9 de agosto de 2024, Cidade do México – No México e na América Central, milhares de pessoas procuram por entes queridos desaparecidos. Muitas delas faleceram sem encontrá-los, levando consigo a angústia por sua ausência e o sonho de revê-los.
Independentemente do tempo decorrido ou das circunstâncias dos desaparecimentos, os Estados têm a obrigação de realizar uma busca efetiva e coordenada para dar respostas às famílias e aliviar seu sofrimento, lembrou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) ao inaugurar no México a exposição itinerante "Tecer memória: o legado de quem nunca deixou de buscar".
“Ninguém deveria partir sem saber o que aconteceu com seu ente querido desaparecido. A exposição presta homenagem àquelas pessoas que partiram com a dor da incerteza”, disse o chefe da delegação regional do CICV para o México e América Central, Olivier Dubois.
“Esta mostra nos convida a refletir sobre o anseio de encontrar, ressaltando a importância da coletividade a partir de uma perspectiva de reconhecimento, carinho, solidariedade e acolhimento. O legado dessas vidas se traduz na decisão de muitas famílias de não interromper o que suas mães, pais ou amizades começaram, já que sua busca, ativismo e dor continuam a acompanhá-las. A perseverança se tornou parte de sua identidade, sendo transmitida de geração em geração”, afirmou Dubois.
Para o CICV, cada pessoa que faleceu sem ter acesso ao seu direito de saber representa um apelo urgente para redobrar os esforços na busca e localização de pessoas desaparecidas, além de um lembrete de que as autoridades são responsáveis por essa busca, que não deve parar..
A exposição busca visibilizar a dolorosa realidade enfrentada pelas famílias de pessoas desaparecidas, bem como honrar o legado de quem dedicou seus esforços em vida à busca que hoje dá forças para que suas famílias, companheiros e companheiras permaneçam incansáveis na busca.
Frequentemente, os coletivos de familiares relatam a morte de integrantes durante o processo de busca, seja por sua idade avançada, doenças não tratadas ou violência. A coordenadora do programa de pessoas desaparecidas do CICV no México, Jannet Carmona, destacou que o impacto na saúde física e psicossocial das famílias é profundo, e deve ser abordado de forma integral. “Além do direito de participar nas ações de busca, as famílias também têm direito a acessar medidas de ajuda imediata, assistência e atendimento, incluindo serviços médicos e psicológicos, bem como segurança, quando necessário”, disse.
“As autoridades devem liderar as buscas de forma imediata e permanente para aumentar a probabilidade de encontrar as pessoas e aliviar o sofrimento das famílias. Desde o momento do desaparecimento e ao longo de todo o processo, as ações de busca só podem ser suspensas quando se souber onde está e o que aconteceu com a pessoa desaparecida. Os Estados devem garantir os procedimentos e facilitar as condições para continuar a busca nos casos em que o familiar que estava buscando tenha falecido”, afirmou Carmona.