As pessoas afetadas por conflitos e violência – pessoas com as quais o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) trabalha – enfrentam grandes desafios para lidar com os riscos e choques. Não é de se surpreender que o conflito limite radicalmente a sua capacidade de adaptação. Ele perturba as bases das sociedades, corrói o desenvolvimento e agrava as vulnerabilidades
Reduzir a exposição das pessoas aos perigos e agir antes de um choque nesses ambientes é fundamental. No entanto, é precisamente aqui que a ação antecipatória e financeira – e mais amplamente, a ação preventiva – é insuficiente.
Reduzir a exposição das pessoas a desastres não só é rentável, mas também ajuda a limitar o sofrimento e, portanto, deve ser uma prioridade.
Os países em conflito estão na linha de frente da crise climática. Porém, em muitos dos lugares onde trabalhamos, simplesmente não existem sistemas básicos de alerta antecipado. Isso pode ser devido à debilidade dos sistemas e instituições. Ou à disponibilidade limitada de previsões de qualidade em locais sem estações meteorológicas em funcionamento. Além disso, o financiamento quase sempre permanece reativo e inadequado para ambientes frágeis.
Muitas vezes os esforços de longo prazo para garantir que as pessoas não se instalem em locais de risco também são desacertados. Isso leva a grandes perdas – de vidas e bens – como o desabamento de casas e a destruição de colheitas.
Existem medidas que podemos tomar para proteger as pessoas contra as piores consequências dos desastres. Alguns ajustes programáticos simples podem fazer uma diferença significativa.
Por exemplo, o CICV distribui rotineiramente sementes adaptadas às condições climáticas extremas. Em vários países da região do Sahel, trabalhamos em estreita colaboração com as Sociedades Nacionais para prestar suporte oportuno e previsível às pessoas antes das temporadas de escassez.
No entanto, precisamos dar um passo adiante. Embora isso possa não se enquadrar em uma definição estrita de ação antecipatória, precisamos criar programas que tornem as pessoas mais resistentes aos riscos de curto e longo prazo. Precisamos garantir que os serviços essenciais, abrigos e meios de subsistência sejam resistentes aos perigos. E isso requer um investimento sustentado em serviços essenciais e redes de segurança social.
Todos podemos fazer mais. Devemos reequilibrar urgentemente os nossos esforços para nos concentrarmos mais em ações preventivas e de fortalecimento da resiliência de longo prazo em ambientes de conflito.
Em maio, quando adotou a Carta Climática e Ambiental para organizações humanitárias, o CICV se comprometeu a incluir os riscos climáticos e ambientais em todos os nossos programas, com foco na redução de danos. Estamos empenhados em compartilhar o nosso conhecimento crescente e continuar trabalhando em estreita colaboração com outras partes, desde as próprias comunidades até os Estados, a esfera humanitária e mais — especialmente o Anticipation Hub.
Reduzir a exposição das pessoas a desastres não só é rentável, mas também ajuda a limitar o sofrimento e, portanto, deve ser uma prioridade.
Obrigado.