Declaração da presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Mirjana Spoljaric, sobre Gaza e Israel

Genebra (CICV) – Cinco meses após a escalada das hostilidades, que começou com os horríveis acontecimentos em Israel no dia 7 de outubro, a situação na Faixa de Gaza se agrava com o passar das horas. Não há lugar seguro para as pessoas irem. O número de civis mortos e o contínuo cativeiro das pessoas tomadas como reféns são chocantes e inaceitáveis.
Comunicado de imprensa 09 março 2024 Israel e territórios ocupados

Essa guerra brutal rompeu qualquer sentido de humanidade compartilhada. Diante de tão profundo sofrimento, fazemos três apelos urgentes:


• A cessação das hostilidades para permitir que uma assistência significativa chegue às pessoas necessitadas.
• Que as pessoas mantidas como reféns pelo Hamas sejam libertadas incondicionalmente e que a dignidade, a segurança e as necessidades médicas delas sejam atendidas. O CICV reitera o apelo que fez para visitar as pessoas mantidas como reféns.
• Que os palestinos detidos sejam tratados com humanidade e possam se comunicar com a família. O CICV deve ser notificado e autorizado a visitar os palestinos detidos em Israel.

Um fluxo constante e robusto de ajuda humanitária que responda às necessidades é apenas parte da solução. O alívio da catástrofe humanitária em Gaza começa com uma vontade clara e medidas que salvaguardem a vida civil e a dignidade humana, o que significa que ambos os lados devem conduzir as suas operações militares de uma forma que poupe a população civil encurralada.

A única forma de conseguir isso é que as partes respeitem estritamente o Direito Internacional Humanitário (DIH), o que significa preservar a vida, a dignidade e a humanidade de todas as pessoas afetadas por conflitos armados, independentemente do lado em que estejam. É a linha entre a humanidade e a barbárie. Os princípios de distinção, proporcionalidade e precaução devem ser aplicados na prática para atingir o seu propósito: que a preservação da vida e da saúde da população civil seja a regra, não a exceção.

Como potência ocupante, Israel deve satisfazer as necessidades básicas da população ou facilitar a prestação segura e desimpedida de ajuda humanitária.

O DIH proporciona uma saída para a espiral descendente que vemos atualmente. Todos os Estados – na verdade, toda a humanidade – têm interesse nisso.

O respeito pelo DIH não só preserva a humanidade contra o inimigo, mas preserva a nossa própria humanidade, tanto hoje como no futuro. Neste conflito, como em todos os outros, a comunidade internacional deve fazer do respeito pelo DIH e da sua implementação uma prioridade política.

O CICV está à disposição para servir como intermediário neutro – um terceiro confiável e experiente – facilitando os aspectos humanitários de qualquer acordo político alcançado pelas partes, condicionado à provisão do acesso necessário e das garantias de segurança.

Se houver uma cessação das hostilidades que permita que uma assistência significativa chegue às pessoas necessitadas, o CICV poderá expandir significativamente a assistência prestada em forma de alimentos, abrigo e artigos de higiene. O trabalho de longa data do CICV nos setores de saúde, eletricidade e água de Gaza nos permitiria apoiar rapidamente estes serviços vitais.

Sobre o CICV

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) é uma organização neutra, imparcial e independente com um mandato exclusivamente humanitário que decorre das Convenções de Genebra de 1949. Ajuda pessoas em todo o mundo afetadas por conflitos armados e outros tipos de violência, fazendo tudo o que pode para proteger as suas vidas e dignidade e para aliviar o seu sofrimento, muitas vezes ao lado dos seus parceiros da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.

Mais informações: press@icrc.org