A violência deflagrou-se novamente na capital Bangui nas últimas semanas, com relatos de roubos à mão armada e sequestros nos bairros no norte da cidade. Como consequência, os profissionais humanitários foram obrigados a restringir os seus movimentos, o que poderia dificultar as operações de ajuda, tendo um impacto nocivo sobre as comunidades que dependem da ajuda humanitária.
Enquanto isso, em outros vilarejos e aldeias, os crimes são comuns e os civis continuam suportando o fardo da violência causada por grupos armados. No dia 27 de janeiro, por exemplo, as tensões resultantes da presença de homens armados viraram confrontos que se alastraram a diversas aldeias entre Kaga Bandoro e Botto. Muitas pessoas fugiram para Kaga Bandoro em busca de segurança.
A maioria dos habitantes de M'brès, uma aldeia a 90 quilômetros ao sudeste de Kaga Bandoro, também foi obrigada a abandonar as suas casas em dezembro devido aos combates entre grupos armados. O vilarejo de Bambari também foi palco da violência no final de 2014. Como acontece com frequência, os civis foram alvos de atos de represália perpetrados por homens armados, que saquearam as suas propriedades e incendiaram as suas casas.
Em Botobadjia, Ndassima e outras aldeias nos arredores de Bambari, muitas pessoas foram feridas e diversas outras, mortas, em confrontos entre grupos armados. Milhares de pessoas que tentavam voltar para casa no início de janeiro foram obrigadas a voltar para campos improvisados ou se refugiar outra vez na mata.
A situação em vilarejos e aldeias no interior gera uma importante preocupação humanitária. Na aldeia de Gbangou, localizada entre Damara e Bouca, a 210 quilômetros ao norte de Bangui, mais de mil pessoas se escondem na mata há semanas por temerem pela sua segurança. Mais de 200 casas foram incendiadas por homens armados.
"A organização continua lembrando a todas as partes em conflito e a todos os portadores de armas que não podem atacar os civis e que devem poupar todas as pessoas que deixaram de participar das hostilidades", afirmou o chefe da delegação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) no país, Jean-François Sangsue.
Entre 17 de novembro de 2014 e 25 de janeiro de 2015, junto com os voluntários da Cruz Vermelha Centro-Africana, o CICV:
- Visitou e assistiu mais de 650 detidos em vários centros de detenção em todo o país;
- Restabeleceu o contato entre mais de 90 famílias e os seus parentes deslocados;
- Realizou mais de 800 consultas médicas no hospital comunitário de Bangui;
- Realizou mais de 7 mil consultas médicas no hospital de Kaga Bandoro;
- Vacinou mais de 250 crianças com idades entre 0 e 12 meses contra o tétano, assim como 180 mulheres em idade fértil em Kaga Bandoro;
- Realizou mais de 150 operações no hospital comunitário em Bangui e mais de 30 no hospital de Kaga Bandoro;
- Atendeu pelo menos dez vítimas de violência sexual em Kaga Bandoro;
- Tratou de 1,7 mil casos de malária em Rafaï, Obo e Birao;
- Distribuiu cestas alimentares contendo sal, óleo vegetal, arroz e feijão para 18 mil pessoas deslocadas em Bangui;
- Forneceu utensílios domésticos essenciais para 2,4 mil pessoas deslocadas em Ndassima, entre Bambari e Ippy;
- Distribuiu sementes de boa qualidade e ferramentas agrícolas para 730 pequenos agricultores em Kaga Bandoro e Birao para que pudessem retomar os seus meios de subsistência;
- Fez entregas diárias de 200 mil litros de água potável para pessoas deslocadas em um campo improvisado no aeroporto de Bangui;
- Manteve o abastecimento de água potável no vilarejo de Ndélé, entregando 250 mil litros de água por intermédio da rede da agência nacional de recursos hídricos (Sodeca);
- Entregou quase 2,5 milhões de litros de água no total para pessoas deslocadas em Kaga Bandoro;
- Fez entregas diárias de 50 mil litros de água para pessoas deslocadas que se refugiavam na base militar de Operation Sangaris, em Bambari;
- Fez entregas diárias de água potável para o hospital regional de Bambari;
- Realizou palestras de conscientização sobre as atividades da Cruz Vermelha para mais de 700 representantes de grupos jovens e de mulheres em vários distritos de Bangui;
- Realizou um seminário de treinamento em Bangui sobre proteção para jornalistas segundo o Direito Internacional Humanitário (DIH), que contou com a presença de 40 profissionais das estações de rádio comunitárias.
Mais informações:
Germain Mwehu, CICV Bangui, tel: +236 75 64 30 07
Thomas Glass, CICV Genebra, tel: +41 22 730 31 49 ou +41 79 244 64 05
Fotos: CC BY-NC-ND/CICV/Berrad Ahmed/Ronald Kradjeyo