Bagdá (CICV) – O Iraque tem um dos maiores números de desaparecidos do mundo, fruto de décadas de conflito e violência. Quase toda família iraquiana foi pessoalmente afetada ou conhece alguém que tenha sido.
"Vemos em primeira mão as terríveis consequências emocionais do desaparecimento de um pai ou um filho", afirma o chefe da delegação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) no Iraque, Katharina Ritz.
Durante um ato em conjunto com o CICV por ocasião do Dia dos Desaparecidos, em 30 de agosto, o Escritório do primeiro-ministro disse que "os iraquianos têm sofrido por muito tempo com os sucessivos conflitos armados" e que o governo "não poupará esforços para continuar investigando a sorte e o paradeiro dessas pessoas desaparecidas para trazer esperança e apoio às suas famílias". As famílias de centenas de milhares de iraquianos desaparecidos celebraram o fato de o Escritório do primeiro-ministro do Iraque ter prometido apoiar os familiares e investigar os casos.
Milhares de iraquianos desapareceram, e muitos presumivelmente morreram, em decorrência da violência nos últimos anos. Uma família contou a uma equipe do CICV sobre a agonia de buscar notícias de Nabil Saleh, de 28 anos e pai de três filhos, que desapareceu durante um ataque em 2014.
Quando uma pessoa desaparece, sua família sofre uma angústia inimaginável. Portanto, esclarecer a sorte dos desaparecidos é um ato humanitário
"Não há um único lugar onde eu não tenha procurando por ele – valas comuns, necrotérios, tudo. Só preciso de um túmulo para visitá-lo se ele estiver morto. Não é pedir muito", disse Salah Jafaar, 53 anos.
O problema é global, exacerbado por conflitos armados e violência, desastres naturais e migrações. O CICV atualmente acompanha os casos de 145 mil desaparecidos no mundo inteiro, embora essa cifra seja apenas uma fração de todas as pessoas que se estima que estejam desaparecidas.
_ No Sudão do Sul, o CICV acompanha mais de 4,2 mil casos de desaparecidos. Muitos deles foram obrigados a fugir da violência e perderam contato com a família. Registramos 451 desaparecidos este ano.
_ Na Ucrânia, mais de 1,5 mil famílias pediram ajuda ao CICV para esclarecer a sorte dos entes queridos desaparecidos desde o início do conflito atual. Cerca de 770 famílias ainda buscam por eles.
_Na Bósnia-Herzegovina, Croácia, Sérvia e Kosovo, cerca de 35 mil pessoas desapareceram em decorrência de conflitos amados na ex-Iugoslávia. Mais de 20 anos depois, famílias de mais de 10 mil desaparecidos continuam a viver na incerteza.
_ Nigéria, Iêmen, Iraque, Afeganistão e Síria respondem pela maioria dos casos recentes de desaparecidos do CICV. Também acompanhamos casos menos recentes no Sri Lanka, Bálcãs Ocidentais e Líbano, entre diversos outros lugares.
_ Em 2018, o CICV reuniu mais de 1 mil pessoas com as suas famílias no mundo todo, incluindo 840 crianças. Mas a Agência Central de Busca do CICV (entidade neutra com mandato conferido pelas Convenções de Genebra) registrou mais de 45 mil novos casos de desaparecidos.
"Quando uma pessoa desaparece, sua família sofre uma angústia inimaginável. Portanto, esclarecer a sorte dos desaparecidos é um ato humanitário", diz Martin Schuepp, diretor do CICV para a Europa e a Ásia Central. "Reconectar as famílias é tão importante para a nossa missão quanto fornecer alimentos, abrigo e água. As pessoas que ajudamos frequentemente nos dizem que a sua prioridade absoluta é saber se os entes queridos estão a salvo."
Nota para editores e produtores:
Materiais audiovisuais, incluindo uma entrevista com Salah Jafaar sobre o seu filho desaparecido, estão disponíveis no site: https://www.icrcnewsroom.org/
Katharina Ritz, chefe da delegação do CICV no Iraque, está disponível para entrevistas de Bagdá. Para agendar: Salma Oda no telefone + 964 790 191 69 27 ou soda@icrc.org.