Com a identificação, familiares finalmente poderão prestar homenagens aos seus entes queridos
Quase quatro décadas de espera. Em 2021, seis famílias de soldados argentinos falecidos no Conflito do Atlântico Sul (1982) puderam, finalmente, concretizar o luto ao ter a identidade dos seus entes queridos confirmada pelo trabalho da equipe forense do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que foi às Ilhas Malvinas (Falklands) concluir a segunda fase do chamado Plano de Projeto Humanitário (PPH) — focado em exumar e identificar os restos mortais de um túmulo, onde se suspeitava estar sepultados vários combatentes. Na primeira fase do PPH, realizada entre 2017 e 2018, haviam sido identificados os restos mortais de 115 combatentes, até então sepultados em túmulos sob a lápide "Soldado argentino só conhecido por Deus".
"Todos os familiares merecem saber o que aconteceu com seus entes queridos. Como parte de nossa missão humanitária, estamos satisfeitos por apoiar este processo e pôr fim a tantos anos de incerteza", disse o vice-presidente do CICV, Gilles Carbonnier, após a entrega do relatório final da atividade.
Concluímos um projeto que foi possível graças ao fato de que o papel do CICV, como organização humanitária neutra e imparcial, gozou não apenas do respeito, mas também do apoio ativo de ambos os governos
O CICV assumiu esse trabalho forense sem precedentes em cumprimento do seu mandato humanitário, dentro do programa Ciências Forenses e Ação Humanitária (veja quadro). Em ambas as etapas, nosso único objetivo foi identificar os restos mortais e responder às necessidades e aos interesses das famílias, utilizando nossa ampla experiência no âmbito forense em relação a conflitos armados.
Os seis soldados argentinos identificados por uma equipe do CICV nas ilhas, em 2021, faziam parte da tripulação de um helicóptero argentino que caiu no campo de batalha com explosivos, durante o conflito armado. Os restos mortais deles estavam em uma sepultura conhecida como C.1.10, no cemitério de Darwin e, após os trabalhos de exumação e identificação, foram enterrados de acordo com o desejo de cada família.
A equipe do CICV também explorou uma área chamada Caleta Trullo (Teal Inlet) em busca de restos mortais de combatentes argentinos, mas não encontrou nada.