Quirguistão: CICV ajuda hospitais do país a atender vítimas de violência
08-04-2010 Entrevista
Um dia depois dos violentos confrontos entre manifestantes e forças de segurança em Bishkek, o chefe de operações do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para a Europa Oriental e Ásia Central, Pascale Meige Wagner, avalia a situação humanitária na capital do Quirguistão e arredores.
Como o CICV avalia a atual situação humanitária no Quirguistão?
Dezenas de pessoas foram mortas e muitas foram feridas durante os confrontos entre manifestantes e forças de segurança em Bishkek ontem. Não temos números precisos, mas nossos delegados na capital confirmam que três hospitais de referência em Bishkek estão tratando mais de 500 feridos. Há relatos de saques durante a madrugada e a situação de segurança permanece claramente volátil. Hoje mais cedo, se escutavam tiros e grupos de pessoas se rendiam às forças de segurança. No entanto, a situação no geral p arece mais tranquila. Não há relatos de violência em grande escala e as multidões estão se dispersando depois de a oposição ter pronunciado que havia assumido o poder. Houve confrontos em outras partes do país, mas até o momento, temos poucas informações sobre isso. Nossa equipe em Osh informou que multidões se reuniram na praça central esta manhã, mas parecia que a calma retornava.
Qual é sua principal preocupação hoje?
Estamos preocupados com a grande perda de vidas humanas e como fato de tantas pessoas estarem feridas. Continuamos pedindo a todos os envolvidos que demonstrem moderação e respeito aos princípios humanitários. Ao restabelecer a segurança, os responsáveis por tomar decisões devem respeitar os padrões internacionais que regem o uso da força em todas as circunstâncias. Os acontecimentos das últimas 48 horas mostram que o respeito à equipe médica, às ambulâncias e aos centros médicos e ao emblema da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho é essencial para uma resposta humanitária adequada. Continuaremos intervindo com as autoridades e outros envolvidos para assegurar que o Crescente Vermelho Quirguiz, em particular, possa cumprir seu papel de entidade auxiliar das autoridades de saúde do Estado.
O que o CICV está fazendo?
Nossa prioridade em Bishkek são as necessidades médicas imediatas. No momento, os hospitais estão pedindo material e não equipe médica, portanto nossos três médicos estão levando material de primeiros socorros para os hospitais que estão atendendo os feridos. Esses centros já começaram a sofrer com a falta de suprimentos poucas horas depois de os confrontos terem se iniciado. Nossas equipes também entregaram bolsas de sangue para vários hospitais depois que o Ministé rio da Saúde quirguiz nos informou sobre a escassez do mesmo. Estamos agora trabalhando com nossos parceiros do Crescente Vermelho Quirguiz para encontrar maneiras de aumentar a coleta de sangue. Enquanto isso, continuaremos avaliando a situação médica na capital. Amanhã, uma equipe conjunta do CICV e do Crescente Vermelho Quirguiz partirá para a cidade de Talas, ao norte do país, para levar suprimentos de primeiros socorros aos hospitais da região. Continuaremos trabalhando em conjunto com o Ministério da Saúde e o Crescente Vermelho Quirguiz para apoiar os centros médicos de referência da melhor maneira possível. Devido ao grande número de mortos, também estamos fornecendo sacos funerários ao instituto médico legal local e melhorando sua capacidade de evacuar os corpos de maneira que se respeite a tradição local e, ao mesmo tempo, assegurando que seja possível identificá-los no futuro.
Como o CICV está organizado no Quirguistão?
Atualmente, temos 35 funcionários no Quirguistão, incluindo 11 internacionais. Além de nossa missão em Bishkek, temos um escritório no sudoeste da cidade de Osh e equipes médicas em ambos os locais. A equipe do CICV no Quirguistão trabalha com nossa Delegação Regional em Tashkent, que supervisiona as atividades da organização na Ásia Central. Estarmos presentes em Bishkek muito antes dos acontecimentos de ontem nos permitiu agir de maneira rápida, embora em uma escala modesta. O CICV está presente em toda a região, precisamente para poder responder a situações de violência.
Veja também nosso comunicado de imprensa