Philipe Sampaio, da Cruz Vermelha Brasileira: “Pretendemos nos tornar referência em primeiros socorros”

16 novembro 2017
Philipe Sampaio, da Cruz Vermelha Brasileira: “Pretendemos nos tornar referência em primeiros socorros”
Gerente de Primeiros Socorros da CVB – RJ, Philipe Sampaio. Foto: R. Diniz/CICV

Neste ano, imagens da vítima de um protesto sendo socorrida e levada até a ambulância pela Equipe de Intervenção em Eventos Massivos (EIEM) da Cruz Vermelha Brasiliera – Filial Rio de Janeiro (CVB-RJ) apareceram em destaque na cobertura do jornal de maior audiência da televisão brasileira. Tais imagens foram apresentadas pelo gerente de Primeiros Socorros da CVB – RJ, Philipe Sampaio, durante IV Encontro Regional de Primeiros Socorros em Contextos de Violência, comprovando que, em pouco mais de um ano de atuação, a função da equipe nestes eventos já é amplamente entendida e reconhecida pela imprensa e pela sociedade.

Em entrevista, Philipe Sampaio conta sobre sua experiência frente à primeira equipe focada na prestação de primeiros socorros durante manifestações na cidade do Rio. Sampaio, que começou como voluntário da Cruz Vermelha, quando a filial do Rio de Janeiro ainda estava se estruturando, coordenou o grupo de voluntários que atuou após uma trágica chuva na Região Serrana do estado do Rio, em 2011, e deste então, trabalha com primeiros socorros comunitários.

Como foi o processo de criação da Equipe de Intervenção em Eventos Massivos (EIEM)?
Depois das manifestações de junho de 2013, a sociedade começou a exigir da Cruz Vermelha a participação nos protestos e a gente não tinha mecanismos para estar presente. Com o apoio do CICV, começamos a nos estruturar, fizemos intercâmbio de experiências com outras Sociedades Nacionais, adquirimos materiais e, desde a abertura dos Jogos Olímpicos [Rio 2016], a gente faz a cobertura de todos os protestos da cidade.

Qual o balanço deste primeiro ano de atuação?
Hoje já somos reconhecidos por todos os poderes. A gente inclusive recebe informação de manifestantes sobre a atuação, avisando, por exemplo, se a manifestação vai ser parada ou se vai ser em marcha, qual será o percurso, etc. Conseguimos também ter contato com a polícia, o corpo de bombeiros e a área de saúde, para que possam receber eventuais vítimas atendidas por nossa equipe. Assim, podemos realizar a nossa missão de facilitar o acesso da vítima ao socorro especializado. Atualmente, com apenas duas horas de antecedência, conseguimos mobilizar uma equipe para cobrir uma manifestação.

Quais os desafios a partir de agora?
Daqui pra frente, pretendemos consolidar nossa equipe para nos tornarmos referência em primeiros socorros e cada vez mais facilitar que toda vítima de violência armada, em qualquer tipo de emergência ou não, possa ter acesso ao socorro especializado e primeiros socorros de qualidade.

A participação no IV Encontro Regional de Primeiros Socorros em Contextos de Violência foi produtiva?
Foi muito importante conhecer as experiências das outras Sociedades Nacionais, porque a gente se desenvolve ao trocar as lições apreendidas. Muitas vezes, o que não funciona aqui pode ter dado certo no Chile, no Panamá ou na Guatemala, por exemplo.