Líbia: Continuidade da violência aumenta necessidades humanitárias

A violência não dá sinais de ceder. A Líbia ainda é um mosaico de conflitos alimentado por uma pletora de grupos armados com lealdades várias e agendas diversas. Milhares de pessoas foram mortas; outras centenas de milhares foram deslocadas. A situação humanitária continua se deteriorando. O CICV e seu parceiro, o Crescente Vermelho Líbio, redobraram seu apoio aos mais vulneráveis dentre as pessoas encurraladas pela violência.

Com vários conflitos em andamento, em Benghazi, no leste, Trípoli, no oeste, e Sabha, no sul – e em grande parte das regiões intermediárias – a intensidade da violência variou, mas os resultados foram os mesmos: a interrupção de serviços básicos, o encarecimento dos alimentos essenciais, blecautes, a escassez de combustível e água e uma sensação esmagadora de incerteza entre a população. O acesso à assistência à saúde também se tornou extremamente difícil.

"Nós redobramos a nossa resposta às emergências decorrentes da situação atual, mas é extremamente complicado chegar até as vítimas devido aos entraves à segurança", afirmou a chefe da delegação do CICV para a Líbia, Katja Lorenz. "Estamos tentando achar maneiras de ajudar as pessoas de forma mais efetiva. Contudo, para poderem auxiliar as vítimas dos conflitos, os trabalhadores humanitários devem ser respeitados e seu trabalho deve ser facilitado".

Com mais de cem colaboradores líbios trabalhando em todo o país e escritórios operacionais em Trípoli, Benghazi, Misrata e Sabha, o CICV é a maior organização humanitária internacional no campo. No trabalho conjunto com o Crescente Vermelho Líbio, o CICV faz tudo o que pode para aliviar a situação.

"Esperamos que os combates acabem no futuro próximo, mas este é imprevisível e, enquanto isso, a situação humanitária se deteriora", declarou a diretora das operações do CICV para o norte e o oeste da África, Yasmine Praz Dessimoz.

Reforçando a ajuda

Como outras organizações internacionais, o CICV transferiu parte da sua equipe para a Tunísia e desenvolveu novos métodos para trabalhar na própria Líbia. "Nós demonstramos que o nosso novo método de operação funciona. Agora, queremos expandi-lo e chegar a mais pessoas. Em particular, desejamos fornecer mais material médico aos hospitais e mais alimentos e utensílios domésticos básicos às pessoas necessitadas, e ajudar o Crescente Vermelho Líbio a fortalecer sua capacidade", explica Yasmine Praz Dessimoz.

O CICV conta com presença permanente na Líbia desde 2011. É uma das pouquíssimas organizações internacionais ainda presentes e ativas no país e em posição de proporcionar ajuda humanitária. Uma vez que a situação na Líbia não dá muitos sinais de melhoria no curto prazo, a organização e o Crescente Vermelho Líbio continuarão apoiando a população do país e redobrarão seus esforços para satisfazer as necessidades cada vez maiores.

Entre novembro de 2014 e março de 2015, o CICV realizou as seguintes atividades para ajudar a população afetada pelo conflito na Líbia:

• Conjuntamente com o Crescente Vermelho Líbio, distribuiu alimentos a 11,3 mil pessoas deslocadas internas vulneráveis e utensílios domésticos básicos (mantas, colchões, conjuntos de cozinha, lonas impermeabilizadas etc.) para 18,4 mil pessoas em todo o país;
• Entregou material médico e equipamentos para emergências a dez hospitais em áreas afetadas pela violência, em benefício de 12.250 pacientes. O material consiste em medicamentos, curativos, fixadores externos, talas, instrumentos cirúrgicos e materiais para tratamento de pessoas com feridas causadas por armas;
• Organizou cursos de treinamento em cirurgia e atendimento de traumatismos na sala de emergências em Túnis para aproximadamente 50 médicos e cirurgiões da Líbia toda; mais cursos estão agendados para julho de 2015;
• Ajudou o Crescente Vermelho Líbio a tratar os cadáveres das pessoas mortas pela violência e dos migrantes que se afogaram no mar, proporcionando-lhe material para gestão de cadáveres e sacos mortuários;
• Apoiou os departamentos de medicina legal em Trípoli e Benghazi;
• Doou três caminhões ao Crescente Vermelho Líbio a fim de apoiar suas atividades operacionais;
• Assessorou o Crescente Vermelho Líbio;
• Ajudou a manter o contato entre famílias na Líbia e seus entes queridos detidos no exterior mediante a organização de telefonemas, videoconferências e a troca de notícias das famílias (por meio de cumprimentos orais conhecidos como "salamats" e mensagens Cruz Vermelha);
• Forneceu artigos de higiene e roupa a 509 migrantes no Centro Karereem, em Misrata;
• A pedido da embaixada do Senegal, colaborou na repatriação voluntária de 401 migrantes senegaleses, produzindo fotos para seus documentos de viagem;
• Entregou documentos de viagem a uma cidadã da Eritreia e sua filha a fim de que elas pudessem se reunir com sua família na França.