Brasil: Em parceria com CICV, ESP/CE projeta formações para profissionais da saúde
O crescimento desordenado da população mundial, sobretudo nos grandes centros urbanos, tende a ser caracterizado pela dificuldade de absorção desse contingente populacional e o provável aumento da violência armada. Essa é uma transformação que afeta diretamente a prestação dos serviços públicos essenciais, como aqueles relacionados à área da Saúde.
Alinhada a essa preocupação, a Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE), vinculada à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), realizará a oferta de formações na área da saúde em parceria com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). Pelo acordo que será estabelecido entre as instituições, estão previstas ainda para 2022 a oferta do curso online em Comportamentos Mais Seguros e uma capacitação na área da Saúde Mental e Apoio Psicossocial.
A ideia das capacitações é desenvolver as expertises dos participantes a fim de que eles possam produzir respostas mais eficazes e ágeis nos fluxos e protocolos das suas rotinas de trabalho.
Ambas as formações utilizam metodologias adaptadas pelo comitê a fim de auxiliar instituições a mitigar e prevenir o impacto da violência armada de serviços essenciais, como Saúde, Educação e Assistência Social e a reduzir os riscos relacionados a esse tipo de problema para profissionais e população atendida.
"Tudo isso está alinhado à missão da ESP que é qualificar a força de trabalho e fortalecer o sistema de saúde. A proposta de se fazer uma intervenção de educação e fortalecimento para acesso da população e manutenção dos serviços de saúde está dentro do nosso escopo", reforçou o superintendente da ESP/CE, Marcelo Alcantara.
O chefe de escritório do CICV em Fortaleza, Mario Guttilla, explica que o Comitê, que atua em Fortaleza desde 2018, trabalha assistindo as pessoas afetadas pela violência armada, familiares de pessoas desaparecidas, pessoas deslocadas e pessoas privadas de liberdade e colaborando com as autoridades e instituições estaduais e municipais para fortalecer os mecanismos de respostas às vítimas desse tipo de violência. "Buscamos encontrar essa sinergia com a missão da ESP, nos valendo do reconhecimento que ela tem na sociedade e buscando essa conexão com o trabalho com a saúde mental no contexto da violência armada", destacou.
Encaminhamentos
Na última semana, os assessores do CICV Elvis Posada Quiroga e Regislany Morais, estiveram reunidos com um grupo de gestores da ESP/CE para dar seguimento aos planos de trabalho e operacionalização das propostas de capacitação a serem implementadas este ano. A ideia é que as formações sejam ofertadas na modalidade à distância para profissionais e trabalhadores da saúde que atuam tanto em Fortaleza quanto nas demais cidades do Ceará. "Importante também que esses cursos sejam disponibilizados nos comitês de Educação Permanente do Estado, com acompanhamento e participação da ESP/CE, se possível", completou Marcelo Alcantara.
Impacto da violência armada
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) tem diferentes programas que atuam de maneira coordenada e transversal para apoiar a sociedade e o Estado brasileiro a enfrentar as consequências humanitárias da violência armada. Esse trabalho é feito em parcerias com instituições locais.
O programa de Saúde Mental e Apoio Psicossocial acompanha as instituições parceiras na criação e desenvolvimento de respostas que buscam mitigar as consequências psicológicas e psicossociais das pessoas afetadas pela violência armada.
Por sua vez, o programa Acesso Mais Seguro para Serviços Públicos Essenciais (AMS), foi criado pelo CICV como uma resposta do órgão às consequências da violência armada nas cidades brasileiras. A iniciativa busca apoiar os serviços a reduzir, mitigar e responder às consequências da exposição da população e dos profissionais a contextos de violência armada, ampliando o acesso a serviços públicos essenciais como Saúde, Educação e Assistência Social em regiões de vulnerabilidade social.
Como parte do conjunto de ações desenvolvidas pelo CICV, a metodologia Comportamentos Mais Seguros (CMS) busca apoiar instituições públicas que desejam implementar estratégias de gestão de riscos para responder às consequências da violência armada que impactam a prestação de serviços públicos essenciais e dificultam o alcance dos objetivos institucionais.
O CICV iniciou seu trabalho no Ceará em 2018, reunindo ações junto à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) e a Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza. Atualmente, o órgão desenvolve trabalho colaborativo junto às autoridades do Ceará sobre as condições de detenção e o tratamento das pessoas privadas de liberdade, assim como a busca, a localização e a identificação de pessoas desaparecidas e as ações destinadas a atender às necessidades dos familiares, entre outras áreas de atuação, como o deslocamento interno.
Texto e foto por Daniel Araújo ESP/CE
Conteúdo original em esp.ce.gov.br.