Comunicado de imprensa

Líderes mundiais pedem que governos impeçam ciberataques contra sistemas de saúde

Madeleine Albright, Desmond Tutu e Mohamed El Baradei, entre mais de 40 líderes internacionais, exigem que todos os governos trabalhem em conjunto para impedir ataques contra hospitais e organizações Internacionais que lutam contra a COVID-19.

Genebra, Suíça – 26 de maio de 2020 – Mais de 40 líderes e ex-líderes internacionais de governos, empresas, universidades, organizações internacionais e não-governamentais pediram hoje que todos os governos do mundo adotem medidas imediatas e decisivas para prevenir e impedir ciberataques contra hospitais, estabelecimentos de assistência à saúde, organizações de pesquisa e autoridades internacionais que oferecem orientações e cuidados críticos em meio à pandemia global. Os signatários exigem que os governos trabalhem juntos, incluindo no âmbito nas Nações Unidas, para reafirmar o compromisso com as normas internacionais que proíbem tais ações, e que reúnam esforços com a sociedade civil e o setor privado para garantir o respeito e a proteção dos estabelecimentos de saúde e a responsabilização dos autores das agressões.

O apelo ocorre após ciberataques realizados nas últimas semanas contra estabelecimentos de saúde em países como Estados Unidos, Espanha, França, República Checa e Tailândia, além de organizações internacionais como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras autoridades sanitárias. Os ataques vão desde cibersequestros de dados sob encomenda, com o objetivo de prejudicar redes de atenção primária e urgente, até campanhas de desinformação que buscam solapar e interromper aspectos importantes da resposta à pandemia, como testes e instalações de pesquisa de vacinas. Quando bem-sucedidas, tais ações interrompem a assistência à saúde e impõem custos adicionais aos seus prestadores. Também revelam a vulnerabilidade do setor a ciberataques, numa época em que o atendimento médico é mais necessário que nunca.

"Estamos no meio da crise de saúde mais urgente da história moderna, e esses ataques ameaçam toda a humanidade", afirmou Peter Maurer, presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). "Devemos tomar medidas de forma coletiva para enfrentar essa ameaça e evitar que sistemas de assistência à saúde que já são frágeis, em especial nos países afetados pela guerra e a violência, não corram mais riscos devido às operações cibernéticas."

O Chamado à Ação chega em um contexto de importantes discussões sobre estabilidade cibernética e ciberataques contra estabelecimentos de saúde durante a epidemia da COVID-19, incluindo no âmbito do Conselho de Segurança das Nações Unidas e em dois processos estabelecidos pela Assembleia Geral das Nações Unidas para abordar a questão da cibersegurança.
"Enquanto os profissionais de saúde nos protegem no mundo real, cabe à sociedade civil, às empresas e aos governos agir em conjunto para a sua proteção no ciberespaço", disse Stéphane Duguin, diretor executivo do CyberPeace Institute. "Nesse esforço, a humanidade precisa que os governos trabalhem em conjunto para definir a forma de conduta e dar o exemplo, garantindo que a assistência à saúde seja protegida e que os perpetradores sejam responsabilizados."

Outros prestigiosos signatários são o ex-ministro das Relações Exteriores da Rússia Igor Ivanov, o ex-Alto Comissário de Direitos Humanos das Nações Unidas Zeid Raad Al Hussein, a ex-diretora da OMS Margaret Chan, o ex-presidente mexicano Ernesto Zedillo e o presidente da Microsoft, Brad Smith. Sete ganhadores do Prêmio Nobel também assinaram a carta.

O documento, publicado hoje em anúncios de página inteira no The New York Times e no The Guardian, pede especificamente que todos os governos tomem medidas imediatas, afirmando de maneira inequívoca que as operações cibernéticas contra os estabelecimentos de saúde são ilegais e inaceitáveis, e que trabalhem entre si, com a sociedade civil e com o setor privado, para assegurar o respeito e a proteção aos estabelecimentos de saúde.

Mais informações sobre a carta: https://cyberpeaceinstitute.org/campaign/call-for-government.

Lista completa de signatários:

Signatários:

- Dapo Akande, professor de Direito Internacional Público da Universidade de Oxford
- Madeleine Albright, ex-secretária de Estado dos Estados Unidos
- Ban Ki-moon, ex-Secretário-Geral das Nações Unidas
- Lakhdar Brahimi, ex-ministro das Relações Exteriores da Argélia
- John Bruton, ex-primeiro-ministro da Irlanda
- Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Brasil
- Margaret Chan, ex-diretora-geral da Organização Mundial da Saúde
- Eva Chen, diretora-executiva da Trend Micro
- Stephane Duguin, diretor-executivo do CyberPeace Institute
- Mohamed ElBaradei, ex-diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (Prêmio Nobel da Paz)
- Beatrice Fihn, diretora-executiva da Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares (Prêmio Nobel da Paz)
- Mikhail Gorbachev, ex-presidente da União Soviética (Prêmio Nobel da Paz)
- Gro Harlem Brundtland, ex-diretora-geral da Organização Mundial da Saúde
- Zhixiong Huang, professor de Direito Internacional da Universidade de Wuhan
- Igor Ivanov, ex-ministro das Relações Exteriores da Rússia
- Ellen Johnson Sirleaf, ex-presidente da Libéria (Prêmio Nobel da Paz)
- Eugene Kaspersky, diretor-executivo da Kaspersky
- Khoo Boon Hui, ex-presidente da INTERPOL
- Larry Kramer, presidente da William and Flora Hewlett Foundation
- Ricardo Lagos, ex-presidente do Chile
- Doris Leuthard, ex-presidente da Confederação Russa
- Adrian Lovett, presidente e diretor-executivo da World Wide Web Foundation
- Susana Malcorra, ex-ministra das Relações Exteriores da Argentina
- Peter Maurer, presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV)
- Daniel Mitov, ex-ministro das Relações Exteriores da Bulgária
- Eduardo Montealegre, ex-ministro das Relações Exteriores da Nicarágua
- Marty Natalegawa, ex-ministro das Relações Exteriores da Indonésia
- Nandan Nilekani, presidente não executivo do Conselho da Infosys
- Ngozi Okonjo-Iweala, ex-ministro das Finanças da Nigéria
- Maia Panjikidze, ex-ministro das Relações Exteriores da Geórgia
- Zeid Ra'ad Al Hussein, ex-Alto Comissário de Direitos Humanos das Nações Unidas
- Sir Richard J. Roberts, diretor científico da New England Biolabs (Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina)
- Francesco Rocca, presidente da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho
- Julio María Sanguinetti, ex-presidente do Uruguai
- Juan Manuel Santos, ex-presidente da Colômbia (Prêmio Nobel da Paz)
- Samir Saran, presidente da Observer Research Foundation
- Marietje Schaake, ex-membro do Parlamento Europeu
- Michael Schmitt, professor de Direito Internacional da Universidade de Reading
- Wendy Sherman, ex-subsecretária para Assuntos Políticos do Departamento de Estado dos Estados Unidos
- Brad Smith, presidente da Microsoft
- Helle Thorning Schmidt, ex-primeira-ministra da Dinamarca
- Desmond Tutu, arcebispo emérito da Cidade do Cabo (Prêmio Nobel da Paz)
- Danilo Türk, ex-presidente da Eslovênia
- Lech Wałęsa, ex-presidente da Polônia (Prêmio Nobel da Paz)
- Sir Graham Watson, ex-membro do Parlamento Europeu, Reino Unido
- Harold F. Wolf III, diretor-executivo da Healthcare Information and Management Systems Society
- Ernesto Zedillo, ex-presidente do México