A fome é um sintoma de guerras prolongadas

21 setembro 2017

Nova York – Em um Evento de Alto Nível da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) sobre Prevenção da Fome e Resposta, o presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Peter Maurer, ressaltou que o conflito é a origem da fome que as comunidades no Sudão do Sul e Somália enfrentam. O evento teve como anfitriões o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, e o presidente do Banco Mundial, Dr. Jim Yong Kim, além de contar com representações de alto nível de Estados Membros, agências da ONU e parceiros humanitários.

"A fome é um sintoma de guerras prolongadas. E quando se manifesta, raramente está só. A fome vem acompanhada de sistemas de saúde colapsados, infraestruturas destruídas e economias destroçadas", declarou Maurer nas suas observações. "Se me permitem ser franco, a fome acontece quando há um desrespeito básico pela decência e pela dignidade da vida humana."

O CICV acolhe com satisfação a nova energia trazida pelo Secretário-Geral da ONU para a agenda de prevenção. Em países que enfrentam situação de fome, a ação na linha de frente é apoiada por um envolvimento e um investimento importantes de atores que promovem o desenvolvimento.

"A prevenção está no DNA do CICV", afirmou Maurer. "Se bem não construímos a paz, agimos na manutenção ao limitar a destruição e impedindo o retrocesso dos avanços. A ação na linha de frente deve ser apoiada por um envolvimento e um investimento importantes de atores que promovem o desenvolvimento. Vimos como o Banco Mundial pode representar esse papel positivo, como o fez recentemente ao apoiar as nossas operações na Somália."

Maurer também ressaltou que as guerras combatidas em países afetados pela fome se caracterizam pelos abusos e pelas violações dos princípios mais básicos do Direito Internacional Humanitário (DIH). Destacou a pesquisa do CICV que está por ser publicada, a qual oferece novos pontos de vistas sobre o comportamento mutável das partes de conflitos prolongados e sem fronteias.

"A natureza do conflito está se transformando com o rápido aumento de grupos armados organizados horizontalmente – em vez de no sentido vertical", acrescentou Maurer. "Mais grupos armados surgiram nos últimos seis anos do que nas seis décadas anteriores. Todos precisamos nos adaptar a essa nova realidade – e rápido."

"A nossa nova pesquisa com diversas forças armadas e grupos armados não estatais nos oferece novos pontos de vista sobre essa mudança de comportamento. Descobrimos que um combatente na linha de frente está mais preocupado com a visão que os seus companheiros têm do que com a punição dos seus superiores."

Leia as observações na íntegra.

Mais informações:
Diana Santana, CICV Nova York, tel.: +1 917-455-9035
Matt Clancy, CICV Genebra, tel.: +41 79 574 15 54