Adis Abeba/Genebra (CICV) – O presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Peter Maurer, chamou as partes do conflito a mostrarem humanidade diante da intensificação dos combates no norte da Etiópia, que aprofundam o sofrimento de famílias que há quase um ano sofrem as consequências da guerra.
"O conflito em Tigray e nas regiões circundantes no norte da Etiópia minou o fornecimento de artigos básicos e paralisou o sistema de saúde, privando as pessoas dos elementos básicos para sobreviver", disse Maurer no encerramento de uma visita de três dias ao país. "As famílias mais vulneráveis não podem se alimentar ou chegar até um estabelecimento de saúde. Elas precisam de auxílio urgentemente e suas vidas estão em perigo. Muitas delas enfrentam possíveis consequências para a saúde no longo prazo".
Centenas de milhares de pessoas deslocadas pelo conflito vivem em condições extremas. Elas chegam às áreas urbanas apenas com suas roupas, dormem em abrigos superlotados, em escolas ou ao ar livre. Há uma grave escassez de água, alimentos, dinheiro, combustível e energia elétrica.
O CICV está trabalhando para auxiliar os civis afetados pelo conflito e pela violência ao longo do país. No entanto, o fornecimento de assistência humanitária foi muito dificultado pelos combates, pela insegurança e pelas limitações ao acesso. O material médico essencial não está conseguindo chegar a algumas das áreas mais afetadas pelo conflito, o que gera uma pressão esmagadora sobre hospitais e centros de assistência à saúde.
Em sua viagem, Maurer se reuniu com a presidente da Etiópia, Sahle-Work Zewde, e com o vice-primeiro-ministro, Demeke Mekonnen, para discutir medidas pragmáticas para facilitar e aumentar a resposta do CICV a essas necessidades humanitárias crescentes. Maurer também se reuniu com funcionários da União Africana e com a equipe de liderança da Cruz Vermelha Etíope, um parceiro fundamental no fornecimento de assistência humanitária.
"Uma ação humanitária neutra e independente é vital, e o fornecimento urgente de ajuda humanitária deve ser priorizado e facilitado pelas partes do conflito, até mesmo – ou especialmente – durante os períodos de combate mais intensos", disse Maurer. "Todas as partes deste conflito têm a reponsabilidade de garantir que civis sejam poupados e protegidos, bem como os feridos e capturados de ambos os lados".
Juntos, o CICV e a Cruz Vermelha Etíope forneceram material para permitir o tratamento médico ou a prestação de serviços de assistência à saúde para mais de 200 mil pessoas, bem como abrigo, utensílios domésticos e artigos de higiene para mais de 300 mil pessoas na Etiópia neste ano. Eles também distribuíram sementes, fertilizante e água entre mais de 100 mil pessoas neste ano para ajudar as pessoas a conseguir seu próprio alimento. O CICV e a Cruz Vermelha Etíope também têm trabalhado para recuperar o contacto entre famílias separadas, com 28 mil telefonemas e 13 mil mensagens entre familiares este ano até agora.
Mais informações:
Florian Seriex (francês), CICV Genebra, fseriex@icrc.org,Tel.: +41 79 574 06 36
Fatima Sator, CICV Adis Abeba, fsator@icrc.org, Tel.: +251 94 410 17 00