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Eritreia/Etiópia: mãe e filha são reunidas após 18 anos de separação

Lágrimas escorriam pelo rosto de Lemlem o dia inteiro após regressar para a Etiópia. Por que tantas lágrimas? A viagem de retorno da Eritreia permitiu que ela voltasse a ver a filha após 18 anos de separação, além de conhecer a irmã e o irmão que nunca havia visto.

Lemlem não via Merhawit desde que a garota tinha 2 anos.

Não há nada mais emocionante que reencontrar a família.

"Fiquei emocionada e soluçava o dia inteiro, desde o momento em que encontrei minha filha e minha irmã. Foi realmente inacreditável poder encontrá-las. Quando estava na Eritreia, eu pensava constantemente na minha família. Nunca imaginei que poderia encontrar todos os parentes de novo após tanto tempo", diz Lemlem.

"Não há nada mais emocionante que reencontrar a família."

Lemlem, de 40 anos, regressou à Etiópia, no final do ano passado, com dois filhos nascidos na Eritreia, graças à assistência prestada pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

Lemlem com a irmã, o filho mais novo e outros membros da família em Humera, Etiópia. CC BY-NC-ND / CICV

Nascida na região de Tigré, na Etiópia, Lemlem cresceu em um vilarejo perto da fronteira com a Eritreia. Após ela dar à luz uma menina, o marido abandonou a família. Lemlem então decidiu atravessar para o lado da Eritreia com a esperança de encontrar trabalho e melhores condições de vida. Tomou a difícil decisão de deixar a filha menor para trás, com a avó.

Na Eritreia, Lemlem deu à luz dois garotos e os criou como mãe solteira. Trabalhou como padeira – fazendo o típico "injera", uma espécie de crepe – e cabeleireira. Mas ganhava pouco.

"A vida era difícil demais, especialmente sem o apoio de uma família por perto", recorda.

Ano passado, após 18 anos na Eritreia, Lemlem decidiu retornar à Etiópia mesmo sabendo que o trajeto seria perigoso.

"Além disso, eu não sabia como obter os documentos e garantir que poderia levar meus filhos comigo", diz ela. "Graças ao apoio do CICV em Asmara, tomei coragem para dar início aos trâmites."

Lemlem fez o primeiro contato com o CICV em Asmara, quando recebeu notícias da família através de uma Mensagem Cruz Vermelha. "Desde que deixei minha filha na Etiópia, não havia tido a chance de vê-la. Eu a vi pela primeira vez dois anos atrás em fotos que ela enviou com uma destas Mensagem. Quando recebi as fotos, senti como se ela estivesse bem perto de mim", afirma. "O CICV em Asmara me ajudou a cobrir os gastos de transporte e a conseguir os documentos."

Ônibus usados pelo CICV e a Cruz Vermelha Etíope, na fronteira com o Sudão, facilitam o transporte das pessoas que retornam às famílias na Etiópia. CC BY-NC-ND / CICV

É uma viagem de ônibus de dois dias por uma estrada quente, empoeirada e esburacada que atravessa a Eritreia até Tessenei, na fronteira com o Sudão. De lá, Lemlem e outras pessoas cruzaram para a Etiópia. A jornada termina com a travessia de um rio em barcos precários.

Cerca de 220 pessoas – homens, mulheres, anciãos, doentes e crianças – atravessaram a fronteira com Lemlem para começar uma nova vida na Etiópia. O CICV e a Cruz Vermelha Etíope distribuíram comida e água a todos, prestando auxílio nos quatro dias seguintes ao passarem pelas autoridades de imigração.

Voluntários e funcionários da Cruz Vermelha Etíope e do CICV recebem repatriados que moravam na Eritreia durante seu retorno voluntário à Etiópia. CC BY-NC-ND / CICV

Após a difícil travessia, Lemlem e família chegaram a Humera, na Etiópia, onde moram a filha, irmãos e irmãs. Lemlem e os filhos – de 15 e 18 anos – agora vivem com os parentes. Ela atualmente administra um café que abriu com o dinheiro de repatriação recebido do governo etíope. E sonha em abrir um salão de beleza para que possa ajudar o resto da família.

Lemlem em seu novo café. CC BY-NC-ND / CICV

O CICV, com o apoio da Cruz Vermelha Etíope e em estreita cooperação com as autoridades dos dois lados da fronteira, ajudou na repatriação de mais de 4,6 mil pessoas da Eritreia para a Etiópia desde 2009.

Uma vez que os repatriados chegam à Etiópia, o CICV e a Cruz Vermelha lhes oferecem transporte e assistência, incluindo água, alimentos e itens de primeira necessidade.