Estratégia do CICV 2024-2027: a bússola de nossa ação para os próximos quatro anos
A nova estratégia institucional do Comitê Internacional da Cruz Vermelha para o período 2024-2027 foi elaborada para responder a um número crescente de desafios humanitários.
O cenário sociopolítico global está passando por transformações significativas, desde a era pós-Segunda Guerra Mundial e dos enfrentamentos da Guerra Fria. O mundo está se tornando mais multipolar, fragmentado e dividido, e isso conduz a confrontos crescentes e multidimensionais.
A estratégia reafirma o papel central do CICV de proteger e assistir as pessoas afetadas por conflitos armados e outras situações de violência. Nosso objetivo é defender firmemente o Direito Internacional Humanitário (DIH) no diálogo com Estados e grupos armados não estatais.
Os desafios que enfrentamos
- A proliferação de atores armados, combinada com a elevada intensidade dos conflitos, apresenta desafios significativos em matéria de segurança e proteção para as organizações humanitárias. Isto é agravado por discursos e atitudes de ódio, informações errôneas e desinformação.
- Além disso, as novas tecnologias, a inteligência artificial, a guerra cibernética, as armas autônomas e a digitalização dos conflitos criam campos de batalha físicos e digitais complexos, com linhas tênues entre os domínios civil e militar.
- Além disso, os efeitos acelerados e críticos das alterações climáticas agravam as condições já dramáticas enfrentadas pelas comunidades afetadas por conflitos.
- Por último, o financiamento para o trabalho humanitário registra lacunas significativas e uma mudança de paradigma..
Com esta estratégia, o CICV afirma sua clara determinação de agir em defesa das pessoas durante a guerra – sejam elas civis ou combatentes – para garantir o respeito de seus direitos e proteções conforme o DIH. Há uma urgência em redescobrir a humanidade uns dos outros.
Nossas orientações estratégicas para os próximos quatro anos
O CICV abraça as profundas mudanças que estão ocorrendo em termos de desafios, perspectivas e métodos de trabalho que marcam o mundo da ação humanitária.
Estamos definindo orientações prioritárias que refletem a determinação de nos centrarmos naquilo que está no cerne do nosso mandato, com a convicção de que a clareza de foco é a melhor forma de nos prepararmos para um impacto significativo em tempos de incerteza.
- Defender a centralidade da proteção e o papel de intermediário neutro
Os atores estatais e não estatais cumprem as suas obrigações decorrentes do DIH e defendem os direitos dos indivíduos, preservando assim a vida, a segurança, a dignidade e o bem-estar físico e mental das pessoas afetadas por conflitos armados e outras situações de violência. - Promover o Direito Internacional Humanitário (DIH) como prioridade política global
O custo humano da guerra é reduzido mediante a defesa do DIH, elevando-o a uma prioridade política global e reforçando o consenso em torno das normas aplicáveis aos conflitos armados, assim como dos limites impostos aos meios e métodos de guerra. - 3. Aumentar o impacto da resposta nas fases agudas e prolongadas de conflitos e em outras situações de violência
As necessidades específicas das populações afetadas por conflitos armados são atendidas de forma oportuna e relevante. A resposta leva em consideração a natureza da situação, as fases do conflito, as vulnerabilidades e capacidades das pessoas afetadas e as capacidades dos atores locais e internacionais.
. - Afirmar a nossa identidade dentro do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho
O Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho é uma força líder para a humanidade e representa uma ação humanitária com base em princípios, eficaz e cooperativa e um impacto coletivo em todo o espectro de crises, desde conflitos armados a desastres naturais e de outra índole. - Um novo humanitarismo para um mundo dinâmico
As profundas mudanças políticas e sociais a nível global, a evolução dos paradigmas em torno da guerra e da paz e os debates sobre a importância de apoiar e permitir a ação humanitária local exigem uma reavaliação de mentalidades, políticas e práticas.