Ebola: o mundo precisa de profissionais humanitários na África Ocidental

04-11-2014 Declaração oficial

O mundo precisa de profissionais humanitários na África Ocidental. Estigmatizá-los ou restringir os seus movimentos impedirá a resposta global.

Kenema, Serra Leoa, outubro de 2014. Em setembro, a Federação Internacional abriu o seu primeiro centro de tratamento de ebola em Kenema. O estabelecimento tem capacidade para 60 leitos e hoje conta com aproximadamente 120 funcionários locais e 20 internacionais. São necessários mais colaboradores internacionais para que o centro possa aumentar a sua escala até cobrir os 60 leitos [© Federação Internacional/ C. Müller] 

Declaração oficial do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho
 

Uma resposta mundial efetiva à crise do ebola na África Ocidental exige movimentos irrestritos de entrada e saída da região para os profissionais humanitários. O Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho pede a todos os governos que apoiem e facilitem este movimento, e que garantam que os profissionais de saúde que voltam dos países afetados pelo ebola sejam tratados com respeito e sem discriminação. Esses profissionais estão na vanguarda de todos os nossos esforços para conter e combater a doença.
 

Os profissionais locais e internacionais no epicentro da resposta humanitária contra o ebola são uma inspiração para todos, além de serem vitais para demonstrar que esta tarefa pode ser realizada de forma segura. O estigma ou a discriminação contra os profissionais da saúde – incluindo o seu isolamento sem fundamentos científicos – acarretará inevitavelmente uma crise de recursos humanos no momento em que precisamos de pessoas qualificadas e dispostas a se unirem à resposta e irem aonde forem mais necessárias.
 

A preparação e a vigilância proporcionadas são adequadas, porém as restrições às viagens dificultarão – e já dificultam – a resposta ao ebola, o que, paradoxalmente, aumentará o risco de a doença continuar se propagando.
 

As restrições na África Ocidental poderiam expandir a base da epidemia e obrigar os pacientes com sintomas da doença a cruzarem as fronteiras de forma informal. Assim, será extremamente difícil para os governos e agências humanitárias acompanhá-los e, o que é fundamental, realizar o rastreamento de contatos que ajuda a impedir o crescimento do desastre. Este problema também nos impede de tratarmos os pacientes de maneira eficaz; desta forma, o número de mortes evitáveis crescerá.
 

Pedimos aos nossos parceiros, à mídia e aos governos do mundo inteiro que se unam aos esforços para combater o estigma e a discriminação nos países afetados e em outros lugares. Uma epidemia de medo está retardando os nossos esforços de resposta e alimentando assim a propagação da doença.
 

O medo não deveria causar paralisia. Em vez disso, deveria inspirar solidariedade para com aqueles que levam a luta contra esta doença ao campo, onde a oportunidade de ter um impacto é maior. Não é um combate que possamos vencer à distância.
 

O ebola é um problema global é exige uma resposta global hoje.
 

Mais informações:
Benoit Matsha-Carpentier, Federação Internacional de Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, Genebra: +41 79 213 24 13
Thomas Glass, CICV Genebra: +41 79 244 64 05