Comunicado de imprensa

Sudão do Sul: milhares de pessoas estão em risco de fome e doenças após confrontos e inundações em três estados

Juba (CICV) – Meses de conflitos seguidos por chuvas torrenciais criaram uma crise humanitária cada vez mais profunda, na qual as comunidades agora enfrentam maior risco de fome, desnutrição e doenças nos estados de Equatória Central, Equatória Ocidental e Equatória Oriental do Sudão do Sul. Milhares de pessoas que deixaram suas casas para fugir dos confrontos perderam todos os alimentos, colheitas e rebanhos que possuíam. As enchentes deixaram muitos deslocados com ainda menos o que comer, sobretudo em Equatória Central.

"Acreditamos que muitas pessoas vivendo na mata precisam de ajuda urgente", afirmou Amro Ibrahim, chefe da subdelegação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) nas Equatórias. "Pedimos a todas as partes em conflito que respeitem suas obrigações segundo o Direito Internacional Humanitário de prevenir o sofrimento humano e garantir a proteção dos civis e seus bens."

(vídeo em inglês)

Os combates entre a Frente de Salvação Nacional (NAS) – não signatária do acordo de paz – e as Forças de Defesa Popular do Sudão do Sul (SSPDF), assim como entre o NAS e o Movimento Popular de Libertação do Sudão na Oposição (SPLM-IO), irromperam esporadicamente ao longo de 2020.

"Em maio de 2020, homens armados vieram de todas as partes, queimando casas, estuprando mulheres e espancando e matando pessoas. Tivemos que fugir e nos esconder na mata", diz Michael, morador de um vilarejo hoje deserto no estado de Equatória Central. "Perdemos tudo. Perdemos nossos irmãos e irmãs, nossos entes queridos. Estamos comendo frutas silvestres e raízes porque já não podemos cultivar nossos campos. Devido às chuvas torrenciais, os poucos alimentos que conseguimos armazenar estão apodrecendo."

O CICV e a Cruz Vermelha do Sudão do Sul prestaram assistência a mais de 120.000 pessoas afetadas pelo conflito nos estados de Equatória Central, Ocidental e Oriental até agora este ano, distribuindo alimentos e artigos de emergência, sementes, ferramentas agrícolas e kits de pesca.

PREOCUPAÇÕES HUMANITÁRIAS

  • Novos confrontos entre as partes em conflito agravarão a situação humanitária e poderiam causar mais deslocamentos.
  • Famílias e comunidades atingidas por combates, chuvas fortes e enchentes precisam de assistência urgente, já que não podem satisfazer suas necessidades básicas, incluindo alimentação e acesso a água potável, abrigo e serviços de saúde.
  • Os limitados serviços de assistência à saúde nessas comunidades rurais estão ainda menos acessíveis devido à contínua insegurança associada ao conflito. As famílias deslocadas continuam em risco de malária, desnutrição, doenças transmitidas pela água e outros desafios relacionados à saúde.
  • O acesso às comunidades deslocadas, em especial às que vivem na mata, continua difícil. O conflito, a insegurança nas estradas e as restrições da Covid-19 limitam a capacidade das organizações humanitárias de se deslocar livremente e ajudar os mais vulneráveis em um momento em que o acesso a esses serviços continua crítico.
  • Pedimos a todas as partes em conflito que respeitem suas obrigações segundo o Direito Internacional Humanitário de prevenir o sofrimento humano e os ataques contra os civis e seus bens.

NOTAS OPERACIONAIS

  • Entre janeiro e setembro de 2020, o CICV e a Cruz Vermelha do Sudão do Sul prestaram assistência a mais de 120.000 pessoas nos estados de Equatória Central, Ocidental e Oriental do Sudão do Sul.
    o Para atender às necessidades humanitárias das famílias deslocadas, 89 mil pessoas receberam alimentos (sorgo, feijão, óleo, sal e açúcar) e mais de 35 mil receberam artigos essenciais, como cobertores, mosquiteiros e sabão.
    o Para ajudar as famílias a reconstruir seus meios de subsistência, cerca de 88 mil receberam sementes e ferramentas agrícolas, e 18 mil receberam kits de pesca.
  • Em parceria com a Cruz Vermelha do Sudão do Sul, nossas equipes continuarão avaliando as necessidades dos mais vulneráveis e prestando-lhes assistência. Isto inclui a ajuda às famílias separadas pelo conflito para que possam se reunir com seus entes queridos e trocar notícias entre si.
  • Mantemos um diálogo direto com as partes, expressando nossas preocupações humanitárias em relação ao conflito.

Mais informações:
Lucien Christen, CICV Juba, +211 912 360 038
Aidah Khamis Woja, CICV Juba, +211 925 230 500

Vídeos e fotos disponíveis aqui