Colômbia: Proteger a dignidade em meio ao conflito

Editorial

03 março 2020

Christoph Harnisch

  

  Christoph Harnisch
  Chefe da delegação do CICV na Colômbia

 

Em 2019, houve praticamente uma vítima por dia de artefatos explosivos e minas, novos casos de deslocamento e confinamento de comunidades, homicídios, ameaças, desaparecimentos, agressões contra a Missão Médica nas zonas de menor cobertura de saúde, destruição de recursos naturais, violência sexual, e recrutamento e uso de menores por parte de atores armados. 

Estas são as violações mais grave que as equipes do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) documentaram.

A nossa presença nos territórios para promover a aplicação do Direito Internacional Humanitário (DIH) nos permite afirmar que ainda existem pelo menos cinco conflitos armados na Colômbia.

A proteção da integridade física e da dignidade humana significa que todos os atores armados devem ser inequivocamente responsáveis pelos seus atos e omissões.

Mesmo assim, o medo das vítimas na hora de falar nos indica que o panorama atual é ainda mais complexo. Insistimos na necessidade das ações de maior contundência por parte das instituições governamentais e da sociedade civil para responder às necessidades da população depois dos abusos aos quais é submetida.

Além desse cenário de violações às normas humanitárias, observa-se uma população migrante em condições de suma vulnerabilidade, mas com capacidade para superar as dificuldades. Grande parte da população colombiana e do governo desse país acolheram essas pessoas de braços abertos, mas a resposta da comunidade internacional foi insuficiente.

As autoridades nacionais e as organizações sociais, incluindo o Movimento Internacional da Cruz Vermelha, continuarão enfrentando desafios se os recursos não forem adequados às necessidades das populações e se a sua resposta humanitária não puser como eixo fundamental a voz de quem mais conhece o conflito e a violência no país: as vítimas. A responsabilidade de todos nós é escutá-las.

Com 50 anos de experiência na primeira linha do conflito armado na Colômbia, continuamos comprometidos a encontrar soluções pragmáticas aos complexos dilemas humanitários, ressaltando que as guerras sem limites são guerras sem fim.

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