Filipinas: ajuda financeira para a sobrevivência das famílias deslocadas em Zamboanga
O programa de assistência financeira é parte integral do apoio fornecido pelo CICV e a Cruz Vermelha Filipina, muito necessário à população deslocada que ainda tenta se recuperar da destruição dos seus meios de subsistência e bens.
Denusman Wadjarani, vendedor de carvão de 38 anos, perdeu a casa dele na cidade de Zamboanga durante as hostilidades de setembro de 2013 na ilha de Mindanao, Filipinas. Desde então, ele e a família de quatro pessoas consideram o estádio Joaquin Enriquez, que está lotado, como a casa deles. Este, um dos 13 centros de evacuação em Zamboanga, abriga aproximadamente 16 mil evacuados.
Em 19 de dezembro de 2013, Wadjarani esperava pacientemente na fila com membros de outras 5,4 mil famílias. Eles faziam parte do programa de assistência financeira do CICV e da Cruz Vermelha Filipinas para as pessoas que continuavam deslocadas após um período de quatro meses. Este apoio, de breve duração, permite aos beneficiários que comprem comida e outros artigos de primeira necessidade diretamente dos mercados locais, bem como contribui aos empreendimentos de subsistência, recuperando, desse modo, a economia local e a dignidade dos beneficiários.
"Vou usar este dinheiro para começar um negócio de ensacamento e venda de carvão com 10 sacos inicialmente", afirmou, com alegria, Wadjarani, que já tem experiência como vendedor do produto. "Posso até comprar frutas para meus filhos".
As famílias empregam o dinheiro de várias formas
Cerca de 10 mil estruturas residenciais, públicas e comerciais foram queimadas ou danificadas durante os confrontos armados de 2013 entre as forças governamentais e a Frente Moro de Liberação Nacional. "A minha casa de 43 anos em Santa Barbara foi totalmente queimada. Eu costumava costurar roupas, mas a minha máquina de costura foi destruída no incêndio. A minha vida está em pedaços", conta Jahara Buklao, viúva de 61 anos, que vive em uma barraca no estádio Enriquez. "O dinheiro que recebi da Cruz Vermelha me deu esperanças para começar uma vida nova. Vou comprar agora peixe e pangi (mandioca) e abrir um pequeno armazém aqui no estádio", explica, com lágrimas nos olhos, esta mãe de oito filhos.
O programa de assistência financeira adapta-se às diferenças culturais. Por exemplo, Nida Abukabar, de 45 anos, da minoria étnica de pescadores Badjao, planeja usar o dinheiro para comprar pangi e peixe, preferidos pela comunidade dela, como nos conta, ao invés do arroz e sardinha que costumam ser distribuídos. "Estou contente porque meu marido vai empregar parte do dinheiro para comprar combustível para o barco a motor que usamos para pescar", acrescenta.
O presente e o futuro
O programa conjunto das duas organizações dá prioridade às famílias de deslocados nos 13 centros de evacuação em Zamboanga, embora sejam também beneficiados os deslocados em outros lugares como a costa de Cawa Cawa, onde Nida e outros membros da comunidade Badjao se abrigaram. O programa de assistência financeira para os deslocados continuará até o fim de 2014, enquanto outros métodos de amparo aos meios de subsistência são estudados.