Jordânia: refugiados sírios enfrentam outro inverno rigoroso

10 dezembro 2015
Jordânia: refugiados sírios enfrentam outro inverno rigoroso

Com a chegada do inverno, milhares de refugiados sírios na Jordânia se preocupam com o aumento do sofrimento devido à queda das temperaturas. Preparando-se para enfrentar um inverno rigoroso longe das suas casas, alojados em campos ou por comunidades que os acolhem, eles enfrentam dificuldades para se aquecer.

O clima frio só faz aumentar o nosso sofrimento.

Abu Mohammed e Um Jasem, dois refugiados sírios que vivem na província de Madaba, dividem suas experiências ao começarem a enfrentar o seu terceiro inverno na Jordânia.

Um Jasem

Um Jasem com o filho Jasem. / CC BY-NC-ND /CICV

"Enterrei um pedaço do meu coraçao em Daraa", conta entre soluços Um Jasem, 26 anos. "Logo após que tive meu bebê em dezembro de 2012, a saúde dele piorou. A nossa cidade estava sitiada e eu não conseguia levá-lo a nenhum hospital. Quando finalmente conseguimos sair da cidade e chegar a um hospital, o meu bebê foi declarado morto na minha frente. Faisal só tinha 4 meses."

"Eu tinha enfrentado todo tipo de privações na Síria, mas a morte de Faisal foi decisiva. Senti que tinha que ir embora".

Lembrando-se com angústia daquele período, Um Jassem explica: "Eu vivia com medo constante durante a gravidez e o parto. Lembro-me como era não ter dinheiro suficiente para comprar leite ou fraldas para o meu bebê."

... não tínhamos condições de comprar o botijão de gás para a estufa, então nos cobríamos com cobertores.

No início de 2013, ela, o marido e os dois filhos ingressaram na Jordânia. Lá, Um Jasem deu à luz a outro filho, Ahmed.

Ao descrever a vida de refugiados para uma família de cinco, ela afirma: "A nossa principal preocupação não é comida ou água. Do que mais temos medo é do inverno, a falta de meios de lidar com ele."

"No último inverno, recebemos alguns cobertores e uma estufa à gás. Mas não tínhamos condições de comprar o botijão para a estufa, então nos cobríamos com cobertores."

"Esta não é vida que quero que para os meus filhos. Ser refugiado não é uma escolha, mas pelo menos é melhor do que perder a família e a própria vida nos bombardeios..."

Um Jasem e o filho com um voluntário do Crescente Vermelho da Jordânia./ CC BY-NC-ND /CICV

Abu Mohammed

"Não queria perder os meus cinco filhos nessa guerra sangrenta", conta Abu Mohammed, 40 anos, com voz entrecortada. Ele é de Daraa na Síria.

"Fugi com a família para a Jordânia no fim de 2012. Fiquei quatro meses no campo de Zaatari antes de ir para a província de Madaba onde tenho parentes. O cheiro presente neste lugar me faz lembrar da minha cidade natal, mas a vida cotidiana é muito difícil."

Abu Mohammed recebe uma cesta alimentar e um kit de higiene de um voluntário do Crescente Vermelho da Jordânia.

"Ser um refugiado significa ter um sofrimento que nunca termina. A minha mulher e eu usamos todas as nossas economias e, ainda assim, mal conseguimos pagar o aluguel da casa decrépita onde moramos".

Ele continua: "O frio só faz aumentar o nosso sofrimento. Não tenho dinheiro o bastante para comprar uma estufa. Quando fica muito frio, nos cobrimos com cobertores, mas eles não são suficientes. Pelo menos, o verão aqui é suportável..."