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Moçambique: CICV inaugura três centros de saúde em Cabo Delgado

Com a chegada de grande contingente de pessoas deslocadas pela violência, os centros de saúde de Muxara, Mahate e Ingonane registraram grande aumento da demanda de atendimento médico e careciam de melhorias para garantir acesso à saúde de qualidade à população.

Pemba (CICV) – O conflito armado no norte de Moçambique limitou seriamente o acesso das pessoas à assistência médica de qualidade. Em resposta a essa situação, o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) reconstruiu e inaugurará nesta quarta-feira (18.05) o centro de saúde de Muxara, Mahate e Ingonae em Pemba, Cabo Delgado. A reestruturação e melhoria dos centros de saúde estão entre as prioridades da organização no país, que busca garantir o acesso à assistência à saúde de qualidade para a população afetada pela violência.

A unidade de Muxara, agora com capacidade para atender 36,6 mil pessoas, conta com um edifício totamente novo e a maternidade reformada, ganhou também um sistema de armazenamento e distribuição de água e novo muro de proteção. Além da estrutura física, o CICV forneceu móveis, material e equipamento médico. Após a inauguração, o centro passa a ser administrado pelas autoridades de saúde de Cabo Delgado, com certo apoio do CICV.

Em Pemba e outras regiões que receberam grande número de pessoas deslocadas pela violência, a demanda aumentou, fazendo com que o serviço existente não fosse suficiente para atender à população residente e deslocada. Nas áreas afetadas pelo conflito armado, muitas das unidades de saúde foram danificadas nos combates, saqueadas ou ficaram sem profissionais por causa dos perigos que enfrentam.

"O antigo centro de saúde de Muxara já precisava de uma melhoria para atender a população de forma adequada. Com o conflito, a situação tornou-se ainda mais delicada, pois ele passou a atender pacientes residentes e deslocados vindos também do distrito de Metuge, onde há um importante contigente de pessoas deslocadas", revela o coordenador de Saúde do CICV em Moçambique, Emilio Mashant. A população atendida por este centro passou de 11,6 mil pesoas para um total de 36,6 mil, ao servir também às famílias deslocadas.

Ingonane e Mahate

As outras duas unidades inauguradas em Pemba, a de Ingonane e a Mahate, também são importantes para oferecer assistência à saúde à população da região. Estes centros também registraram um aumento rápido do número de pacientes devido ao deslocamento de pessoas pela violência. A população atendida por Mahate passou de 11,8 para 25,8 mil pessoas, enquanto o de Ingonane passou de 21 mil, para 36,5 mil pacientes. Ambos centros agora têm capacidade para servir à população.

Entre as dificuldades que a população enfrenta em Cabo Delgado está a distância dos centros de saúde. Porém, estes três centros são facilmente acessíveis para a maioria da população deslocada e pela residente. "A reforma, ampliação e melhoria destes centros estão entre nossas prioridades de Saúde, pois eles passaram a ter uma demanda crescente de pacientes forçados a deixar seus vilarejos noutros distritos e que, ao chegar em Pemba, não tinham acesso adequado à assistência à saúde", explica Mashant.

O centro de Mahate teve a maternidade reformada, a ampliação da área anexa, que passou a ser o edifício principal, e a construção de novos sanitários para funcionários e pacientes. O muro da unidade também foi reformado.

Já o de Ingonane teve obras em duas fases. Na primeira, em 2020, o edifício anexo foi reformado e ampliado, e um novo muro e instalação elétrica foram feitos. Na segunda fase, entre 2021 e 2022, foram construídos nova maternidade, sanitários para funcionários e pacientes, assim como sistema de armazenamento e distribuição de água.

No futuro, o CICV deve inaugurar os centros de saúde de Namueto, Nihula e Napai, em Montepuez, distrito que recebeu um grande número de deslocados nos últimos anos. Os três centros de saúde juntos terão capacidade para atender 83,2 mil pessoas. Na ilha do Ibo, o CICV está contruindo um Hospital Rural para substituir o antigo centro de saúde de referência, completamente distruído pelo Ciclone Kenneth, em 2019.

A primeira fase, já concluída, inclui um edifício novo de 450 metros quadrados com consultórios e salas de tratamento, uma sala especializada para o tratamento de HIV e tuberculose, um laboratório, farmácia e sala de primeiros socorros, alas com um total de 20 leitos, além de novas infraestruturas externas de saneamento e abastecimento de água.

A segunda fase, que será concluída no final deste ano, incluirá uma maternidade com nove leitos, um bloco operatório, serviço de esterilização e outros serviços correlatos aos hospital, como lavanderia, cozinha e casa mortuária. Quando terminada a segunda etapa, o hospital terá uma superfície de 900 metros quadrados e capacidade para atender 41 mil pessoas, além de toda a população costeira da área que compreende de Quissanga até Mocimba da Praia, região em que os centros de saúde foram destruídos pelo conflito armado.

Mais informações:
Mariana Camaroti, CICV Maputo, mcamarotisilva@icrc.org, tel.: +258 86 883 7981