AGNU: Liderança política necessária para resolver crises humanitárias

24 setembro 2018

(Nova York) – O presidente do CICV, Peter Maurer, presidirá uma delegação na semana de Alto Nível da Assembleia Geral da ONU, fazendo um apelo aos líderes mundiais para demonstrar liderança política nas crises humanitárias.

"Em uma época em que a diplomacia multilateral parece estar fracassando, os líderes mundiais devem trabalhar arduamente para minimizar o sofrimento das pessoas durante as guerras e quando elas surgem", afirmou Peter Maurer. "O CICV observa, no terreno, como as necessidades humanitárias continuam não sendo atendidas, mesmo quando as linhas de frente militares foram movidas. Instamos os líderes políticos a negociarem, esta semana, novas soluções para terminar com os conflitos."

A delegação do CICV na Assembleia Geral da ONU também incluirá o diretor-geral, Yves Daccord; o observador permanente do CICV nas Nações Unidas, Robert Mardini; e a Diretora Regional para as Operações na África, Patricia Danzi.

O CICV participará dos painéis de Alto Nível sobre a Síria, Iêmen, Myanmar e Sudão do Sul, entre outros temas importantes, assim como realizará reuniões com os Estados Membros da ONU para que assegurem a proteção dos civis como uma prioridade.

"O CICV é uma organização apolítica, mas somos afetados pelas decisões políticas", declarou Maurer. "Porém, são os civis que sofrem com o peso das decisões políticas - ataques indiscriminados, detenções ou maus-tratos que alimentam novos ciclos de violência, ou a dor da separação das famílias. Estamos aqui para deixar claro aos líderes que eles podem fazer mais para acabar com o sofrimento."

Existem maneiras práticas de proceder para isso:

1. Assegurar-se de que as batalhas não sejam travadas como uma punição coletiva. O modo em que as hostilidades são conduzidas importa: por exemplo, atacar de modo indiscriminado e desproporcionado em áreas urbanas ou alvejar os serviços e infraestrutura civis. Como os vitoriosos poderão manter a paz se as pessoas acharem que eles violaram as normas ou a humanidade básica dos cidadãos locais?

2. Ajudar os cidadãos a se recuperarem com a tomada de medidas decisivas para garantir as oportunidades econômicas. As próprias populações são as que melhor sabem do que precisam. A ajuda externa deve colocar o poder decisório nas mãos das pessoas afetadas, já que serão elas que reconstruirão as suas comunidades e recuperarão os negócios e os empregos.

3. Auxiliar no movimento populacional de regresso às suas casas: com condições. Acolhemos o Pacto Global sobre Migração, mas lembramos que as pessoas somente devem voltar para as suas casas se - e somente neste caso - a situação de segurança estiver estável e a escolha for delas.

4. Priorizar a reunificação das famílias separadas e facilitar o fluxo de informações sobre a sorte dos desaparecidos e mortos. Alguns conflitos deixam legados que atravessam gerações. Os líderes podem agir agora para dar respostas e um desfecho para as centenas de milhares de famílias com parentes desaparecidos.

5. Tratar os detidos com humanidade. O modo em que as pessoas são detidas é extremamente importante para o futuro. Podemos escolher terminar com os ciclos de vingança antes que eles comecem, ou podemos ignorar os maus-tratos e contribuir para mais ódio, ressentimento e violência.

6. Os países que apoiam as partes em conflitos armados devem usar a sua influência para fazer com que os combatentes tenham uma atitude de respeito pelo Direito Internacional Humanitário. A conduta legal no campo de batalha é de responsabilidade inicial dos combatentes e comandantes, mas também dos que os apoiam, em especial com o envio de armas.