Brasil: CICV leva preocupações humanitárias a congresso de Ciências Forenses

Brasil: CICV leva preocupações humanitárias a congresso de Ciências Forenses

Artigo 12 novembro 2021 Brasil

Uma oficina sobre a importância da arqueologia forense em locais de enterros não oficiais foi organizada pelo CICV no congresso InterForensics 2021. O objetivo da atividade foi discutir a importância dos processos técnicos nos casos de busca, localização, recuperação, análise e identificação de pessoas falecidas sepultadas em locais não oficiais.

A InterForensics, realizada em Foz do Iguaçu (PR) entre os dias 3 e 5 de novembro, é considerada um dos maiores eventos internacionais de Ciências Forenses da América Latina.

A oficina contou com participantes de equipes que trabalham com o tema no Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo, além de representantes de outros oito estados brasileiros. O CICV apresentou as necessidades dos familiares de pessoas desaparecidas e lembrou da importância de que participem nos processos de busca e identificação. A coordenadora regional forense para as Américas do CICV, Dina Alejandra Jimenez, explicou o processo de busca e a contribuição do CICV nesse trabalho no mundo.

Por sua vez, o professor William Mauricio Romero Arateco, antropólogo e arqueólogo forense da Procuradoria Geral da Nação (Colômbia), trouxe elementos técnicos do seu trabalho naquele país. A segunda parte do seminário foi de atividades para demostrar de forma prática o comportamento do solo em locais de enterro e suas estratificações e analisar o cenário da exumação.

"Sabemos que as causas dos desaparecimentos têm muitos fatores e, por isso, seus desdobramentos são os mais diversos. Um familiar de pessoa desaparecida sempre tem a esperança de encontrar seu ente com vida, mas sabemos que existem muitas pessoas falecidas sobre as custodias de Institutos Médicos Legais, hospitais, cemitérios e inumadas em locais não-oficiais que não estão identificadas ou que não tiveram seus familiares localizados", explica o assessor forense da Delegação do CICV no Brasil, Frederico Mamede.

"O programa Forense do CICV trabalha para a proteção dessas pessoas, porque, sem identificação, elas são potenciais pessoas desaparecidas para alguém. O CICV trabalha com as autoridades médico-legais forenses para reforçar os processos de identificação baseado em padrões internacionais já estabelecidos bem como na gestão de dados sobre as pessoas falecidas", acrescenta Mamede.

Painel sobre buscas de pessoas desaparecidas

Outra atividade desenvolvida pelo CICV no evento foi a participação no Painel sobre a Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas, que contou também com a participação da coordenadora dos grupos de trabalho sobre a política nacional, Helena Ferraz, e a coordenadora da campanha de coleta de mostras de DNA dos familiares de pessoas desaparecidas, Laryssa Silva Andrade Bezerra.

A colaboração do CICV com a InterForensics ocorre desde sua segunda edição, em 2019, com a promoção de cursos e palestras centrados nas ações humanitárias para a proteção de pessoas falecidas e seus familiares.

Centenas de profissionais das Polícias Científicas do Brasil, além de conferencistas de outros países, participaram do forum organizado pela Academia Brasileira de Ciências Forenses (ABCF) com o apoio da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF).

O CICV é uma organização humanitária que conta com uma equipe multidisciplinar para seu trabalho na área das pessoas desaparecidas, o que permite oferecer assessoria técnica às autoridades e apoio às famílias com entes queridos desaparecidos desde uma perspectiva abrangente que inclui, mas não se limita, à area forense. Ao apoiar atividades nesse âmbito, a instituição colabora com as autoridades médico-legais para reforçar de maneira sustentável a capacidade forense local e seu papel nos mecanismos de buscas de pessoas desaparecidas. O CICV também apoia as autoridades no sentido de garantir que as melhores práticas forenses, segundo os padrões internacionais, sejam respeitadas.