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Brasil: CICV conclui treinamento sobre uso diferenciado da força com policiais militares do Ceará

Alunos são instrutores que vão replicar ensinamentos a novos policiais. Oficina discutiu protocolos operacionais padrão (POPs)
III Curso de Formação de Instrutores em Normas Internacionais de Direitos Humanos Aplicadas à Função Policial

Fortaleza (CE) – Vinte e quato oficiais da Polícia Militar do Ceará (PMCE) concluíram o III Curso de Formação de Instrutores em Normas Internacionais de Direitos Humanos Aplicadas à Função Policial, com 140 horas de carga horária, sendo 80 horas presenciais, em Fortaleza (CE), promovido pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). 

As aulas ocorreram de 25 de novembro a 6 de dezembro de 2024. Na manhã desta sexta-feira (6), eles receberam o certificado de conclusão e participaram do Workshop Protocolos Operacionais Padrão (POPs) sobre Uso Diferenciado da Força da PMCE, com a presença de representantes do Governo Federal, Governo do Ceará, Ministério Público do Ceará, forças policiais e CICV.

III Curso de Formação de Instrutores em Normas Internacionais de Direitos Humanos Aplicadas à Função Policial
R. Carvalho/CICV

O subchefe do Estado Maior do Ceará, coronel Jorge Costa, durante cerimônia de abertura.

O subchefe do Estado Maior do Ceará, coronel Jorge Costa, agradeceu a parceria com o CICV e disse ser uma honra receber os instrutores para contribuírem com a formação dos policiais. Já o  chefe de Operações da Delegação Regional do CICV para Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, Daniel Muñoz-Rojas, afirmou que o CICV e a PMCE tem um diálogo e uma abertura há muitos anos.

 “Ressalto a civilidade e o compromisso da Polícia Militar do Ceará para abrir as portas ao CICV, para entender nosso papel e nossa missão com o objetivo de aliviar o sofrimento das pessoas e das consequências humanitárias”, comentou. E, para ele, é fundamental que o trabalho seja integrado. “Não basta apenas a formação se ela não for acompanhada com a doutrina, não basta o conhecimento se não se realiza na prática. E não basta tudo isso se não houver sistemas de revisão e de controle”, afirmou Muñoz-Rojas.

O chefe do Escritório do CICV em Fortaleza, Mario Gutilla, disse que, colocar em prática as normas de uso da força no dia-a-dia, é importante para o cidadão que vai ser abordado de forma segura. “A PMCE é referência no Brasil nos protocolos operacionais padrão do uso da força”, comentou.

Abertura do evento
R. Carvalho/CICV

Chefe do escritório do CICV em Fortaleza, Mario Guttilla.

POPs

Os POPs foram confeccionados com base nas melhores práticas internacionais e em obediência às normativas nacionais e internacionais que dizem respeito à regulação do uso da força nas ações de aplicação da lei. G

Para exemplificar como os países lidam com a regulação, o responsável do Programa com Forças Policiais e de Segurança da Delegação Regional do CICV, Edmar Martins, falou sobre Uso da Força e sua Regulação na América Latina – Boas práticas, e explicou a importância do Direito Internacional dos Direitos Humanos, qual impacto tem nos países, fundamentos, limites, regulação e desafios atuais do uso da força pelo Estado. 

Edmar Martins
R. Carvalho/CICV

O treinamento contou com 140 horas de carga horária.

As normas de Direitos Humanos geram estabilidade social para que se possa conviver com direitos preservados. E o uso da força pelo Estado é justificado em diversas situações, como preservação da ordem pública, proteção do patrimônio e integridade dos cidadão. “O estado não pode violar os direitos humanos e nem deixar que se violem os direitos humanos. A autoridade pode ser responsabilizada por isso. Os países podem garantir o cumprimento das normas incorporando-as no Direito  Interno, sempre cumprindo os preceitos de proteger, respeitar e garantir”,  afirmou Martins.

Limites do uso da força

Participaram da abertura do seminário o promotor do Centro de Apoio Operacional Criminal do Ministério Público do Ceará, Raphael Nepomuceno, a representante da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), major Ticiana de Lima Soares, e da Secretaria de Direitos Humanos do  Ceará, Rachel Saraiva, além do promotor criminal Raphael Nepomuceno, que  expôs sobre Regulação do Uso da Força: Sua importância no Contexto das Ações de Aplicação da Lei.

Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp)
R. Carvalho/CICV

Representante da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), major Ticiana de Lima Soares.

Para a Senasp, é fundamental a regulação do uso da força, buscando sempre se alinhar aos seus princípios da legalidade, necessidade, proporcionalidade, conveniência e moderação. “Esses princípios precisam ser internalizados por nossas instituições, compreendidos e realmente aplicados, porque é ele que vai construir uma segurança pública de igualdade e um maior respeito aos direitos humanos”, afirmou a major Ticiana Soares.