Zimbábue: fortalecimento da capacidade de resposta a emergências das Sociedades Nacionais
Nos últimos doze meses, Sithembile Chiware, a gerente do programa de cooperação do CICV em Harare, Zimbábue, foi enviada a três países diferentes para apoiar as atividades de resposta a emergências das Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha durante eleições nacionais. Chiware explica o seu papel, as suas impressões sobre o trabalho até o momento e o impacto causado por este.
Conte-nos sobre o seu trabalho no CICV. Como ele se encaixa nas prioridades gerais da delegação regional em Harare?
A minha função é desenvolver parcerias com as Sociedades Nacionais (SN) no Malaui, Moçambique, Namíbia, Zâmbia e Zimbábue que fortaleçam as suas organizações e a sua capacidade de resposta a emergências humanitárias. Junto com a Federação Internacional de Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICR) e outros parceiros do Movimento ativos naqueles países, tentamos garantir a consecução das metas das SN por meio de todos os programas e iniciativas que apoiamos.
Também considero a equipe do programa de cooperação como uma ponte entre os diferentes especialistas no CICV – saúde, comunicação, água e habitação – e cada SN. Ajudamos a facilitar uma colaboração mais forte em áreas de interesse mútuo, como a sensibilização de jovens em relação aos princípios e valores humanitários.
Qual foi a primeira eleição à qual a senhora foi enviada para apoiar?
Foi a de Moçambique em outubro de 2014, uns dois meses depois de entrar para o CICV. A princípio era emocionante, até que me notificaram que íamos para Gorongosa, na província de Sofala, que naquela época era um dos locais instáveis e tinha ocorrências de violência no passado. No começo hesitei, mas me tranquilizei quando me informaram sobre o que se esperava que fizéssemos e a função do emblema da Cruz Vermelha de proteger as pessoas que prestam auxílio humanitário. Ficou ainda mais fácil graças ao nível de aceitação e apoio do público aos voluntários e colaboradores da Cruz Vermelha Moçambicana.
Qual a função do CICV durante as eleições?
As Sociedades Nacionais na nossa região assumem a liderança na antecipação de necessidades e na organização e prestação de respostas humanitárias durante tais eventos nacionais. O CICV e outros parceiros do Movimento visam complementar os seus esforços mediante a provisão de apoio logístico e financeiro durante os preparativos para ditas ocasiões. Com frequência, esse apoio é aproveitado para reabastecer e pré-posicionar utensílios de ajuda e kits de primeiros socorros.
Depois, mais ou menos uma semana antes da eleição, uma equipe técnica do CICV é enviada para apoiar os colaboradores e voluntários da Cruz Vermelha nas etapas preparatórias finais, as suas atividades durante o dia e quaisquer respostas humanitárias que forem necessárias depois das eleições.
A senhora foi enviada para apoiar as atividades de resposta a eleições das Sociedades Nacionais em Moçambique, na Namíbia e em Zâmbia entre outubro de 2014 e janeiro de 2015. Quais são as suas impressões duradouras dessas experiências?
Como alguém que vem de fora do Movimento da Cruz Vermelha, com experiência em áreas similares, fiquei impressionada com a flexibilidade e o compromisso mostrados pelas equipes de voluntários. Apesar de cada contexto ser único, a forma em que cada Sociedade Nacional reúne e prepara voluntários para ajudar as suas comunidades foi bastante similar e me permitiu compreender melhor porque são chamados de "Movimento".
Essas abordagens similares e os nossos princípios básicos nos ajudaram a superar qualquer obstáculo que enfrentamos. Afinal, o que mais me impactou foi o forte laço de respeito e apreciação que as equipes de voluntários da Cruz Vermelha conseguiram forjar com as comunidades e autoridades independentemente da sua afiliação política– ainda que as eleições fossem muito disputadas!
Todas as fotos: CC BY-NC-ND/ICRC