Nove meses depois do fim dos confrontos entre uma facção da Frente Moro de Libertação Nacional e as tropas do governo em Zamboanga, 40 mil pessoas continuam deslocadas das suas casas, vivendo em condições difíceis em centros de evacuação superlotados ou acolhidos por parentes e extremamente dependentes da ajuda humanitária.
Muitas das pessoas deslocadas já sofriam com a pobreza antes mesmo de perderem as suas casas e os seus parcos pertences em decorrência dos confrontos em setembro do ano passado.
"Foi possível reacomodar diversas pessoas deslocadas em lugares transitórios em toda a cidade", disse o chefe da delegação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) nas Filipinas, Pascal Mauchle. "No entanto, é preciso manter os esforços para assegurar que os serviços como saneamento e abastecimento de água sejam prestados antes de mudarem as pessoas para esses pontos transitórios. Especialmente agora com o início da temporada de chuvas, que será uma pressão extra sobre uma população já vulnerável".
Os hábitos de higiene deficientes e as instalações inadequadas nos centros de evacuação ao longo da costa de Cawa-Cawa e no estádio Joaquin Enriquez, onde ainda vivem 17 mil pessoas deslocadas, favorecem a propagação de doenças.
Trabalhando com a Cruz Vermelha Filipina e em conjunto com a agência local de recursos hídricos, o CICV está melhorando o saneamento e o abastecimento de água em vários centros de evacuação e em lugares transitórios. Nos últimos meses, a organização também buscou fortalecer a resiliência das comunidades deslocadas por meio do programa de remuneração por serviços prestados e ajuda financeira livre de condições que beneficiaram quase 50 mil pessoas.
"Essas pessoas enfrentam dificuldades todos os dias para chegar ao final do mês. Não saber quando poderão recuperar a vida que levavam antes é um fardo muito pesado para uma comunidade já exausta", disse o delegado encarregado das atividades do CICV em Zamboanga, Gareth Gleed.
Dora Kasim, uma das pessoas beneficiadas com o programa de ajuda financeira, explicou a difícil experiência pela qual a sua família passou: "Vivíamos do cultivo de algas marinhas, mas com o início dos confrontos tivemos de fugir e deixar a nossa casa e os nossos pertences para trás". Quando ela e a sua família finalmente puderam retornar à sua aldeia costeira, não restava nada. "Fiquei aturdida", disse Dora. "Sem nada de dinheiro para recomeçar, dependíamos da ajuda humanitária para alimentar os nossos filhos. Recebemos uma ajuda financeira por parte do CICV e a usamos para comprar algas marinhas e um novo barco a remo".
Aos poucos a família de Dora conseguiu recuperar os seus meios de subsistência, mas não quer ser reacomodada para longe da sua plantação e da escola dos seus filhos porque não pode arcar com as despesas de transporte. "Seria escolher entre alimentar os nossos filhos e pagar o transporte público. Não podemos assumir ambas as despesas", explicou.
Em uma tentativa de melhorar a situação geral de saúde, o CICV reforma os postos destruídos pelos confrontos e fornece remédios e outros materiais, além de prestar apoio técnico e financeiro para as autoridades locais de saúde e o Centro Médico da Cidade de Zamboanga.
Em maio, o CICV organizou um programa de nutrição para as crianças desnutridas menores de cinco anos de idade e para as grávidas e as lactantes com o objetivo de reduzir o número de mortes evitáveis. Até o momento, 225 mulheres e 32 mulheres estão sendo acompanhadas dentro deste programa. Além disso, estão sendo construídos salões multiusos em três centros de evacuação para realizar a promoção de bons hábitos de higiene, nutrição e atividades de assistência à saúde.
Mais informações:
Soaade Messoudi, CICV Manila, tel: +63 918 907 2125
Allison Lopez, CICV Manila, tel: +63 908 868 6884
Ewan Watson, CICV Genebra, tel: +41 22 730 33 45 ou +41 79 244 64 70