CICV ajuda migrantes necessitados no Níger

CC BY-NC-ND / CICV / F. Therrien / v-p-ne-e-00108

“O sofrimento desses migrantes causa grande preocupação. Quando chegam a Agadez, quase sempre estão física e mentalmente exaustos”, diz o chefe da delegação do CICV no Níger, Jean-Nicolas Marti. “Algumas vezes, atravessaram quilômetros de deserto amontoados em caminhões e sob um calor escaldante. Alguns morrem no caminho”.
 

Esses migrantes vêm da África Subsaariana. Fogem de conflitos ou da pobreza nos seus países de origem ou simplesmente estão em busca de uma vida melhor. Alguns chegam à Líbia ou à Argélia e ficam aí ou seguem para a Europa; outros são parados do caminho e enviados de volta para casa. Entre eles, há pessoas do próprio Níger e do Mali, Nigéria, República Democrática do Congo e da República Centro-Africana.
 

Do ponto de vista humanitário, a sua travessia é um martírio. Atravessam regiões onde o conflito e outras formas de violência são predominantes e lidam com situações que podem afetar gravemente tanto a sua saúde física como mental. “Alguns são presos, detidos e banidos. Podem encontrar-se perdidos no deserto, desamparados e sem poder contatar as suas famílias. Estão totalmente desprotegidos, o que significa que são presas fáceis para ataques. Algumas vezes, simplesmente desaparecem sem deixar rastro”, disse Marti.

Ajuda para sete mil migrantes em 2013

No centro de Agadez, que foi montado pela Cruz Vermelha do Níger em 2011 e recebe apoio financeiro do CICV, os migrantes recebem abrigo e três refeições quentes diárias. Também recebem outros artigos essenciais básicos, como os de higiene. Esse trabalho humanitário é organizado em conjunto com as autoridades do Níger.
 

“Com os nossos parceiros da Cruz Vermelha do Níger, trabalhamos para atender as necessidades básicas dos migrantes que recebemos”, disse Maxime Dohogne, delegado do CICV no Níger. “Estamos nos concentrando nas necessidades dos migrantes mais vulneráveis, independente do seu estatuto legal, dando a eles todo o conforto que podemos. O nosso trabalho é estritamente de natureza humanitária – não nos envolvemos, não incentivamos, nem impedimos a migração”.
 

Em 2013, mais de 19 mil refeições foram entregues a cerca de sete mil pessoas, ao mesmo tempo em que médicos da Cruz Vermelha Francesa atenderam mais de dois mil migrantes doentes ou feridos. Até o momento, mais de 1,1 mil migrantes receberam ajuda.
 

Alguns migrantes chegam ao centro com importantes problemas psiquiátricos. “Cuidar deles não é fácil, mas sempre encontramos uma solução com os serviços de assistência à saúde, a família do migrante ou as representações diplomáticas do país de origem do migrante”, disse Ismael Mahaman, membro da Cruz Vermelha do Níger e administrador do centro.
 

Tanto no centro em Agadez como nos escritórios em Dirkou e Arlit administrados pelos voluntários da Cruz Vermelha do Níger, os migrantes podem entrar em contato com as suas famílias por meio das linhas telefônicas gratuitas instaladas pelo CICV. Em 2013, os migrantes fizeram mais de 3,2 mil telefonemas aos seus entes queridos.

Uma questão de sobrevivência

Em casos extremos, nos quais os migrantes se encontram perdidos no deserto, e quando outras organizações humanitárias não têm condições de ajudá-los, o CICV providencia o transporte dos migrantes a Agadez. No ano passado, o CICV ajudou quase 800 migrantes a chegarem com segurança a Agadez. Para evitar essas situações que põem em risco as suas vidas, a Cruz Vermelha do Níger e o CICV reformaram cinco poços – a única fonte de água ao longo da rota dos migrantes.

Mais informações:
Oumarou Daddy Rabiou, CICV Niamei, tel: +227 96 66 99 12
Wolde-Gabriel Saugeron, CICV Genebra, tel: +41 22 730 31 49 ou +41 79 244 64 05