Artigo

Violência armada em cidades brasileiras e o Acesso Mais Seguro

A realidade local e a metodologia de Acesso Mais Seguro do CICV

Violência urbana no Brasil

A violência armada e seus indicadores mais visíveis têm aumentado em cidades do Brasil e de muitos países da região e do mundo: homicídios, confrontos entre grupos armados, mortes e feridos por balas perdidas, entre outros.

 

Em 2017, foram 63.880 mortes violentas intencionais no Brasil, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Esta não é apenas uma realidade de grandes cidades, mas, também, de áreas urbanas de dimensão mediana antes consideradas "tranquilas".

Violência urbana em Fortaleza

A violência urbana afeta a população de diversas cidades. Foto: A. Liohn/CICV


As consequências humanitárias são graves para a população. A violência armada em cidades provoca fechamento de escolas, unidades de saúde ou outros serviços públicos essenciais.
É importante destacar, contudo, que estas situações não chegam ao nível de um conflito armado à luz do Direito Internacional Humanitário (DIH), apesar das consequências humanitárias com grande impacto para as comunidades.

A ação do CICV

O CICV se preocupa com as crescentes consequências humanitárias da violência armada e, por isso, tem desenvolvido respostas especificas em vários países.

No Brasil, o trabalho é feito em parceria com os governos e outras organizações. Em 2009, após oferecer os seus serviços ao Governo Federal, o CICV iniciou o Projeto Rio, implementado no munícipio fluminense, mediante o qual desenvolveu ações específicas para as populações das comunidades mais afetadas pela violência armada. Neste âmbito, formulou a metodologia de Acesso Mais Seguro para Serviços Públicos Essenciais e, desde então, a aplica em outros municípios com sucesso.

Acesso Mais Seguro Rio de Janeiro

Profissional de saúde em ação junto a colaboradoras do CICV no Rio de Janeiro. Foto: M. Cruppe/CICV.

O Acesso Mais Seguro (AMS)

Acesso Mais Seguro é uma metodologia para reduzir, mitigar e responder às consequências da exposição da população a contextos de violência armada.

Estando em conformidade com as políticas e diretrizes da norma internacional ISO 31000, o Acesso Mais Seguro se baseia e foi adaptado a partir dos protocolos de segurança do CICV, elaborados a partir da sua ampla experiência de trabalho em contextos de conflito e violência armada.

 

"Vivemos em situação de risco, quase todos os dias temos tiroteios. Na maioria das vezes, são em frente à unidade, que fica na rua de entrada da nossa comunidade. Vivíamos com muito medo e sem saber o que fazer antes do Acesso Mais Seguro (...) Hoje, já sabemos que fazer. Há dias que a gente consegue trabalhar normalmente, mesmo acontecendo alguma coisa na comunidade (...). O programa nos deu essa proteção, essa segurança, e principalmente essa autonomia."

Profissionais treinados em 2016 que atuam na unidade de saúde da Mangueirinha - Duque de Caxias (RJ)

 

 

Objetivos do Acesso Mais Seguro

- Proteger vidas, promover ambientes seguros e fortalecer a resiliência dos profissionais de instituições públicas e estruturas de serviços públicos essenciais que trabalham em áreas afetadas pela violência armada.
- Desenvolver, junto às secretarias responsáveis pela prestação de serviços públicos essenciais, estratégias integrais de gestão de riscos, gestão de crises, tratamento de riscos e gestão do estresse, tudo por meio de ações concretas que sistematizam a autoproteção dos profissionais.
- Promover mudanças no conhecimento, no comportamento e na postura dos profissionais e gestores frente à convivência com riscos relacionados à violência armada, permitindo que sejam gerenciados de forma eficaz, eficiente e coerente.
- Melhorar a eficiência geral dos serviços e otimizar a utilização de recursos humanos e financeiros.
- Ampliar o acesso a serviços públicos essenciais, tanto por meio do livre acesso dos profissionais às comunidades, quanto da população aos locais de atendimento.

Eixos principais

-Análise do contexto e dos riscos
-Tratamento de riscos
-Gestão de crise
-Gestão do estresse

Áreas relacionadas

- Saúde
- Educação
- Assistência social
No entanto, também foram desenvolvidas experiências com profissionais em outros âmbitos como esportes e lazer, habitação e direitos humanos

 

Escola Acesso Mais Seguro Rio de Janeiro

Escola no Rio de Janeiro que adotou a metodologia do Acesso Mais Seguro. Foto: M. Cruppe/CICV.

Onde a metodologia já foi implementada

Cidades brasileiras onde a metodologia de AMS foi implementada

Em alguns desses municípios, a execução do projeto foi totalmente integrada entre diferentes secretarias de governo, o que potencializa o trabalho de gestão de riscos. Em 2018, mais de 11 mil profissionais de Saúde, Educação e Assistência Social foram treinados na metodologia Acesso Mais Seguro.

"O Acesso Mais Seguro não mudou a violência no território, mas mudou nosso modo de olhar para ela."

Gerente de Centro de Saúde - Florianópolis (SC)


Principais resultados

-Manutenção da oferta dos serviços à população nas áreas mais vulneráveis à violência armada.
-Gestão integrada entre várias secretarias e serviços e a elaboração de estratégias comuns de redução dos incidentes de segurança nas cidades.
-Melhoria na organização interna e na atribuição de funções, incluindo na comunicação e coordenação interna e do trabalho em equipe.
-Empoderamento dos profissionais, maior satisfação e compromisso no trabalho.
-Gestão do estresse dos profissionais alocados e consequente diminuição da rotatividade/ dificuldade de alocação dos servidores.
-Eficácia no investimento, na disponibilização e na gestão dos recursos financeiros.
-Diminuição do tempo de resposta frente aos incidentes de segurança.

Acesso Mais Seguro Rio de Janeiro Saude 

Profissional de saúde no Rio de Janeiro. Foto: P. Santos/CICV 

 

Saiba mais sobre o Acesso Mais Seguro:

 


Resumo executivo



Folheto de apresentação