Costa do Marfim: uma grande ação de socorro humanitário ainda é necessária

  A situação ainda é grave em Abidjan e em diversas outras cidades no oeste do país  

" Há quase duas semanas estamos recebendo centenas de telefonemas diariamente de pessoas preocupados " , disse a chefe da delegação do CICV em Abidjan, Dominique Liengme. " A situação está melhorando de alguma maneira agora. As pessoas estão começando a poder conseguir os suprimentos, mas isso não acontece em todas as partes da cidade. Muitas pessoas estão doentes e feridas e ainda não podem ir ao hospital devido à situação de segurança ou à falta de transporte. Os estabelecimentos médicos que ainda estão funcionando estão superlotados e carecem de material e de profissionais. Em várias partes da cidade, se veem corpos jogados nas ruas " .

Na parte ocidental do país, muitas pessoas foram feridas e mortas nos confrontos e nos atos de violência interétnica e milhares de outras pessoas tiveram de fugir de suas casas. A situação é particularmente grave em Guiglo, Duékoué e Daloa, e ao longo da fronteira com a Libéria, de Bin Houyé a Toulepleu e Bloléquin. " Muitas casas, mercados e hospitais foram saqueados ou até mesmos destruídos " , disse Liengme. " O nível de tensão continua alto e a violência pode voltar a irromper outra vez " .

  Assistência emergencial em Abidjan  

Desde o dia 13 de abril, o CICV está fornecendo alimentos comp rimidos a mais de 3,7 mil deslocados em quatro centros de recepção em Abidjan de modo que tanto as crianças como os adultos que sofrem de deficiência nutricional possam se recuperar.

Hoje o CICV está entregando material médico aos centros médicos universitários nas áreas de Cocody e Treichville, em Abidjan, que funcionam como hospitais de referência, e à policlínica internacional Ste Anne-Marie.

" Desde 1° de abril, os socorristas da Cruz Vermelha Marfinense estão na linha de frente, apesar da situação de segurança " , disse Liengme. " Eles prestaram primeiros socorros a quase 600 feridos e doentes e levaram outros 300 a hospitais próximos. Eles estão fazendo um trabalho fantástico em condições extremamente difíceis " .

Os voluntários da Cruz Vermelha também distribuíram alimentos, água potável e outros gêneros de primeira necessidade a uma multidão de deslocados em vários centros de recepção e a outras pessoas carentes. Em alguns casos, também ajudaram os agentes funerários a recolherem os corpos em várias partes da cidade.

  Assistência médica e socorro para as pessoas deslocadas são prioridades em Guiglo  

No dia 13 de abril, o CICV e a Cruz Vermelha Marfinense começaram a distribuir gêneros de primeira necessidade a cerca de sete mil pessoas deslocadas abrigadas em cinco centros de recepção na cidade de Guiglo, a oeste do país. " É a primeira vez que esse tipo de socorro é prestado aos deslocados em Guiglo, que tem sido duramente atingida pelo conflito, por saques e outros tipos de violência " , explicou Edmond Corthésy, encarregado pelas atividades humanitárias do CICV a área.

" Nessa área, há muitos hospitais e centros de saúde que deixaram de funcionar desde o início dos últimos acontecimentos " , disse Corthésy. Em Guiglo , a Cruz Vermelha Marfinense atendeu mais de 200 pessoas feridas ou doentes desde 5 de abril. Uma clínica móvel, que conta com o apoio do CICV, funciona ao longo da estrada que vai de Bin Houyé a Toulepleu e Bloléquin já realizou quase 480 consultas gratuitas, incluindo 30 grávidas. A distribuição de socorro emergencial será realizada ao longo da estrada nos próximos dias.

No centro-oeste do país, o hospital Gagnoa voltou a funcionar graças a uma ambulância, ao combustível, ao material e ao pessoal médico disponibilizados pela Cruz Vermelha. No norte do país, o CICV forneceu kits de curativos e moldes de gesso para vários centros médicos em Bouaké.

  Água e saneamento no lado ocidental       

Em Duékoué, dezenas de milhares de pessoas que fugiram da violência continuam nos centros de recepção. Desde o início de janeiro, o CICV e a Cruz Vermelha Marfinense estão se esforçando para atender as necessidades de água. Nos últimos dias, construíram uma plataforma para tanques de água com capacidade para 10 mil litros, levaram caminhões-pipa para encher os tanques do hospital municipal e das missões católica e protestante e instalaram dois novos pontos de água. Também estão construindo 20 latrinas e 20 duchas extras, além de limpar e desinfetar parte da missão católica.

Em Guiglo, a Cruz Vermelha instalou 25 latrinas e 20 duchas para pessoas deslocadas e tratou com cloro dez poços na cidade.

  Visitas aos detidos  

Houve um grande número de detidos em conexão com o conflito armado nos últimos dias. Os delegados do CICV começaram a visitar os detidos em Bouaké para avaliar o tratamento que recebem e as condições de detenção.

Em Abidjan, o CICV solicitou a possibilidade de visitar detidos enquadrados nessa mesma categoria – incluindo Gbagbo e pessoas relacionadas com ele, que foram detidas no dia 11 de abril.

  A situação ainda é crítica para os refugiados e as famílias que os acolhem na Libéria  

Estima-se que 130 mil refugiados marfinenses que fugiram dos distúrbios desde dezembro do ano passado estejam adotando uma atitude prudente: estão esperando para ver como evoluirá a situação no seu país antes de se decidirem voltar ou não. Enquanto isso, novos refugiados chegam ao condado de Maryland County, no sudeste da Libéria.

O CICV e a Cruz Vermelha Liberiana continuam ajudando os menores e outros refugiados a restabelecerem o contato com seus familiares, dos quais se separaram em decorrência do conflito. Além disso, junto com a Federação Internacional das Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelha, está ajudando aos refugiados as comunidades para obter água potável que necessitam. As comunidades liberianas junto à fronteira têm sido extremamente generosas com relação aos marfinenses que acolheram; como resultando, os recursos locais estão se esgotando. O CICV também visita pessoas que estão detidas no Presídio Central de Harper, no condado de Maryland, por conexão com o conflito na Costa do Marfim.

  Mais informações:  

  Kelnor Panglungtshang, CICV Abidjan, tel: +225 09 399 404  

  Steven Anderson, CICV Genebra, tel: +41 79 536 92 50  

 

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