Comunicado de imprensa

Brasil: familiares de pessoas desaparecidas concluem curso de Articuladores de Grupos e Lideranças

Foto final

São Paulo (SP) – Maria Régia da Silva, mãe de Victor Ruffolo, 38 anos, que está desaparecido desde 2009, conta que se sentia muito acuada ao conversar com familiares de pessoas desaparecidas. Um pouco pela timidez, mas lhe faltava conhecimento na causa para se sentir mais segura ao falar sobre o tema. Depois de participar do curso organizado pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), ela conta que perdeu o bloqueio. “Me vi no meio das outras mais experientes e me sinto igual. Achava que não ia estar à altura de uma reunião assim”, afirmou.

Foto grupal
R. Canato/CICV

Lideranças de familiares de pessoas desaparecidas recebem uma retroalimentação depois de um exercício prático.

Maria Régia faz parte do grupo Mães da Sé e participou do Curso de Articuladores de Grupos e Lideranças de Familiares de Pessoas Desaparecidas. Ela e outros 13 familiares - 12 de São Paulo e 2 do Rio de Janeiro - receberam, nesta terça-feira (18), em São Paulo, certificado de conclusão do treinamento. Desde maio do ano passado, foram 12 encontros em cinco temáticas principais. As representantes de organizações sociais receberam aulas sobre legislação, saúde mental, informações forenses, gestão de projetos e aperfeiçoamento de comunicação. 

A oficial de Proteção da Delegação Regional do CICV para Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai Fernanda Baldo explica que o curso é voltado para familiares com perfil de articulação de grupos, lideranças, líderes e voluntários de organização que trabalham com desaparecimento. “Nosso objetivo é o de desenvolver capacidades das organizações, familiares, voluntários e lideranças para que elas possam se sentir mais seguras e preparadas na realização de suas ações e replicar conhecimentos​ para outros familiares”, disse Fernanda Baldo.

Exercício prático
R. Canato/CICV

Familiares de pessoas desaparecidas foram divididas em grupos para realização de exercício prático.

A responsável pelo Programa de Saúde Mental e Bem-Estar Psicossocial do CICV, Renata Reali, explica que a ideia da temática de saúde mental surgiu depois de observar as necessidades dos familiares ao acolherem novas pessoas que passam pelas mesmas angústias de lidar com uma pessoa desaparecida. “Explicamos os princípios do apoio psicossocial básico e as habilidades essenciais para o acolhimento de outros familiares além de maneiras de fortalecer o apoio mútuo entre eles. Nossa intenção é que eles se sintam mais confortáveis quando uma pessoa chega em um momento emocional mais grave e evitem causar mais danos”, disse.

Para Vera Lúcia Ranú, da ONG Mães em Luta, o aprendizado tem sido constante e se soma ao conteúdo adquirido ao longo dos anos de parceria com o CICV. Ela é mãe da Fabiana Renata Gonçalves, desaparecida em 1992, e é incansável em defender políticas públicas voltadas ao tema no Brasil. “Tivemos aulas sobre assuntos que não conhecíamos. Saímos muito enriquecidos”, considerou.

Mais informações

Fabíola Góis, assessora de Comunicação do CICV em Brasília: 

(61) 98248-7600 fgois@icrc.org