Aleppo: é preciso fazer o possível para proteger os civis à medida que os enfrentamentos recrudescem

01 dezembro 2016
Aleppo: é preciso fazer o possível para proteger os civis à medida que os enfrentamentos recrudescem
Os edifícios destruídos se estendem pelas ruas de Masaken Hanano, um dos bairros no leste de Aleppo.

A chefe do escritório do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) na Síria, Marianne Gasser, faz um apelo a todas as partes em conflito em Aleppo para que façam o possível para proteger a população civil. Desde a escalada da violência no leste de Aleppo nos últimos dias, pelo menos 30 mil pessoas fugiram para o lado oeste da cidade, enquanto inúmeras outras fugiram para outras partes. Esse número deve aumentar, possivelmente em dezenas de milhares mais.

"As pessoas que estão fugindo correm muitos riscos. Há bombardeios, explosões, franco atiradores. As pessoas deixaram praticamente tudo para trás", afirmou Gasser, em Aleppo.

"Deve-se garantir que elas tenham proteção e passagem segura. Fazemos um apelo a todas as partes para que garantam isso. No CICV estamos prontos para ajudar, mas corresponde às pessoas envolvidas no conflito a proteção dos civis."

O CICV e o Crescente Vermelho Árabe Sírio tiveram acesso a Masaken Hanano para poder avaliar as condições de vida das pessoas que decidiram voltar quando for possível. Hanano esteve sitiada e agora foi reconquistada pelas forças governamentais após um intenso enfrentamento.

"O lugar está deserto e há muita destruição pela estrada. A cidade de Aleppo e as áreas rurais ao sudeste já receberam milhares de pessoas deslocadas. Mais pessoas continuam chegando oriundas do leste. Em condições deploráveis. O principal desejo delas é poder voltar para as suas casas", declarou Gasser.

As pessoas que conseguiram fugir, abandonaram as áreas controladas pelo governo a pé no oeste ou atravessaram para o norte, em direção a Sheikh Maksood e arredores. A maior parte vinha de Hanano, Haydaryee, Inzarat, Beedeen, Sakhour, Shaar, Katrji, Jabal Badro e outras partes do leste de Aleppo. Elas são depois levadas pelas autoridades a dois abrigos coletivos em Jibreen e Mahalej, onde o Crescente Vermelho Árabe Sírio, o CICV e organizações locais atendem e prestam assistência humanitária básica.

Equipe do Crescente Vermelho Árabe Sírio presta atendimento médico às pessoas que fogem de Aleppo. CC BY-NC-ND / CICV / Sana Tarabishi

O Crescente Vermelho Árabe Sírio enviou equipes médicas móveis para atender os doentes, feridos e desnutridos. As equipes trabalham 12 horas por dia e desde o dia 27 de novembro já atenderam mais de 2,5 mil pessoas. Como os abrigos carecem de infraestrutura, o CICV e o Crescente Vermelho Árabe Sírio providenciaram tanques de água de emergência e instalações sanitárias, além de alimentos, cobertores e colchões. Com os desdobramentos da situação, as organizações estão aumentando a sua resposta para lidar com os recém-chegados.

"Vimos ônibus chegando com mais e mais pessoas. Enquanto estávamos aqui, chegavam centenas de pessoas por hora. As condições são muito difíceis. As pessoas estão em estado de choque. Estão cansadas e com frio, muitas ainda estão cobertas de poeira e precisam de atendimento médico. É desolador", concluiu Gasser.

"É tudo muito básico. Primeiro, precisamos garantir condições dignas para essas pessoas. Como estes abrigos eram fábricas de algodão, existe um galpão onde cerca de15 mil pessoas podem ser alojadas."

Para mais informações ou agendar entrevistas:

Pawel Krzysiek, CICV Damasco, +963 993 700 847
Ralph El Hage, CICV Amã, +962 7 7845 4382
Krista Armstrong, CICV Genebra, tel: +41 79 447 37 26