as forças pró-Gbagbo e pró-Ouattara, os grupos armado se espalhando na região e a situação humanitária cada dia pior, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) está lançando um apelo hoje para levar assistência a centenas de milhares de vítimas na Costa do Marfim e no país vizinho, a Libéria.

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Tempos difíceis para comunidades que acolhem refugiados (reportagem)
   

Cruz Vermelha pede a todas as partes que respeitem a população(comunicado de imprensa)    
       
©CICV / T. Gassmann  
   
31 de março de 2011. Pierre Krähenbühl, diretor de operações do CICV, em coletiva de imprensa em Genebra. 
               
©CICV / V. Grabscheid  
   
25.03.2011. Toulepleu, Costa do Marfim. Uma família que se beneficiou de uma distribuição do CICV transporta o conteúdo da assistência emergencial que acabam de receber, que inclui arroz, feijão, óleo de cozinha e sal. 
               
©CICV / SAOURE  
   
29.03.2011. Escritório do CICV em Guiglo, Costa do Marfim. Uma equipe do CICV presta primeiros socorros a um combatente ferido. 
           

A organização pede uma contribuição adicional de 15 milhões de francos suíços (aproximadamente 16,2 milhões de dólares ou 11,5 milhões de euros) para as vítimas na Costa do Marfim, em particular em Abidjan e no oeste do país, e 5,5 milhões de francos suíços (5,9 milhões de dólares ou 4,2 milhões de euros) para os refugiados marfinenses na Libéria e para as comunidades que os acolhem.

" Há algumas semanas, a situação humanitária na Costa do Marfim vem se deteriorando continuamente. O país agora está prestes a entrar em um conflito interno armado " , disse o diretor de operações do CICV, Pierre Krähenbühl. " Dezenas de milhares de pessoas estão fugindo do conflito e dos saques. A maioria delas encontra refúgio com os familiares, mas milhares de outras, que estão nas escolas, igrejas, mesquitas e outros prédios públicos que hoje servem de centros de recepção improvisados, carecem de tudo: alimentos, artigos de emergência, remédios, abrigo, água potável... A grande maioria dos refugiados e de outras pessoas deslocadas está constantemente se trasladando, que dificulta a organização da assistência e também a estimação do número de pessoas afetadas " .

" Observamos com preocupação, à medida que o conflito e os saques se aproximam de Abidjan, que já vem sendo duramente atingida pelo conflito " , acrescentou Krähenbühl. " Os estoques de remédios estão chegando ao fim, assim como o de produtos químicos para tratar a água. As pessoas feridas não têm condições de chegar aos hospitais devido às condições de segurança. Os centros de assistência estão sendo obrigados a fechar as portas porque os funcionários não conseguem chegar ao trabal ho com segurança " .

O CICV e a Cruz Vermelha Marfinense estão entre as poucas agências humanitárias que podem realizar seu trabalho. " É vital que continuem podendo levar assistência às pessoas mais necessitadas e estamos fazendo um novo apelo a todas as partes envolvidas no conflito para que facilitem o trânsito de nossas equipes " , disse Krähenbühl. " Graças à nossa neutralidade, independência e assistência concreta que prestamos às vítimas, em geral, somos bem-aceitos no terreno pelas autoridades e por muitos portadores de armas, com os quais estamos desenvolvendo contatos constantes. Mas nunca podemos dar nada por certo em um contexto no qual a segurança é cada dia mais volátil " .

" As partes em conflito devem distinguir sempre entre os objetivos militares e os civis que não participam das hostilidades, em especial quando os confrontos acontecem em contextos urbanos. Apenas os objetivos militares podem ser atacados " , insistiu o diretor de operações do CICV. " Segundo o Direito Internacional Humanitário, os feridos e os doentes devem ser tratados e os estabelecimentos médicos, as ambulâncias e os profissionais de saúde devem ser respeitados e protegidos. Além disso, todas as pessoas detidas devem ser tratadas com humanidade " .

Desde o início da crise pós-eleitoral na Costa do Marfim, há quarto meses, a Cruz Vermelha já forneceu artigos de emergência a quase 20 mil pessoas deslocadas e assistiu mais de 1,1 mil feridos, além de ter abastecido estabelecimentos médicos com material de emergência. A organização também instalou tanques de água para atender a quase 10 mil pessoas na cidade de Duékoué, no leste da Costa do Marfim, e para atender mais de 10 mil refugiados e as famílias que os acolhem na cidade de Buutuo, na fronteira com a Libéria. A Cruz Vermelha também construiu mais de 150 latrinas e dezenas de chuveiros e consertou e tratou os poços de água com cloro, além de ter construído outros, para atender a mais de 70 mil pessoas na Costa do Marfim e na Libéria.

Na Libéria, o CICV já cadastrou mais de 50 menores marfinenses separados de seus pais e ajudou a mais de mil marfinenses a restabelecerem o contato com seus familiares. Na Costa do Marfim, visitou mais de 450 pessoas detidas desde o início de dezembro, tomou a iniciativa em vários momentos em nome da população civil e escoltou caminhões da comissão de água marfinense a transportar os produtos necessários para tratar a água, com a qual mais de 800 mil pessoas em várias partes de Abidjan estão contando.

  Mais informações:  

  Kelnor Panglungtshang, CICV Abidjan, tel: +225 09 399 404  

  Steven Anderson, CICV Genebra, tel: +41 79 536 92 50  

  Carla Haddad Mardini, CICV Genebra, tel: +41 79 217 32 26  

 

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