Quênia: ajudando mitigar a angústia das famílias separadas
08-02-2008 Reportagem
Com uma operação de ajuda em larga escala para as pessoas deslocadas pela violência, a Cruz Vermelha do Quênia e o CICV estão tentando localizar e reunir familiares que foram separados no tumulto. Reportagem em Nakuru, no Rift Valley.
“Eu estava tão triste, não podia comer, pensei que meus filhos já estariam mortos agora”, disse Mildred Akinyi. Ela havia acabado de sair do hospital quando sua vila foi atacada em meados de janeiro. Ela descreve como fugiu com parte da sua família para uma igreja local enquanto seus dois filhos mais velhos fugiram em outra direção. Na manhã seguinte ela procurou por eles, mas não teve sucesso.
Cerca de uma semana mais tarde, através do trabalho da Cruz Vermelha do Quênia, Mildred reencontrou com seus filhos, Frederick (18) e Washington (16). “Recuperei minhas forças”, diz ela. A família está morando no estádio de Nakuru, em um acampamento para pessoas deslocadas no Rift Valley Central.
“A Cruz Vermelha me ajudou muito”, diz ela. “Eles encontraram meus filhos e aqui no acampamento estão alimentando a minha família, me deram roupas e conseguiram uma tenda”.
Rosebella Akinyi, da Cruz Vermelha do Quênia, explica: “Nós estamos fornecendo alimento, artigos domésticos básicos e estamos reforçando as instalações de saneamento e água. Uma organização internacional de serviços forneceu as tendas e outra ONG internacional está operando uma clínica médica no acampamento. A Cruz Vermelha está oferecendo aconselhamento e ajuda psico-social como também serviços de busca para tentar reunir famílias separadas”.
Forçada a fugir com um dia de vida
Em algum lugar do acampamento do estádio, Joshua Odhiambo está descansando com a sua mulher Mary Akoth. A filha recém nascida deles, Willistein, dorme sobre um cobertor entre eles. Ela tinha um dia de vida quando eles foram forçados a fugir. “Passamos a primeira noite em outro acampamento e dormimos no frio”, diz ela. “Nossa casa e nossos pertences foram queimados”. O casal recebeu ajuda do serviço de aconselhamento da Cruz Vermelha. “A vida em um acampamento com um recém-nascido é muito estressante, particularmente para a minha esposa”, ele explica. “Não é um lugar saudável para um bebê, faz muito calor na barraca e eu não posso estar sempre aqui para ajudá-la como ela gostaria”. Mas, ele adiciona, graças à Cruz Vermelha eles têm pelo menos uma barraca, leite para a esposa e algum alimento.
Em outra parte de Nakuru, o estádio de shows abriga um acampamento para milhares de pessoas deslocadas de origens étnicas diferentes das daqueles no estádio. Na barraca de buscas da Cruz Vermelha d o Quênia, Jane Wangari abraça sua filha de 12 anos, Catherine. Elas estiveram separadas por mais de uma semana, cada uma em acampamentos diferentes, antes de serem reunidas pela Cruz Vermelha. “Eu estava muito preocupada e não podia dormir”, diz a mãe. “Em todos os lados me diziam para ir à Cruz Vermelha, e eles me ajudaram muito”.
Outros ainda continuam suas buscas na barraca de buscas da Cruz Vermelha no acampamento do estádio de shows. Anne Njoki Mungai balança sua filha de dois anos no braço. Ela está procurando pelo filho, Joseph, de 14 anos que foi separado dela no dia 29 de dezembro, dia em que os resultados das eleições foram anunciados. “Ainda tenho esperanças de encontrá-lo”, diz ela.
O CICV está trabalhando juntamente com a Cruz Vermelha do Quênia, no treinamento dos voluntários, além de dar suporte e conhecimentos técnicos para as atividades de busca.
“O fato de não saber onde andam seus familiares, especialmente as crianças, pode ser uma experiência muito traumática,” diz Caroline Rouvroy, coordenadora de Proteção do CICV em Nairobi. “É por isso que a busca é um serviço essencial da Cruz Vermelha em tempos de desastre ou conflito em qualquer lugar do mundo”.