Iraque: uma história brutal sobre a mudança climática, em fotos
Em 2022, o Crescente Vermelho Iraquiano e a delegação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha no Iraque organizaram um concurso de fotografia sobre a mudança climática. Se você já visitou esse país, será difícil conciliar suas lembranças com esta nova realidade.
Estas são as terras do Iraque, que já foram verdes, ricas e férteis. Hoje estão sendo cobertas aos poucos pela areia branca que enche o ar.
A população do Iraque, que costumava receber a chuva com gestos de alegria, hoje cobre o rosto porque o que cai do céu é poeira.
Montanha de lixo em Sulaymaniyah impede a visão da terra verde e das montanhas.
Você viu isso? Veja de novo. Você deve estar pensando como é que montanhas de lixo, céu azul e terra verde se unem em uma paisagem só. Será que um dia essas montanhas vão chegar até as nuvens? Atrás das altas montanhas de lixo de Sulaymaniyah, a beleza do Iraque ainda se espalha para além da vista, fascinando o observador, ainda que ela esteja sendo opacada aos poucos por altas montanhas de fealdade.
Se você andar por essa margem e lhe disserem que você está nos pântanos de Chibaish, na província de Thi-Qar, provavelmente pensará que poderá desfrutar do espetáculo dos raios do sol centelhando na água e do som da água fluindo. No entanto, essa foto conta outra história; quem a vir pode até duvidar de que alguma vez tenha fluído água aqui – os barcos estão encalhados na terra árida.
E as crianças daqui? Como elas se sentem? Elas não podem saber como esse lugar era no passado enquanto pisam na terra rachada e árida. A única testemunha do tesouro dos pântanos é a lembrança dos antepassados delas. Os avôs delas viram a terra verde, a fertilidade e a água, ao passo que essas crianças só conhecem a terra árida e a seca.
Os avós viram água, mas os netos nada conhecem senão a seca; a geração no meio viu as duas coisas. Essa é uma geração com nostalgia do passado e a esperança de mudar o presente. Nesta foto, em Dhi Qar Chibayish, um homem caminha pelas terras de uma aldeia sedenta, rumo ao que ficou dos pântanos em busca de canas e junças para alimentar seu gado.
Esse é o presente: traços sobre a terra após o retrocesso da água. Mas e amanhã? A resposta será ambígua desde que pensarmos na mudança climática como um desastre distante. O Iraque já enfrenta a dura realidade da mudança climática, e os iraquianos não precisam de números, estatísticas ou comparações – eles já estão vivendo isso.
Rachaduras douradas em Al-Faw, no sul do Iraque.
- O Iraque é o quinto país mais vulnerável ao colapso climático, por causa de fenômenos climáticos violentos como temperaturas elevadas, escassez ou falta de chuvas, secas e escassez de água, e tempestades de poeira e areia e inundações frequentes.
- Em 2023, mais de 300 tempestades de areia foram registradas no Iraque. Já entre 1950 e 1990, houve menos de 25 por ano.
- 94% da população deslocada nas províncias do sul do Iraque mencionou a escassez de água como um dos principais motivos para se deslocar.
- Em 2001%, 90% dos pântanos desapareceram. Portanto, o Iraque perdeu biodiversidade, que foi a causa dos deslocamentos em grande escala.
Saiba mais sobre as iniciativas do CICV e da Cruz Vermelha da Noruega para mitigar o impacto da mudança climática e de conflitos armados no Oriente Próximo e no Oriente Médio.