Artigo

Guerra no meu país

Cinco fotógrafos mostram o impacto devastador do deslocamento urbano nos seus próprios países.

O deslocamento interno atinge patamares sem precedentes.

A quantidade de pessoas obrigadas a se deslocarem dentro dos seus países, em decorrência de conflitos armados e outras situações de violência, cresceu continuamente neste século – resultando em mais de 40 milhões de pessoas deslocadas internamente no mundo todo em 2016.

Este tipo de deslocamento é cada vez mais urbano, em parte porque as cidades, que são cada vez mais populosas, são palco de conflitos armados e violência, mas também porque as pessoas fogem para as cidades em busca de segurança. Mesmo assim, pouco se sabe sobre a experiência de deslocamento das pessoas em meio urbano e fora dos campos.

Um novo relatório (em inglês) publicado neste semana considera a perspectiva tanto dos deslocados como das pessoas que os acolhem em cidades ao redor do mundo. O documento identifica os enfoques e os desafios do deslocamento urbano, refletindo como fortalecer a resposta humanitária.

Junto com o relatório, pedimos a cinco fotógrafos emergentes que mostrem o deslocamento urbano através das suas lentes.

Queríamos saber: o que significa ser deslocado nas cidades do seus países?

NIGERIA

A fotógrafa nigeriana Rahmi Gambo fotografou em Jiddari Polo, Maiduguri.

As pessoas deslocadas que ela encontrou contaram como saíram de repente das suas casas, com os filhos e nada mais além da roupa do corpo.

"Quando chegava em um lugar, alguém se aproximava e me contava a experiência irritante de ser entrevistado e fotografado e nada acontecer para mudar a qualidade das suas vidas. Então, pedi para que dessem as costas para a câmara.

Dar as costas para a câmara é um ato de resistência. Também demonstra incomodidade e desconforto. A série oscila entre estes sentimentos e a ideia conceitual de deslocamento."

HONDURAS

O fotógrafo hondurenho Delmber Membreno se encontrou com três famílias que tinham sido deslocadas em San Pedro Sula pela violência das gangues.

 

Alguns resistiram às extorsões das gangues, outros foram ameaçados diretamente por causa das atividades dos seus familiares. Todos tentaram sair de Honduras para o México ou Estados Unidos, mas todos eles não conseguiram cruzar a fronteira ou foram enviados de volta para Honduras.

IRAQUE

O fotógrafo iraquiano Hawre Khalid passou muito tempo em Mossul nos últimos anos testemunhando e documentando a guerra.

Para este projeto, ele decidiu fotografar as pessoas que fugiram do oeste da cidade para o leste em busca de segurança.

"As pessoa em Mossul sofreram muito, mais do que eu podia imaginar. A maioria sofreu com dores, perdas, tristeza. A vida deles é dura, mais do que qualquer pessoa possa imaginar, e mesmo assim preferem não ficar nos campos. Me disseram que, fora do campos, eles pelo menos são livres, têm mais privacidade e podem encontrar um trabalho."

AFEGANISTÃO

Farshad Usyan é um fotojornalista baseado em Cabul, Afeganistão, com a reputação de capturar momentos visuais da vida cotidiana poéticos e marcantes. Para este projeto, ele viajou até Herat, na região oeste do país, para explorar a realidade do deslocamento na terceira maior cidade do país.