Quênia: unindo esforços para levar socorro emergencial ao Paquistão
27-08-2010 Entrevista
Desde o início da crise no Paquistão, o CICV tem feito o possível para levar socorro emergencial, usando todos os recursos disponíveis, inclusive na África. O chefe do Centro Regional de Logística do CICV em Nairobi, Philippe Mons, explica como sua equipe está se envolvendo na questão.
O Centro Regional de Logística está apoiando a operação de emergência no Paquistão. Que tipo de assistência está sendo enviada do Quênia?
Há mais de duas semanas, minha equipe no Centro Regional de Logística tem trabalhado muito na operação de emergência no Paquistão. Nairobi é um centro de atividades regional em termos de logística e socorro humanitário. O CICV, portanto, decidiu recorrer a esses recursos para poder entregar os artigos de socorro o mais rápido possível para as pessoas necessitadas no Paquistão.
Até o momento, sete aviões fretados já partiram de Nairobi nas últimas duas semanas com destino a Peshawar ou Islamabad, todos completamente carregados com u tensílios domésticos essenciais. Um grande número de artigos, incluindo um total de 30 mil cobertores e quase 77 mil lonas para construir abrigos de emergência, deixou nossos galpões. No total, os aviões carregavam quase 450 toneladas de artigos de socorro do Quênia para o Paquistão nas últimas duas semanas.
E este apoio emergencial ao Paquistão foi um esforço conjunto?
Sim, de fato foi um esforço conjunto no sentido que a aeronave com os artigos de socorro deixou Nairobi, assim como Amã, Genebra e Kuala Lumpur. Definitivamente nos beneficiamos do fato de o CICV ser uma organização humanitária bem-estabelecida com importantes centros de logística no mundo inteiro. Em uma crise aguda como esta, podemos reagir de maneira rápida. No momento, em Nairobi, nossos estoques de emergência estão quase esgotados, mas já fizemos pedidos de reposição e devemos estar reabastecidos completamente de novo no final de setembro.
Esta operação também é um esforço conjunto no sentido que estamos trabalhando com nossos parceiros do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. Como não tínhamos lençóis plásticos suficientes disponíveis em nossos armazéns em Mombasa e Nairobi, pedimos à Cruz Vermelha Queniana e à Federação Internacional de Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho que nos ajudassem. A Cruz Vermelha Queniana pôde nos ajudar com 15 mil conjuntos de lonas plásticas e a Federação com outros 3,5 mil. Isso tudo faz uma grande diferença.
O Centro Regional de Logística tem estado muito mais agitado do que o normal. Como sua equipe está lidando com essa carga de trabalho adicional?
Temos o orgulho de dizer que estamos administrando esta primeira fase da emergência sem negligenciar as operações em curso na região. Cons eguimos atender todos os pedidos pendentes ao mesmo tempo, apenas adiando alguns poucos pedidos menores por duas ou três semanas no máximo. Isso implica também carregar os aviões à noite, algumas vezes, e minha equipe tem feito um trabalho notável, trabalhando muitas horas extras. Também devo mencionar que recebemos muito apoio dos colegas da delegação regional do CICV em Nairobi, assim como da delegação para a Somália, baseada em Nairobi.
Há muitos anos, com exceção dos trágicos incidentes de violência pós-eleitoral em 2008, o Quênia é um país estável como uma infraestrutura relativamente boa – o porto de Mombasa, a ferrovia e a estrada para os lagos. Por isso que anos atrás o Comitê montou centros de logística e apoio aqui para nossas delegações nos países limítrofes e arredores. Em momentos como este, durante uma operação de emergência, quando todos unem esforços, é que esta estratégia prova ter sido a escolha correta e é muito bom fazer parte dessa equipe.