Comunicado de imprensa

Brasil: CICV e IML promovem capacitação em acolhimento a familiares de pessoas desaparecidas

Foto oficial
C. Koff/CICV

Ribeirão Preto - Não há nada mais angustiante para uma mãe ou um pai  que não ter notícias de um filho e demorar muito tempo para receber uma resposta de seu paradeiro. Afinal, a busca por uma pessoa desaparecida começa na delegacia e poderá terminar, lamentavelmente, no Instituto Médico Legal (IML). Para que eles tenham um tratamento acolhedor e individualizado,  o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e o IML de São Paulo realizaram, no dia 13 de junho, a 3ª oficina “Acolhimento e Apoio Psicossocial Básico para Familiares de Pessoas Desaparecidas em momentos específicos de busca”, na Sala de Convenções – Iguatemi, Ribeirão Preto, São Paulo.

O treinamento foi dirigido a 39 servidores do IML-SP que trabalham no atendimento direto aos familiares em busca de informações sobre entes queridos desaparecidos e/ou familiares de pessoas falecidas identificadas e não-reclamadas na região de Ribeirão Preto (e cidades próximas) e Santos. Especialistas dizem que um atendimento mais humanizado pode atenuar sentimentos de angústia, ansiedade e estresse, evitar outros impactos negativos que porventura ocorram durante essa busca e ainda possibilita a colaboração dos familiares para o processo de identificação.

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C. Koff/CICV

Em 2023, o CICV promoveu uma oficina para servidores do IML de unidades do município de São Paulo e região metropolitana e, em 2024, o evento foi realizado   em Campinaso. Uma terceira edição da oficina se fez necessária em razão do volume de casos/demandas dessas regiões (e números de registros de pessoas falecidas identificadas e não-reclamadas) nesses contextos em 2024. 

Após uma apresentação do CICV sobre sua atuação global com pessoas desaparecidas e seus familiares,  especialistas abordaram os resultados de um levantamento realizado nos atendimentos do IML-SP e da Equipe de Assistência Familiar (EAF)-IML/SP, destacando as necessidades dessa população no momento do acolhimento. 

À tarde, a programação teve como foco aspectos psicossociais do atendimento: como oferecer um acolhimento adequado aos familiares de pessoas desaparecidas em momentos específicos de busca, lidar com estigmas e preconceitos dos profissionais para com a população que busca informações e dar notícias difíceis com sensibilidade e empatia. 

Foto CICV
C. Koff/CICV

Também ocorreram momentos de reflexão sobre autocuidado dos profissionais que atuam nessa área, reconhecendo os impactos emocionais desse tipo de trabalho. “Afinal, para oferecer um acolhimento adequado, com respeito, dignidade e humanidade é necessário que o profissional esteja bem”, considerou  a responsável pelo programa de Saúde Mental e Apoio Psicossocial (SMAPS) da Delegação Regional do CICV para Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, Renata Reali.

A oficina, que incluiu simulações e exercícios práticos, representou uma oportunidade para que os servidores do IML-SP compartilhassem relatos dos desafios envolvidos no acolhimento a esse público. Segundo os organizadores, a capacitação e sensibilização das equipes que atendem familiares é fundamental para garantir dignidade e respeito em momentos de extrema vulnerabilidade. 

Para o coordenador forense da Delegação Regional do CICV, Frederico Mamede, existe também um componente técnico em uma acolhida adequada de um familiar de pessoa falecida ou de pessoa desaparecida. “São as famílias que têm as informações que levarão à identificação da pessoa falecida e para isso elas precisam entender o processo forense. Esse entendimento passará por um bom acolhimento e uma boa comunicação”, explicou.

Como o CICV atua

A atuação do CICV na temática do desaparecimento tem três enfoques: apoio para a compreensão deste fenômeno, através da publicação de documentos técnicos e da realização de cursos; colaboração com as autoridades na construção de mecanismos de busca capazes de responder ao problema e serviços de atenção aos familiares nas suas múltiplas necessidades; e, por fim, fortalecimento das organizações de familiares para que possam participar ativamente da elaboração de políticas públicas e se apoiar mutuamente.

O CICV tem atuado em São Paulo e Fortaleza no apoio técnico a autoridades e a sociedade civil para enfrentar o desaparecimento de pessoas. A iniciativa inclui participação em grupos de trabalho, capacitações, intercâmbios de experiências e o acompanhamento de ações públicas.

Mais informações

Fabíola Góis, assessora de Comunicação do CICV em Brasília: 
(61) 98248-7600
fgois@icrc.org