Costa do Marfim: Cruz Vermelha pede a todas as partes que respeitem a população
17-03-2011 Relatório de operações
À medida que os conflitos se intensificam a cada dia, pioram as condições humanitárias para a população marfinense. O CICV e a Cruz Vermelha Marfinense, responsáveis por prestar ajuda às vítimas, apresentaram um novo apelo a todas as partes envolvidas na violência.
" É importantíssimo que todas as partes envolvidas respeitem e protejam a população, em particular os feridos, as equipes e as instalações médicas e os veículos usados como ambulâncias " , disse a chefe da delegação do CICV em Abidjan, Dominique Liengme. " Os voluntários da Cruz Vermelha Marfinense precisam poder oferecer cuidados sem obstáculos " .
Habitantes de vários bairros de Abidjan – Abobo, Yopougon e Adjamé – e da região oeste do país estão sendo diretamente afetados por conflitos armados. Temendo por suas vidas, milhares de famílias abandonaram suas casas sem saberem quando – ou se - poderão voltar.
Em resposta a uma situação que vem piorando em termos humanitários ao longo das últimas quatro semanas, a Cruz Vermelha intensificou as atividades que vem realizando junto às pessoas vulneráveis na Costa do Marfim e aos refugiados na Libéria.
Ajuda às vítimas de violência em Abidjan e no oeste do país
Nos últimos dias, os conflitos ocorridos no oeste da Libéria, na região próxima à fronteira, resultaram em uma nova onda de deslocamentos para Danané. A Cruz Vermelha vem distribuindo artigos de primeira necessidade a aproximadamente 1,5 mil desabrigados em três centros que acolhem pessoas em Danané.
Após os conflitos ocorridos na localidade de Abobo, próxima a Abidjan, mais de 2,1 mil pessoas que foram acolhidas na paróquia de St. Ambroise d'Angré, no Centre d'Écoute d'Adjamé, em Anyama e na missão protestante em Yopougon Gesco, receberam lonas, baldes, utensílios de cozinha, arti gos de higiene, bacias, sabão e colchonetes. Mais de 650 pessoas cujas propriedades foram destruídas ou saqueadas em episódios de violência interétnica em Lakota, no oeste do país, receberam os mesmos artigos.
A maioria das pessoas deslocadas não tenha acesso à assistência médica, e muitas delas contam umas com as outras e com as pessoas das comunidades onde se encontram. Para assegurar que os civis recebam um nível mínimo de assistência médica, a Cruz Vermelha doou dois kits de tratamento para a malária e dois kits contendo remédios essenciais a quatro instalações próximas à cidade de Abidjan. Cada kit contém material suficiente para tratar mil pessoas durante três meses. Na missão católica de Duékoué, a oeste do país, voluntários da Cruz Vermelha Marfinense prestaram assistência médica a mais de 3 mil pessoas.
Durante as últimas quatro semanas, socorristas atenderam a quase 200 pessoas feridas em decorrência de episódios violentos e evacuaram cerca de 70 pessoas em estado grave a centros médicos em Abidjan, Grand Bassam (perto de Abidjan) e Toulepleu, no oeste.
Além disso, a Cruz Vermelha fornece medicamentos a quatro hospitais de Bloléquin e Toulepleu, duas cidades localizadas na região oeste do país.
Acesso a água e aumento de conscientização sobre higiene
Em Lakota, 1.370 poços foram desinfetados e tratados com cloro e mais de mil pessoas receberam treinamento em medidas de higiene básicas.
Um gerador foi instalado na missão católica em Duékoué para acionar um sistema de abastecimento de água que atende a pessoas deslocadas. A Cruz Vermelha Marfinense continuou seu trabalho de conscientização sobre higiene pública e os serviços de manutenção em equipamentos utilizados no abastecimento de água potável.
Atividades para o bem-estar de detidos
Ao longo das últimas quatro semanas, delegados do CICV realizaram seis visitas a seis centros de detenção permanentes e temporários em todo o país, com o objetivo de verificar as condições em que os detidos se encontram e o tratamento que os mesmos vêm recebendo. Os delegados conversaram em particular com 41 detidos – sendo a primeira vez para 34 deles. Além disso, o CICV distribuiu alimentos para 1.020 detidos em dez presídios.
Refugiados na Libéria: aumenta demanda para restabelecer laços familiares
A Cruz Vermelha incrementou seus serviços de assistência na Libéria com o objetivo de atender às necessidades de milhares de marfinenses recém-chegados e às comunidades que os acolheram. De acordo com as Nações Unidas, o número de refugiados na Libéria é agora superior a 85 mil.
O CICV, a Cruz Vermelha Liberiana e a Federação das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho instalaram uma unidade de purificação de água na fronteira da cidade de Buutuo, onde a população triplicou após a escalada de enfrentamentos na região oeste da Costa do Marfim. A unidade abastece 75 mil litros de água limpa por dia e atende a mais de 10 mil pessoas. " Mesmo antes da chegada de refugiados, apenas três poços estavam funcionando adequadamente em Buutuo. Pessoas buscavam água de um rio próximo, que não é própria para o consumo " , explicou a encarregada dos programas de água e habitação do CICV na Libéria, Isidore Kieh,
A segunda onda de refugiados, depois de 24 de fevereiro, foi mais repentina e desorganizada do que a primeira e teve como resultado um maior número de famílias dispersas. Muitas vezes as crianças se perderam no c aminho para a Libéria ou não se encontravam com seus pais no momento em que escutaram tiros e fugiram desacompanhadas. Em uma semana, o CICV e voluntários da Cruz Vermelha Liberiana cadastraram e assistiram a 17 crianças recém-chegadas que haviam se perdido de suas famílias. Além disso, refugiados em comunidades fronteiriças e concentrados no campo de refugiados de Bahn puderam realizar 350 telefonemas gratuitos e enviar mensagens Cruz Vermelha a seus entes queridos na Costa do Marfim. Isto aumentou o número de contatos restabelecidos para mais de 750 desde meados de dezembro de 2010.
A Cruz Vermelha também treinou voluntários em primeiros socorros para que possam prestar assistência a refugiados feridos ou que adoeceram repentinamente.
Mais informações:
Kelnor Panglungtshang, CICV Abidjan, tel: +225 09 399 404
Noora Kero, CICV Monróvia, tel: +231 77 55 65 33
Steven Anderson, CICV Genebra, tel: +41 22 730 20 11 ou +41 79 536 92 50