Página arquivada:pode conter informações antigas

Quênia: como lidar com traumatismos

12-06-2009 Reportagem

No Quênia os acidentes de trânsito, a violência armada e outros incidentes mutilam e matam um grande número de pessoas a cada ano. Para os feridos, nem sempre é fácil ter acesso ao atendimento médico. O CICV recentemente organizou uma oficina em Nairóbi para ajudar a aperfeiçoar as habilidades dos médicos no tratamento de pacientes com traumatismos.

Em parceria com o Ministério da Saúde queniano, o CICV recentemente conduziu um curso de treinamento em sala de emergência de traumatologia, o primeiro do gênero a ser realizado em Nairóbi. A oficina de três dias reuniu 21 participantes, em sua maioria médicos, clínicos e alguns enfermeiros dos distritos de Voi, Makindu, Naivasha, Nakuru, Kisumu, Thika e Eldoret, onde o Ministério está montando mais centros de resposta emergencial.

Dois cirurgiões do CICV, Harald Veen e Mauro Dalla Torre, viabilizaram o curso, cujo objetivo era atualizar o conhecimento dos participantes quanto à abordagem primária do tratamento de pacientes com traumatismos. A abordagem primária é um método seguro e confiável de avaliar e cuidar de um paciente ferido. O ideal é que os pacientes com ferimentos mais graves sejam tratados primeiro'' , explica Harald Veen. " Em qualquer emergência, o primeiro passo é lidar com as situações de traumatismo é estabelecer uma via aérea segura para o paciente, restabelecer seu mecanismo de respiração e manter a circulação do corpo. A natureza dos ferimentos pode variar, mas o básico continua o mesmo " . Além disso, a triagem, que é estabelecer as prioridades ao lidar com muitas vítimas, foi alguns dos temas abordados durante o curso.

     

    © ICRC/A. Mucheke      
   
    Harald Veen demonstrada como usar protetor de pescoço.      
         

Ele afirmou que nem sempre dar um diagnóstico definitivo foi importante. " O tempo é essencial para prevenir outros danos " . Ele observou que, embora todos os casos sejam considerados de igual importância de acordo com a abordagem primária, espera-se que os médicos prestem atenção especial às mulheres, sobretudo as grávidas, e às crianças.

Em uma sessão prática, os participantes simularam o tratamento de traumatismo nos membros, na cabeça e na espinha, algo que eles enfrentam em inúmeras situações do dia-a-dia quando lidam com vítimas de acidentes de trânsito no Quênia. As sessões práticas se concentraram no tratamento de emergências graves e em como identificar situações de risco de morte e outras que exigem atendimento imediato. O principal dos exercícios foi lembrar que em uma sala de emergência um médico deve manter a calma, mesmo sob pressão.

  O fundamento por trás da oficina  

     

     
    © ICRC/A. Mucheke      
   
    Participantes do curso durante as sessões práticas.      
         

O diretor adjunto de serviços médicos, John Masasabi Wekesa, disse que o curso contribuiu para o Ministério da Saúde, que está em processo de montar centros de resposta emergencial em praticamente todos os hospitais no Quênia.'' Como ministério, percebemos a necessidade de montar centros de resposta emergencial em nossos principais hospitais para lidar com o fluxo de pacientes gravemente geridos. Em 2008, montamos centros pilotos em Voi e Naivasha, e estamos ampliando para o resto do país'' , explicou.'' Nosso objetivo é capacitar dez médicos em cada um dos 202 hospitais no Quênia para ser parte das equipes de resposta emergencial'' , acrescentou. Ele acredita que a falta de acompanhamento para os médicos que foram treinados até agora no programa é o maior desafio.

O C ICV já havia trabalhado com o Ministério da Saúde no aumento da capacidade dos médicos locais. Durante conflitos armados e outras situações de emergência, o CICV tem um mandato para proteger e assistir as vítimas. Em 2008, depois da violência pós-eleição, foram realizadas duas oficinas em Nyanza e nas províncias do leste sobre a preparação para emergências e o tratamento de feridos por armas. Os que participaram do curso em Nairóbi já têm experiência prática em lidar com pacientes com traumatismos, já tendo lidado com o fluxo de vítimas de violência. O curso complementa sua experiência com a teoria.

Eles consideram útil e sentiram que o aspecto prático dos cursos lhes ajudaria a melhorar a forma como lidam com as emergências que encontram no trabalho. Como John Simiyu, da Universidade Moi, em Eldoret, disse, " A profissão médica é um desafio diário e esta oficina ajudou a nos manter atualizados quanto aos novos avanços no campo " . Acrescentou que o curso também lhes deu a oportunidade de trocar experiências com colegas.