Artigo

Brasil: CICV apoia gestão de pessoas falecidas em Pacaraima

Comitê Internacional da Cruz Vermelha doou câmara mortuária para hospital estadual de Roraima

Em busca de promover uma gestão adequada e digna de pessoas falecidas, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) doou uma câmara mortuária para a Secretaria de Saúde do estado de Roraima nesta terça-feira (18). O equipamento será destinado ao Hospital Hélio Tupinambá, em Pacaraima, e irá contribuir para melhorar a estrutura forense no estado.

A cidade a 200 quilômetros da capital, Boa Vista, não conta com câmaras mortuárias nem cemitério, o que representa um desafio para a gestão adequada de restos mortais e para o atendimento aos familiares de pessoas falecidas. Em 2020, foram registrados 91 óbitos no município, de acordo com dados do IBGE.

"Desde a crise pandêmica da Covid-19 que pegou o mundo de surpresa, percebemos que precisávamos implementar outros equipamentos para melhorar o atendimento à população. A câmara mortuária vai ajudar a preservar e resguardar direitos daqueles que necessitam dessa atenção especial. Por se tratar de cadáveres, essa preservação vai auxiliar em outros procedimentos. Também é uma forma de respeito com essas almas. Agradecemos imensamente o apoio da Cruz Vermelha por essa parceria", ressaltou a secretária da Saúde, Cecília Lorenzon.

Desde 2018, quando abriu um escritório em Boa Vista, o CICV tem atuado em favor das populações impactadas pela migração, incluindo pessoas migrantes e a população acolhedora. "A ação forense humanitária inclui o tratamento digno e respeitoso de migrantes falecidos e a ciência forense oferece as ferramentas e as competências técnicas necessárias para realizá-la", afirma o líder de equipe de campo do CICV em Boa Vista, Felipe Wunder. Nesta semana, promovemos a capacitação de profissionais forense.

Saiba mais sobre o curso de capacitação

A gestão adequada de pessoas falecidas — inclusive das pessoas com identidade desconhecida — é uma forma de preservar a memória dos falecidos, de oferecer uma resposta digna aos familiares e de prevenir desaparecimentos. Essa gestão inclui as condições de registro, de biossegurança e o compartilhamento de informações entre diferentes órgãos públicos, dentre outros aspectos.

O CICV tem dialogado com os governos estadual e municipal e com a Operação Acolhida para apoiar a formalização de um fluxo de óbitos. "Com a questão migratória, algumas vezes os trâmites de identificação e liberação das pessoas falecidas se tornam mais complexos, exigindo uma maior coordenação entre as autoridades, o que altera a logística e reforça a necessidade de equipamentos adequados. Nesse sentido, temos assessorado tecnicamente na elaboração desse fluxo", afirma o assessor forense do CICV, Frederico Mamede.

 

Trabalho forense no CICV
Quando as pessoas morrem durante um conflito armado ou outras situações de violência armada, assim como em decorrência de desastres ou em contextos de migração, seus restos mortais devem ser encontrados, recuperados e identificados.

Em Roraima, este trabalho é desenvolvido pelo CICV no âmbito da Proteção de Laços Familiares (PLF), voltada à prevenção de desaparecimentos e da perda de vínculos familiares. A área inclui também a prestação de serviços de conectividade, transferência de documentos de migrantes e questões ligadas ao desaparecimento de pessoas em rotas migratórias.

No mundo inteiro, o CICV oferece assessoria às autoridades locais e aos profissionais de ciências forenses para que busquem e identifiquem pessoas falecidas utilizando desde a análise de impressões digitais à arcada dentária do desaparecido.

Mais informações
Marcella Fernandes, CICV Brasília, (61) 98248-7600, mfernandesc@icrc.org