Deslocados pelos combates no seu povoado, John e a família vivem agora na cidade de Yambio. A região de Equatorias é famosa pela sua agricultura. John plantava feijão, quiabo, batata e laranjas na sua terra. Além de agricultor, ele era um alfaiate. Essas atividades lhe proporcionavam uma boa renda e ele podia pagar a escola para os nove filhos. A terra agora está fora de alcance, do outro lado da linha de frente. John conseguiu carregar a máquina de costura com ele, mas foi danificada na estrada e ele não tem as partes sobressalentes para consertá-la. “Além disso, não posso competir com os alfaiates da cidade. As pessoas não me conhecem aqui, então mal tenho clientes”, conta. John e os filhos mais velhos, que tiveram de abandonar a escola, sustentam a família com trabalhos informais: coletar lenha, fazer tijolos e trabalhar duro como diaristas. John tenta conhecer mais moradores da cidade para conseguir mais trabalho. Pouco acostumado com a vida na cidade, ele sonha em voltar para o seu povoado.
Professora aposentada, Antonina vivia com a filha e os três netos quando os combates irromperam na cidade. “Escutamos os tiros e as pessoas saíram correndo. Falei para a minha filha correr com as crianças. Claro que com as minhas muletas não pude segui-las”. Dois meses se passaram sem notícias deles. “Todos os dias tento imaginar como é a vida para eles agora. Nem sei onde estão”.
Penina é cega. Os vizinhos costumavam cuidar dela, levando comida todos os dias. Quando os combates irromperam, as pessoas fugiram. Ainda hoje muitas casas permanecem vazias. “As pessoas que costumavam me ajudar não voltaram. Tento agora apanhar folhas de mandioca e cozinhar as minhas próprias refeições, mas é difícil.”
Embora não tenha certeza da idade, Angelina chegou à etapa da vida quando viver só se torna muito difícil. Ela recebia muito apoio dos vizinhos. “As pessoas sempre me traziam dinheiro e comida”. Quando os confrontos esvaziaram o bairro, ela ficou sozinha. “Rezava para que as pessoas voltassem. Pensei que morreria aqui sozinha. Elas agora começaram a voltar aos poucos, mas muitas casas ainda estão vazias”. Angelina tenta cultivar o seu próprio lote de terra, mas na idade dela o trabalho físico é árduo. “Saí bem cedo hoje de manhã e levei todo o dia para ir até o lote e buscar mandioca para cozinhar.”
Nos últimos anos, a intensificação da violência na região de Equatorias do Sudão do Sul obrigou milhares de pessoas a saírem das suas casas, destroçando famílias e comunidades. Enquanto que algumas foram desarraigadas e enfrentam dificuldades para sobreviver em lugares desconhecidos, outras ficaram para trás, tendo de sobreviver sozinhas.