Comunicado de imprensa

Familiares de pessoas desaparecidas pedem ação global

Quarta Conferência Internacional de Familiares de Pessoas Desaparecidas – Genebra, 11 a 13 de novembro de 2025
A woman speaks into a microphone while holding a paper that reads “ARMENIA #NotAloneInSiles #WeStandWithYou,” during an indoor group event. Several people in white shirts stand behind her, some holding papers, with international flags visible in the background.

Genebra, 4 de novembro de 2025 – Da Colômbia ao Sri Lanka, dos Bálcãs à Região do Sahel, famílias no mundo todo vivem a angústia de não saber o que aconteceu com os seus entes queridos desaparecidos. As suas vozes serão o centro das atenções na Quarta Conferência Internacional de Familiares de Pessoas Desaparecidas, organizada pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e pelas Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, de 11 a 13 de novembro em formato híbrido.

A Conferência – o único fórum global do gênero – reunirá mais de 900 participantes de mais de 50 países, tanto online quanto presencialmente, para compartilhar experiências, fomentar a solidariedade e pressionar por respostas mais fortes e duradouras a um dos legados mais devastadores de conflitos, migração e violência.

“Por trás de cada pessoa desaparecida há uma família que vive na incerteza e na dor”, afirmou o chefe da Agência Central de Busca do CICV, Cristian Rivier. “As famílias têm o direito de saber o que aconteceu com os seus entes queridos. Atender às suas necessidades de longo prazo, sejam elas jurídicas, administrativas, econômicas ou psicossociais, é um imperativo humanitário e fundamental para a paz e a reconciliação.”

Até o final de 2024, mais de 284 mil pessoas foram registradas como desaparecidas na Rede de Vínculos Familiares – apenas uma fração da verdadeira escala global. Quase sempre, as famílias enfrentam estigma, dificuldades financeiras e obstáculos legais, além do impacto psicológico da incerteza.

Uma declaração pública conjunta das famílias – compartilhada com os meios de comunicação e embargada até 13 de novembro, às 16h30 CET – será lida em voz alta na Cerimônia de Encerramento e fará um apelo por atenção global e ações concretas para lidar com os desaparecimentos: “Vivenciar o desaparecimento desmantela os alicerces da família e da comunidade. Fazemos um apelo ao mundo para que nos ouça e amplifique a nossa voz. Juntos podemos fazer a diferença.”

Embora a conferência em si continue sendo um espaço confidencial dedicado às famílias, pela primeira vez as Cerimônias de Abertura e de Encerramento serão transmitidas ao vivo e abertas ao público

Cerimônia de Abertura – 11 de novembro, 14h-16h CET

  • Discurso do diretor-geral do CICV, Pierre Krähenbühl
     
  • Depoimentos de famílias sobre a escala e o impacto dos desaparecimentos
     

Cerimônia de Encerramento – 13 de novembro, 16h-18h CET

  • Discurso do chefe da Agência Central de Busca, Cristian Rivier
     
  • Leitura da declaração conjunta dos familiares
     

Lançada em Sarajevo em 2019 a pedido das famílias, a Conferência agora é um evento bienal. A quarta edição contará com intercâmbios inter-regionais entre pares, discussões sobre visibilidade, sensibilização e superação de perdas, com interpretação multilíngue ao vivo do estúdio Humanitarium do CICV em Genebra, proporcionando um espaço seguro para conexão e, ao mesmo tempo, aumentando a conscientização global.

O CICV enfatiza que os desaparecimentos podem ser evitados. Os Estados e as partes em conflito têm a responsabilidade primária, segundo o Direito Internacional, de impedir o desaparecimento de pessoas, esclarecer o destino dos desaparecidos e apoiar as famílias. A experiência da Colômbia, dos Bálcãs e de outros contextos demonstra que a resolução de casos de pessoas desaparecidas é essencial para os processos de paz, reconciliação e recuperação comunitária.

“Quem trata a questão das pessoas desaparecidas precisa colocar as famílias e a experiência e o conhecimento delas no centro de qualquer esforço. Ao mesmo tempo, deve garantir a segurança e o bem-estar dessas famílias”, afirmou a chefe do Centro Consultivo da Agência Central de Busca, Caroline Douilliez, responsável pela organização da conferência. “As autoridades devem ouvi-las, prevenir novos desaparecimentos e dar respostas. Esta é uma responsabilidade coletiva.”

Sobre a Rede de Vínculos Familiares:

O CICV, com as Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho no mundo todo, trabalha além das fronteiras para buscar pessoas desaparecidas e reconectar famílias separadas por guerras, desastres e migração. Juntos, formam a Rede de Vínculos Familiares, em cuja essência está a premissa simples de que todos têm o direito de saber o que aconteceu com os seus entes queridos.

Nota para as equipes de edição:

O número de 284 mil pessoas desaparecidas no mundo todo representa apenas os casos documentados pela Rede de Vínculos Familiares no final de dezembro de 2024. Não representam o número total de pessoas desaparecidas no mundo todo, que provavelmente é muito maior. Uma pessoa é considerada desaparecida a partir do momento em que uma família a registra até que o caso seja resolvido pelas equipes do CICV e da Cruz Vermelha ou do Crescente Vermelho ou que a família nos informe que encontrou o ente querido.