Cabul (CICV) – Enquanto as comunidades celebram no Afeganistão o feriado muçulmano Eid Al Adha (Festa do Sacrifício), o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) se desanima ao observar que a intensidade da violência e o seu impacto sobre os civis persistem apesar das atuais negociações de paz.
O número de vítimas civis continua muito elevado no país, e os dados de 2019 indicam que todas as partes em conflito devem realizar maiores esforços para evitar feridas e mortes diárias entre a população.
Bombardeios aéreos, incursões noturnas e ataques conduzidos em zonas urbanas e rurais provocam a morte e a mutilação de mulheres, homens e crianças que não participaram das hostilidades. Casas, mesquitas, escolas, mercados e centros de assistência à saúde são atingidos.
"Presta-se muito pouca atenção ao sofrimento dos civis. Eles devem ser protegidos e respeitados em qualquer circunstância", afirma o chefe da delegação do CICV no Afeganistão, Juan-Pedro Schaerer.
Os profissionais médicos também devem ser protegidos e respeitos por todas as partes em conflito. O número de ataques contra os profissionais e estabelecimentos de saúde é alto demais: 59 incidentes no primeiro semestre de 2019. Todas as partes devem permitir o acesso irrestrito dos pacientes aos serviços de saúde, independentemente da sua filiação.
Atacar um único médico ou enfermeiro prejudica a assistência à saúde vital para todas as pessoas. Isso deve acabar, diz Schaerer.
O CICV também está profundamente preocupado com a situação das pessoas detidas por todas as partes em conexão com o conflito, independentemente da autoridade detentora. Os detidos devem ter acesso à assistência à saúde e a elementos básicos como água potável, roupas e artigos de higiene, além de contato com os familiares.
As necessidades humanitárias aumentam cada vez mais, mas a situação de segurança dificulta a prestação de assistência às pessoas que necessitam de alimentos, água, abrigo e proteção. Em 2019, foi registrado o maior número de incidentes envolvendo profissionais humanitários dos últimos anos. O CICV foi obrigado a interromper algumas atividades em abril, incluindo a ajuda aos feridos em lugares de difícil acesso; o auxílio à transferência de pacientes feridos de guerra; o apoio à transferência de restos de pessoas mortas em combate às suas famílias; e a visita a detidos, assim como a facilitação de visitas e ligações telefônicas aos seus familiares.
O CICV continua determinado a prosseguir com o seu trabalho no Afeganistão, mas requer acesso irrestrito para oferecer a assistência humanitária que os afetados pelo conflito armado necessitam de maneira urgente. Em virtude do Direito Internacional Humanitário (DIH), as partes em conflito devem permitir e facilitar a passagem rápida e desimpedida de ajuda humanitária aos civis necessitados, uma atividade de natureza imparcial.
"Mesmo enquanto prosseguem as conversações entre os diversos lados, todas as partes em conflito devem se esforçar mais para proteger os civis, os bens civis e os profissionais e estabelecimentos de saúde", diz Schaerer.
As atuais medidas adotadas para poupar a população civil e a infraestrutura civil não são suficientes.
Mais informações:
Robin Waudo, (inglês), CICV Cabul, +93729140510
Roya Musawi, (dari e pashto), CICV Cabul, +93794618908
Pawel Krzysiek, (inglês), CICV Ásia-Pacífico, +66819501270